Por que não devemos julgar nossos pais, segundo Bert Hellinger


Vivemos em um mundo em que cada vez mais ocorrem relacionamentos doentios ou desarmônicos e, segundo Bert Hellinger, criador das Constelação Familiar, os problemas de relacionamentos podem ter origem no ato de julgar os pais.

Para Bert Hellinger, em vez de julgar os pais,  precisamos “tomar eles em nosso coração”, isto significa compreender que eles tiveram a história deles e cabe a nós nos lançarmos na vida para viver a nossa história, sem nos prender aos erros deles.

Levando todos estes aspectos em conta, este conteúdo traz esclarecimentos para entender mais sobre o que significam:

  • Não julgar os pais
  • Tomar a vida que os pais nos deram e seguir adiante
  • Fazer as pazes com os erros dos pais

Sobre Bert Hellinger

Antes de abordar os ensinamentos de Bert Hellinger é bom apresentá-lo para quem porventura não o conheça.

Bert Hellinger foi um psicoterapeuta alemão, criador da Constelação Familiar, um método psicoterapêutico que estuda os padrões de comportamento de grupos familiares através de suas gerações.

Bert Hellinger morreu no dia 19 de setembro de 2019, deixando inúmeros ensinamentos e reflexões sobre:

  • família
  • pais
  • filhos
  • amor
  • relacionamentos
  • vida

Saiba mais sobre Constelação Familiar em:

Agora que já sabe quem foi Bert Hellinger, veja a compreensão que ele nos deixou sobre nossa relação e problemas com os pais e como lidar melhor com essas questões.

A função da família

A família é nossa raiz, nossa base, por isso, quando em equilíbrio e harmonia, pode dar a força e estrutura para o indivíduo materializar os seus objetivos.

Caso essa base apresente distorções e desequilíbrios, o indivíduo tende a carregar e a manifestar tais padrões ao longo de sua existência, levando-os para suas relações.

A Constelação Familiar foi criada com a finalidade de entender os desequilíbrios familiares e fornecer ferramentas para superação destes problemas.

Uma dessas ferramentas consiste em representar as relações entre os membros da família de forma visual, tornando visível o sistema familiar como um todo. Tal representação pode ser feita através de pessoas, bonecos ou cartões.

Para ocorrer essa representação é formado um campo através da mentalização e recordação dos familiares pela pessoa constelada.

Nesse campo (energético), os representantes, através de seus movimentos (coordenado pelo constelador), trazem à tona os padrões e problemas vivenciados pelo constelado e sua família.

Fundamentos da Constelação Familiar

A existência de cada ser humano é influenciada por compromissos e pactos inconscientes em relação aos seus familiares.

Nesse contexto, o ser humano acaba assumindo padrões e problemas familiares, até de antepassados distantes, pois isto fica registrado energeticamente e espiritualmente no campo famliar, passando de geração para geração. Por isso, as famílias apresentam padrões que se repetem de pais para filhos, em uma incessante recorrência.

Existem problemas familiares que podem reverberar por muitas gerações, tais como:

  • culpa
  • segredos de família
  • vícios
  • roubos
  • traição
  • abandono
  • doença
  • assassinato
  • guerra
  • suícidios
  • aborto
  • separação
  • estupro
  • violência
  • discórdia
  • ódio
  • injustiça

Estes problemas podem se manifestar no campo familiar através de:

  • bloqueios emocionais
  • vazio existencial
  • doença físicas ou psicossomáticas
  • padrão de vida problemático
  • depressão
  • vontade de morrer
  • fracassos
  • escassez

Emaranhamentos familiares

A Constelação Familiar traz formas de identificar as causas dos problemas que a pessoa carrega, em virtude dos desequilíbrios familiares, e também aponta para as soluções.

Para poder identificar as causas é preciso constelar o problema e assim é possível trazer à tona os emaranhados psicológicos herdados do sistema familiar.

Emaranhados psicológicos ou emocionais são como teias criadas a partir do padrão familiar.

Se o campo familiar estiver em desequilíbrio, essa teia manterá os integrantes em um círculo energético e vibracional de dor e sofrimento.

Quando esses emaranhamentos são reconhecidos e percebidos vem a tomada de consciência.

Tomar consciência dos emaranhamentos familiares já é um passo adiante para a solução.

