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Uma investigação recente da BBC revelou que marcas de perfumes de luxo, como Lancôme e Aerin Beauty, estão envolvidas com o uso de trabalho infantil na colheita de jasmim. Este ingrediente essencial para perfumes como Idôle L’Intense e Ikat Jasmine é proveniente do Egito, responsável por cerca de metade da produção mundial de jasmim. A investigação, conduzida por Ahmed ElShamy e Natasha Cox, mostrou que crianças trabalham em condições precárias, colhendo jasmim durante a noite.
Basmalla, uma menina de 10 anos, é um dos muitos exemplos de crianças envolvidas nessa prática. Ela e seus irmãos colhem jasmim para ajudar a mãe, acordando às 3h da manhã para começar o trabalho antes que o calor do sol estrague as flores. A família de Basmalla vive abaixo da linha da pobreza, recebendo apenas uma fração do valor do jasmim colhido após pagar uma parte ao dono da terra. Basmalla sofre de uma grave alergia ocular, que pode comprometer sua visão se continuar a trabalhar nas plantações.
A investigação da BBC destacou falhas profundas nos sistemas de auditoria das indústrias de perfume. Empresas como a L’Oréal e a Estée Lauder, que afirmam ter tolerância zero com o trabalho infantil, dependem de auditorias terceirizadas que muitas vezes não verificam adequadamente as condições nas fazendas de jasmim. Relatórios de auditoria mostraram que as visitas eram previamente anunciadas e não incluíam as fazendas de pequeno porte, onde o trabalho infantil é mais prevalente.
Os colhedores independentes, melhor dizendo: precários, recebem valores ínfimos, tipo US$ 1,50 por 1,5 kg de flores de jasmim colhidas durante uma noite de trabalho. O valor é extremamente injusto em comparação ao preço dos perfumes vendidos internacionalmente. A desigualdade social força muitas famílias a envolverem suas crianças no trabalho, perpetuando um ciclo de pobreza e exploração.
Após a divulgação das investigações, tanto a L’Oréal quanto a Estée Lauder reafirmaram seus compromissos com os direitos humanos e declararam que tomariam medidas para resolver a situação. É claro que, como consumidor, você pode boicotar certas marcas e comprar produtos somente depois de averiguar se são éticos em suas práticas, embora isso seja difícil de determinar na intrincada rede de produção terceirizada.
No entanto, a responsabilidade não deve recair somente, ou principalmente, sobre os consumidores. As empresas precisam implementar mudanças em suas práticas de fornecimento e se engajarem em políticas mais justas, enquanto os governos devem legislar e fiscalizar para garantir que não seja possível vender artigos supérfluos e de luxo a preços exorbitantes, produzidos com trabalho infantil, explorando a necessidade humana e aumentando a desigualdade social.
Leia aqui a reportagem completa da BBC
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Categorias: Sociedade
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