Foi no dia 20 de fevereiro que deu-se início ao pesadelo do coronavírus na Itália, quando o paciente número 1 foi descoberto na província de Codogno, Lombardia, norte do país, região mais atingida pela Covid-19. De Codogno, o vírus se espalhou pela província de Bérgamo, hoje a cidade mais atingida, de onde carros do exército “desfilam” cadáveres, transportando-os para as regiões vizinhas, por falta de lugar onde colocá-los.
O que aconteceu em Bérgamo para que o vírus se espalhasse de maneira tão rápida e agressiva?
Segundo o Il Fatto Quotidiano, no dia 4 de abril a região pediu ao governo de estender as medidas restritivas da zona então mais atingida, Lodi, sempre em Lombardia, ampliando a assim chamada zona vermelha, com quarentena obrigatória, tudo fechado, ninguém entra ninguém sai. Mas o governo ficou pensando porque Bérgamo é uma cidade industrial e o seu fechamento significaria muita perda econômica, perda claro, temida pelos industriais locais que fizeram pressão e continuam fazendo.
Em face ao que está acontecendo hoje (embora o crescimento no número de infectados e de mortos ontem tenha sido menor que o de anteontem) o governo decidiu restringir ainda mais o cerco e prometeu fechar toda atividade que não fosse essencial (alimentação e medicamentos em linha geral).
Aconteceu que ontem, quando o governo publicou o decreto com a lista das empresas liberadas para trabalhar, viu-se um monte de setor não essencial liberado para dar continuidade ao funcionar da máquina capitalista.
O decreto tinha um claro objetivo: o de colocar em segurança os trabalhadores em risco de contágio nas fábricas, como escreveu o Huffingtonpost Italia, tentando evitar que a história de Bérgamo se repetisse em outras regiões.
Os sindacatos ao lerem o decreto pedem modificação da lista onde se vê ainda muito setor industrial aberto.
A greve é uma atitude de reprovação a um governo que, segundo muitos italianos, não soube lidar com a emergência sanitária do Coronavírus desde o começo da crise.
Segundo a Ansa, no setor aeroespacial muitos trabalhadores começaram com a greve hoje mesmo e já tem greve marcada nesta quarta-feira pelos metalúrgicos na Lombardia. A decisão “foi tomada para considerar a Lombardia uma região onde são necessárias medidas mais restritivas para as atividades a serem deixadas em aberto”.
Por outro lado, os industriais gritam: não se pode fechar tudo e advertem para a crise econômica que vem aí:
“Com este decreto põe-se uma questão que da emergência econômica nos faz entrar em uma economia de guerra”, avisa o presidente da Confindustria italiana, Vincenzo Boccia, depois do stop a todas as atividades econômicas não essenciais.
A questão quais atividades são consideradas essenciais pode até ser subjetiva. Medicamentos precisam de embalagens e alimentos precisam de muitos insumos para serem produzidos, uma coisa puxa a outra e cadeia produtiva não tem fim.
Enquanto isso, no Brasil, aqueles que podem, fazem isolamento voluntário, mas sem saber o quanto funciona não ir ao cinema tendo que ir ao trabalho ou estando em contato com aqueles que precisam sair para trabalhar.
Complicado.
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