187 empregadores estão na lista suja do trabalho escravo, entre estes, marcas famosas


A “lista suja” do trabalho escravo foi atualizada no último dia 03 e nela constam mais 48 empregadores, totalizando 187 atualmente. Dentre eles, marcas famosas como Animale, e a Fazenda Cedro II, fornecedora de café da Nespresso e da Starbucks, entraram para essa lista e tentaram dar explicações sobre essa constatação.

De acordo com o Artigo 149 do Código Penal Brasileiro, o trabalho escravo é caracterizado por trabalho forçado em que a pessoa é impedida de deixar o local de trabalho, em condições degradantes, jornadas exaustivas e quando a pessoa é forçada a contrair uma dívida sendo obrigada a trabalhar para pagá-la.

A “lista suja” é o nome dado ao Cadastro de Empregadores que submeteram trabalhadores às condições análogas à escravidão. É um mecanismo público de transparência que divulga o nome de pessoas físicas e jurídicas flagrados praticando esse crime.

Marcas “sujas” famosas

O Ministério da Economia, divulgou na última quarta-feira, 03, a nova lista que inclui 48 novos empregadores, compondo um total de 187, com os que já constavam nela. A famosa marca de roupas de luxo Animale entrou nessa lista, pois subcontratou imigrantes bolivianos, submetendo-os a jornadas de mais de 12 horas por dia.

A descoberta foi feita em dezembro de 2017 e a empresa diz não concordar com essa denúncia, pois essa contratação foi feita por um fornecedor da marca, sem o consentimento dela. A Animale informou ainda que tomou as medidas cabíveis para fiscalizar melhor a sua produção.

Outra grande empresa que entrou para essa lista foi a Fazenda Cedro II, que comercializa o Café Cedro, ostentando selos de boas práticas de certificação internacional. A marca é responsável pelo fornecimento de café para empresas famosas como a Nespresso, Starbucks e Rainforest Alliance. Essas empresas disseram que irão suspender as aquisições até que a situação seja esclarecida.

Outro ramo de empresas que entrou para a “lista suja” foi o de serviços domésticos e babás. A Work Global Brasil e a Serviço de Domésticas e Babás Internacionais entraram no cadastro, pois submetiam imigrantes filipinas a condições de escravidão, em São Paulo.

Uma dessas trabalhadoras relatou que precisou comer comida de cachorro, pois sua patroa não a deixava comer quando sentia fome. Essa e outras situações fizeram com que ela e outras empregadas domésticas e babás fossem parar no hospital, por sentirem tontura e vomitarem, devido à má alimentação e ao trabalho exaustivo.

Muitas dessas trabalhadoras eram obrigadas a trabalhar das 6h às 22h, sem dia de folga. A empresa denunciada nesse caso foi a Global Talent, especializada na contratação de domésticas estrangeiras e foi condenada a pagar R$ 2,8 milhões por tráfico de pessoas para a exploração de trabalho e omissão de trabalho escravo.

A lista de observação

A “lista suja” foi criada em novembro de 2003, pelo governo federal e as 48 empresas que entraram na lista atualmente, foram fiscalizadas entre 2014 e 2018. Os empregadores envolvidos devem permanecer nesse cadastro por dois anos, mas caso façam algum acordo com o governo, o nome fica em uma “lista de observação” por um ano.

Após esses prazos, se cumprirem todos os compromissos exigidos por lei, essas empresas poderão ter o nome retirado da lista.

A “lista suja” é consultada por empresas brasileiras e internacionais que evitam fechar negócio com os empregadores que constam nela.

Para ver todas as empresas que estão na lista atualizada clique aqui.

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Eliane A Oliveira

Formada em Administração de Empresas e apaixonada pela arte de escrever, criou o blog Metamorfose Ambulante e escreve para greenMe desde 2018.


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