Exploração de mão de obra em frigoríficos para vender carne barata


Nós estamos “acostumados” com as notícias sobre exploração de mão de obra em fábricas de fast fashion: aquela roupa barata, aquela moda descartável que polui e explora pessoas.

Mas a novidade de hoje é a exploração de trabalhadores em frigoríficos.

Uma investigação do The Guardian revela que frigoríficos em toda a Europa estão subcontratando milhares de trabalhadores sob condições desiguais e ilegais. Os trabalhadores são migrantes, terceirizados, contratados por meio de falsas agências e cooperativas, para receberem salários entre 40% a 50% a menos do que os funcionários diretamente empregados nos mesmos frigoríficos.

A investigação levantou evidências plausíveis de um esquema de contratação de duas vias, uma com trabalhadores regulares e outra com trabalhadores hiperflexíveis, sujeitos a salários e condições abaixo do padrão, tudo para atender a demanda por carne barata.

“O sistema está doente em toda a Europa. Baseia-se nos preços baratos da carne, na exploração da mão-de-obra ”, disse Enrico Somaglia, vice-secretário-geral da Federação Europeia dos Sindicatos da Alimentação, Agricultura e Turismo. “Você tem trabalhadores lado a lado fazendo o mesmo trabalho, mas em condições diferentes.”

Escassez de um lado, exploração de outro

O que acontece na Europa é um paradoxo.

Como explica o Guardian, de um lado, trabalhadores que precisam trabalhar se sujeitam a horas de trabalho indefinidas, falso status de autônomo e nenhum plano de saúde, até porque muitas vezes são migrantes que não falam bem a língua local e não entendem dos contratos e dos direitos.

São pessoas de países como Romênia, Lituânia, Letônia, Polônia e Hungria, que puderam circular livremente dentro da União Europeia desde o seu alargamento em 2004, e se encontram em países como Holanda e Reino Unido onde há escassez de pessoal disposto a atrapalhar em frigoríficos.

A questão que se coloca é que a liberdade de circulação de pessoas foi mal utilizada, assim, empresas europeias se aproveitam da vulnerabilidade de pessoas de alguns países-membros para contratá-las com salários desiguais. E se algum desses novos países-membros começa a se desenvolver, a busca pela mão de obra se estende para onde há quem precise trabalhar, por exemplo  Ucrânia, Bielo-Rússia, Cazaquistão, Vietnã, Filipinas, Timor-Leste, Geórgia, Índia, China e Armênia.

Onde tiver gente necessitada há exploração. A necessidade coloca as próprias pessoas no balcão das promoções do capitalismo, quando o princípio do mesmo salário para o mesmo trabalho no mesmo lugar, deveria ser universal, senão, é exploração e preconceito.

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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