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Em um país onde os governantes tentam estabelecer relações de trabalho cada vez mais frágeis, como garantir o exercício seguro da profissão?
De acordo com o Observatório Digital de Segurança e Saúde do Trabalho, entre 2012 de 2018, 17.200 mortes foram decorrentes de acidentes de trabalho no Brasil. Isso significa que 1 trabalhador morre no exercício da profissão a cada 3 horas e 40 minutos, informa uma reportagem de Jonas Valente para a Agência Brasil.
Em uma análise comparativa anual, houve queda nos registros de mortes em ambiente de trabalho, desde 2015, mas ainda assim o número é alto.
As lesões mais comuns sofridas pelos trabalhadores são: corte e laceração, com 734 mil casos (21%); fraturas, com 610 mil casos (17,5%); contusão e esmagamento, com 547 mil (15,7%); distorção e tensão, com 321 mil (9,2%); e lesão imediata, com 285 mil (8,16%).
As áreas do corpo mais atingidas são: dedos (833 mil incidentes), pés (273 mil), mãos (254 mil), joelho (180 mil), partes múltiplas (152 mil) e articulação do tornozelo (135 mil).
As atividades laborais que mais ensejam acidentes de trabalho são: atendimento hospitalar (378 mil), comércio varejista, especialmente supermercados (142 mil), administração pública (119 mil), construção de edifícios (106 mil), transporte de cargas (100 mil) e correio (90 mil).
O ranking de profissões em que mais frequentemente trabalhadores se acidentam é liderado por: alimentador de linha de produção (192 mil), seguido de técnico de enfermagem (174 mil), faxineiro (109 mil), servente de obras (97 mil) e motorista de caminhão (84 mil).
Os homens são as principais vítimas de acidentes de trabalho, sobretudo na faixa entre 18 e 24 anos. Já entre as mulheres, as principais vítimas estão na faixa de 30 a 34 anos.
Os acidentes de trabalho por distribuição geográfica estão localizados em: São Paulo (1,3 milhão), Minas Gerais (353 mil), Rio Grande do Sul (278 mil), Rio de Janeiro (271 mil), Paraná (269 mil) e Santa Catarina (185 mil).
As consequências dos acidentes de trabalho afetam a saúde do trabalhador, a sua renda e a economia do país. O período monitorado pelo Observatório constatou que 351 milhões de dias de trabalho foram anulados em decorrência dos afastamentos, o que significa um gasto de cerca de R$ 82 bilhões.
O coordenador nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho, do Ministério Público do Trabalho, Leonardo Mendonça, afirma que no Brasil ainda prevalece para o empresariado a preocupação com a produção, e não com a vida dos seus empregados.
Isso estaria entre as principais razões para que não haja o investimento necessário em segurança do trabalho no país. De acordo com o procurador:
“O ideal é ter um ambiente de trabalho organizado não apenas no sentido de um local limpo, mas saudável, que não seja propenso a adoecimentos”.
A saúde do trabalho envolve o bem-estar físico e, também, mental do trabalhador. São vários os investimentos que devem ser feitos para garantir tais condições, desde investimentos em itens de segurança, preparação conjunta das empresas em formação de profissionais para ocupar cargos de chefia, etc.
Foi lançada, em abril, a Campanha de Prevenção a Acidentes de Trabalho (Canpat 2019), a partir de uma iniciativa do governo federal, Ministério Público do Trabalho e entidades patronais e de empregadores com a finalidade de alertar para o problema e sensibilizar os empregadores e trabalhadores a construírem ambientes mais saudáveis.
Entretanto, sabemos que na realidade essa conscientização tem se tornado a cada dia mais árdua, sobretudo, após a aprovação da reforma trabalhista, em 2017, trazendo um rol de inseguranças para o trabalhador.
De qualquer maneira, mais do que nunca é hora de os trabalhadores se unirem para ainda fazerem valer os direitos que ainda lhes restam, lutarem por mais e construírem um ambiente de trabalho salutar.
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Categorias: Trabalho e Escritório, Viver
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