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Muito se fala sobre o declínio dos valores éticos nas sociedades contemporâneas em pequenas ações cotidianas. Se isso é mesmo uma verdade, a ausência de compromisso ético se faz notar, também, em outras instâncias da vida, como na política e, até mesmo, nas situações em que estamos mais de bem com a vida, como quando estamos em férias.
Que tipo de viajante ou turista você é? Você deixa rastros por onde passa? Que tipo de impacto social e ambiental você perpetua? Por justamente estar despreocupada durante as férias, muita gente não se faz esse tipo de questionamento, sobretudo, porque, em breve, não estará mais ali. Mas quem vive no lugar que o acolheu estará – e o próprio lugar.
Muitas pessoas, por exemplo, vão para países como a Tailândia para conhecer santuários ecológicos, onde tiram fotos de tigres, elefantes e outros animais selvagens, ou vão para parques aquáticos para nadar com golfinhos.
Abraçar felinos, montar elefantes e dar comida a animais selvagens não fazem de você uma pessoa legal ou melhor para o mundo. Pelo contrário, tais atitudes impactam na saúde desses animais, que são explorados para virarem atração turística.
Será possível ver a beleza de animais selvagens sem perturbá-los? Circos e zoológicos não são os lugares mais éticos para ver animais selvagens, pelo sofrimento imputados a esses bichos em tais locais. Os animais existem na natureza não para nos divertir.
Muitos países, inclusive, já proibiram o circo. Portugal foi mais um país a entrar nessa lista no fim do ano passado, ao aprovar uma lei que proíbe a utilização de animais selvagens em circos. Mais de 1.100 animais de 40 espécies serão transferidos para refúgios até 2024, informa o G1.
Mas existem santuários considerados éticos. De acordo com a World Ethical Animal Sanctuary Protection International, um santuário ético é um lugar onde vivem os animais em reabilitação contra abusos físicos e psicológicos. Nesses locais, é possível fazer passeios educativos sem contato com os animais.
Como avaliar se um santuário é ético e não ser enganado?
Há alguns padrões que podem ser observados para que você possa visitar esses santuários.
Existem órgãos que garantem que os santuários de animais cumprem e seguem determinados critérios rigorosos específicos, segundo o site MIC. A principal organização certificadora é a Federação Global de Santuários de Animais (GFAS), de acordo com Delcianna Winders, VP e vice-conselheira geral da The Fundação PETA. “É o padrão-ouro dos organismos de credenciamento”, informa ela. “Eles têm uma série de requisitos que devem ser atendidos. É uma maneira fácil e boa de verificar se um santuário é ético”.
É verdade que esses animais encontram-se em cativeiro, mas isso não significa que eles não tenham as mesmas necessidades físicas e emocionais dos seus parentes que estão livres. Elefantes, ursos e gatos grandes necessitam de bastante espaço para vagar horizontalmente; já os primatas precisam de muito espaço vertical.
Averigue se no santuário há árvores, lagos, plantas e outros animais selvagens que imitam o arranjo de um habitat natural.
Certifique-se, também, de que os animais estão na companhia de outros de sua espécie.
Você certamente pode viver sem aquela foto de um coala fofo no seu ombro. De fato, qualquer tipo de interação física é totalmente desnecessária – e até prejudicial – se os animais tiverem companheirismo dentro de sua própria espécie. “Eles devem ser autorizados a ser eles mesmos, tanto quanto eles seriam na natureza”, afirma Winders.
Isso não quer dizer que todo contato com animais é problemático. Quando se trata de gatos domesticados – o tipo que você tem como animal de estimação – a interação é perfeita na maioria dos casos. Ao longo de milhares de anos, as interações humanas realmente alteraram a genética de um gato para poder viver confortavelmente em um ambiente doméstico. “Eles são programados depois de tantos anos para interagir com humanos”, explica a vice-conselheira.
Mas para muitos animais, a melhor coisa é manter as mãos afastadas. Em uma situação ideal, Wenders diz que há santuários com webcams instaladas para que os visitantes possam observar os animais de longe. Isso alcança dois objetivos: permite que os animais se sintam seguros e confortáveis e dá a oportunidade aos visitantes de testemunhá-los comportando-se de forma autêntica.
“[Tirar fotos] também é uma questão de bem-estar para o animal”, explica, ainda, Winders. “Esses tipos de imagens nas redes sociais levam as pessoas a acreditar que as espécies estão indo bem e faz com que as pessoas doem menos dinheiro. E isso prejudica os esforços de conservação”.
A maioria das interações com animações em cativeiro que você está acostumado a ver, inclusive em filmes, é considerada antiética. O GFAS tem credenciados mais de 150 santuários em todo o mundo. O MIC organizou uma lista com alguns de seus favoritos, os quais valem uma viagem.
Abrangendo dois santuários, a Animals Asia resgata principalmente ursos que foram vítimas da indústria biliar. Na China e no Vietnã, os ursos ficam em pequenos compartimentos para que a bile possa ser extraída de seus corpos através de um tubo, para ser vendida como remédio para a Medicina Tradicional Chinesa.
Lá elefantes africanos e asiáticos, ursos, primatas e grandes felinos recebem cuidados, após terem sido explorados como adereços em filmes, televisão e circo.
Se voce adora elefantes, que tal conhecer o maior refúgio de elefantes na América do Norte? No The Elephant Sanctuary vivem 27 elefantes que vagam livremente por mais de 2.700 acres de terra. Eles nunca estão na vizinhança imediata de turistas ou veterinários. Mas é possível avistá-los e até, dependendo da hora do dia, capturar imagens ao vivo deles.
Agora você já sabe que não é tão legal assim tirar aquele selfie com um animal selvagem, e que você tem opções para ver e conhecer como eles vivem eticamente. Programe a viagem ideal para estar perto dos animais que você adora, respeitando-os.
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Categorias: Viajar
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