O pai, na visão da Constelação Familiar

Quando uma pessoa pensa em seu pai, ela acessa certos sentimentos ou sensações.

Pare e pense em seu pai, como se sente em relação a ele.

O que você sente em relação ao seu pai, provavelmente é semelhante a como se sente quando você precisa se afirmar e se projetar no mundo, por exemplo, quando tem necessidade de estabelecer limites e defender sua posição.

Pelo nível da alma, o pai representa a força que nos impulsiona na vida.

Se o pai não estava presente física ou emocionalmente, ou a mãe não permitiu que ele estivesse na vida do filho, isto pode vir a se tornar um bloqueio dificultando a pessoa de prosperar, ser confiante e lutar por seus objetivos.

Nesse caso, é comum o filho rejeitar, julgar e culpar o pai. E quando age dessa maneira, está excluindo a força do masculino em si.

Essa exclusão leva o filho a sentir um vazio, como se algo faltasse dentro dele. E esse vazio o leva ele preencher com coisas externas, como:

  • vício
  • diversão
  • consumismo
  • competição
  • materialismo
  • paixões

Para resgatar a força do pai, é preciso levá-lo ao coração, curar as feridas emocionais e integrá-lo, através de um processo interior profundo de reencontrá-lo, mesmo que seja somente de forma espiritual.

Ao fazer a jornada rumo ao reencontro com o pai, resgata-se a energia masculina e integra-se essa força que contribui para a realização pessoal.

Parar de julgar o pai e colocá-lo dentro do coração, trará os seguintes benefícios:

Superando das dificuldades existenciais

  • Poder de decisão
  • Saber impor limites
  • Ter mais clareza e discernimento
  • Organização e uso sábio da razão
  • Independência
  • Assertividade
  • Autoestima
  • Confiança
  • Coragem
  • Capacidade de empreender

Ao levar o pai para dentro do coração, recupera-se a coragem de lançar-se ao mundo e realizar conquistas pessoais e até coletivas.

A força do  pai nos habilita a encontrar nosso caminho de expansão interna e externa.

A mãe, de acordo com a Constelação Familiar

A mãe representa nutrição, cuidado, conforto e contribui para nossa conexão com a criação. Ela é o nosso primeiro contato com a existência. Por isso, a forma como nos relacionamos com ela, será a maneira que nos relacionamos com as outras pessoas.

Quando a pessoa, por alguma razão, não aceita a mãe e a rejeita, busca preencher essa falta em um parceiro afetivo por exemplo.

Aceitar a mãe, como ela é, corresponde a aceitar a vida tal como é. Tal atitude gera amadurecimento e crescimento.

Para aceitar a mãe, é preciso acolhê-la dentro do coração, conectar-se com ela internamente e desenvolver a gratidão por receber a vida neste plano terrestre através dela.

Ao tomar a mãe no coração, independente de como ela tenha sido e das falhas que tenha cometido, permitimos nos projetar na vida com mais amorosidade, receptividade, sensibilidade e criatividade, aspectos intrínsecos da força feminina.

Caso contrário, se a pessoa julgar e rejeitar a mãe, terá dificuldade de relacionar-se amorosamente e socialmente com as pessoas, podendo vir a se tornar emocionalmente indisponível, esquiva ou  comoutros problemas psicológicos.

Tomar os pais

Neste vídeo do seu canal, o constelador familiar Luiz Brites narra o trecho do Livro Amor do Espírito, de Bert Hellinger, que trata sobre “tomar os pais”, ou seja, honrar, compreender e aceitar pai e mãe:

Os pais representam o Portal da Vida

Honrar os pais é respeitar a humanidade deles e sermos gratos por eles terem sido o Portal da Vida para adentrarmos à essa existência.

Oração aos Antepassados – De Bert Hellinger

Para demonstrarmos a gratidão aos nossos pais podemos utilizar a oração abaixo, deixada por Bert Hellinger:

“Gratidão queridos pais, avós e demais ancestrais por terem tecido o meu caminho, imensa gratidão pela imensidão dos seus sonhos que, de alguma forma, são hoje a minha realidade.

A partir deste ponto e com muito amor, dou luz à tristeza que houve nas gerações passadas, dou luz à raiva, às partidas prematuras, aos nomes não ditos, aos destinos trágicos.

Dou luz à flecha que cortou caminhos e tornou a calçada mais fácil para nós.

Dou luz à alegria, às histórias repetidas várias vezes.

Dou luz ao não dito e aos segredos de família.

Dou luz às histórias de violência e ruptura entre casais, pais e filhos e entre irmãos e que seja o tempo e o amor que volte a unir.

Dou luz a todas as memórias de limitação e pobreza, a todas as crenças desestruturantes e negativas que permeiam o meu sistema familiar.

Aqui e agora semeio uma nova esperança, alegria, união, prosperidade, entrega, equilíbrio, ousadia, fé, força, superação, amor, amor e amor.

Que todas as gerações passadas e futuras sejam agora, neste instante, cobertas com um arco-íris de luzes que curam e restauram o corpo, a alma e todos os relacionamentos.

Que a força e a bênção de cada geração alcance sempre e inunde a geração seguinte.

Assim seja.

Assim, é”.

 

A finalidade da Vida, segundo Bert Hellinger

Este vídeo traz uma mensagem de Bert Hellinger sobre o significado e a finalidade da vida.

Essa bela mensagem é narrada pela jornalista e radialista Marcia Seixas (falecida em 2020), criadora do canal e páginas Maduras e Maravilhosas:

Segue também, por escrito, essa profunda reflexão:

“A vida te decepciona pra você parar de viver com ilusões e ver a realidade.

A vida destrói todo supérfluo até que reste somente o importante.

A vida não te deixa em paz para que deixe de culpar-se e aceite tudo como é.

A vida vai retirar o que você tem até você parar de reclamar e começar a agradecer.

A vida envia pessoas conflitantes pra te curar, pra você deixar de olhar pra fora e começar a refletir o que você é por dentro.

A vida permite que você caia de novo e de novo até que você decida aprender a lição.

A vida lhe tira do caminho e lhe apresenta encruzilhadas até que você pare de querer controlar tudo e flua como um rio.

A vida coloca seus inimigos na estrada até que você pare de reagir.

A vida te assusta e assustará quantas vezes for necessário até que você perca o medo e recupere sua fé.

A vida tira o seu amor verdadeiro. Ela não concede ou permite até que você pare de tentar comprá-lo.

A vida lhe distancia das pessoas que você ama até entender que não somos esse corpo, mas a alma que ele contém.

A vida ri de você muitas e muitas vezes até você parar de levar tudo tão a sério e ria de si mesmo.

A vida quebra você em tantas partes quantas forem necessárias para a luz penetrar em você.

A vida confronta você com rebeldes até que você pare de tentar controlar.

A vida repete a mesma mensagem, se for preciso, com gritos e tapas até você finalmente ouvir.

A vida envia raios e tempestades para acordá-lo.

A vida te humilha e por vezes te derrota de novo e de novo até que você decida deixar o seu ego morrer.

A vida lhe nega bens e grandezas até que pare de querer bens e grandeza e comece a servir.

A vida corta suas asas e poda suas raízes até que não precise de asas, nem raízes, mas apenas desapareça nas formas e seu ser voe.

A vida lhe nega milagres até que entenda que tudo, tudo é um milagre.

A vida encurta seu tempo pra você se apressar em aprender a viver.

A vida te ridiculariza até você se tornar nada, ninguém, para então tornar-se tudo.

A vida não te dá o que você quer, mas o que você precisa pra evoluir.

A vida te machuca e te atormenta até que você solte seus caprichos e birras e aprecie a respiração.

A vida te esconde tesouros até que você aprenda a sair para a vida a buscá-los.

A vida te nega Deus até você vê-lo em todos e em tudo.

A vida te acorda, te poda, te quebra, te desaponta, mas creia, isso é para que seu melhor se manifeste, até que só o amor permaneça em ti.”

Com essa profunda reflexão, fica o lembrete que, para estarmos bem relacionados com a vida, é preciso permitir que a ela flua, se movimente e se expresse através de nós, sem bloqueios, julgamentos ou medo.

A vida busca nos direcionar para o nosso melhor, mas precisamos estar a favor dela.

Fontes:

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Deise Aur

Professora, alfabetizadora, formada em História pela Universidade Santa Cecília, tem o blog A Vida nos Fala e escreve para greenMe desde 2017.


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