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A traição é um comportamento desleal que desencadeia um misto de sentimentos de raiva, tristeza, culpa, insegurança e medo, que podem causar um verdadeiro trauma emocional em quem se sente traído. Como se libertar de tamanha dor?
É difícil haver uma pessoa que nunca tenha sido traída na vida, pois a traição não ocorre apenas em relacionamentos amorosos. A traição pode acontecer em família, nas amizades, no trabalho… Sendo assim, a maioria das pessoas de alguma forma já teve, ou terá, que lidar com a traição e suas consequências.
O problema é que nem todas pessoas conseguem superar o ressentimento da traição e podem sofrer por toda a vida a dor deste ato.
Para evitar que isso aconteça, saiba com as informações a seguir que existem formas de superar uma traição.
Traição nada mais é que a quebra de um “contrato” que fere a confiança de uma ou mais partes dele. O contrato não precisa ser escrito nem falado. Pode ser tácito, ou seja, subentendido.
A traição é cruel, pois o contrato é sempre firmado entre partes conhecidas, nunca desconhecidas. E fere justamente por isso, porque vem de onde nunca se espera.
A traição envolve mentiras, dissimulações e desonestidades, dentro dos relacionamentos mais próximos ou íntimos. E tanto pior é, quando se revela nos momentos mais difíceis das relações.
Após serem alvos de traições, as pessoas se sentem injustiçadas, moralmente machucadas, revoltadas e com ódio por terem sido enganadas, ou não correspondidas, em seus sentimentos de amor e ou lealdade para com o outro.
Da traição advém também o sentimento de vingança, o que torna a pessoa ainda mais presa ao traidor. Por isso, é preciso entender o que é traição, o que a desencadeia e como se livrar da dor do engano.
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Quando se fala em traição, imediatamente vêm à tona os relacionamentos amorosos (namoro ou casamento). Mas não é só esse tipo de traição que existe.
Traição diz respeito à parcerias e relacionamentos com outras pessoas. Como exemplo:
Todos os tipos de traição causam sofrimento emocional, mas quando a traição vem de pessoas das quais precisamos ter confiança, ela pode causar traumas persistentes, como nos casos em que é preciso aceitar uma traição, porque dependemos do traidor para as nossas necessidades básicas.
Em 1991, a psicóloga Jennifer Freyd descreveu pela primeira vez o conceito que hoje conhecemos como Teoria do Trauma da Traição: é um trauma específico que acontece nas relações sociais onde a pessoa traída precisa manter um relacionamento com o traidor.
É claro, como dissemos no início, a traição dói porque vem de pessoas que conhecemos e confiamos, se não fosse assim, sequer seria traição.
Quando alguém de pouca importância nos trai, é simples, basta nos afastar dela e seguir a vida. Mas, quando o traidor é alguém que precisamos, e da qual se afastar não é possível, aí temos um trauma sendo criado.
Estamos falando dos casos de crianças, empregados, sócios, parentes e cônjuges que se veem na condição de ter que lidar e aceitar a possibilidade de futuras traições, algo que começa a ter grandes repercussões na vida, pois abaixa a autoestima, dificulta possibilidades de vínculos e abala todo o bem-estar emocional da pessoa traída.
Os primeiros relacionamentos de nossas vidas vêm da infância, da relação com nossos pais e ou cuidadores. Tais relacionamentos são fundamentais pois estabelecem as bases para os relacionamentos futuros. Quando esses laços são fortes e seguros, eles abrem caminho para relações de confiança e segurança. Ao contrário, vínculos inseguros geralmente nos levam a relacionamentos instáveis, desconfiáveis e ou problemáticos.
Não existe uma regra na qual crianças que não criaram vínculos de segurança com seus pais na infância, serão adultos adúlteros ou traidores. Nem tampouco que serão adultos problemáticos e inseguros. Mas uma boa relação de confiança entre pais e filhos formam uma base de respeito e confiança mútuos, que provavelmente vai repercutir em uma vida emocional saudável para o futuro.
Relações em geral têm um código implícito de confiança, um contrato cujas regras são morais (pessoais) e éticas (sociais), às quais de um modo ou de outro todos conhecemos através da história, da cultura e das leis. Embora, privadamente, possamos estabelecer entre as partes as normas das nossas relações.
Quando uma pessoa viola essas normas, ela trai os termos dos nossos contratos, podendo causar traumas difíceis de serem curados.
Nem toda traição é traumática, embora possa ser muito dolorosa. E nem todo trauma é igual e repercute da mesma maneira na vida das pessoas.
O trauma é proporcionalmente maior de acordo com a nossa própria expectativa de confiança. É mais aceitável (ou esperável) a traição de um sócio que a traição de um pai, de um irmão ou de um cônjuge. Mas a expectativa é sempre subjetiva, por isso a traição é sempre vivida de maneira mais ou menos traumática dependendo de cada um.
Alguns sintomas que evidenciam um trauma de traição e a necessidade de cura, podem ser:
Se estes sintomas se prolongam por muito tempo, é bom procurar ajuda.
Ninguém fica feliz quando é traído, mas a vida não pode parar por causa de uma traição.
Para se recuperar do trauma da traição e seus efeitos, é preciso compreender a causa e mudar a perspectiva em relação à traição.
Para isso acontecer, considere ss seguintes questões:
Reconheça a dor e o trauma, em vez de evitar e reprimir, porque só é possível tratar o que primeiro é identificado e reconhecido.
Quanto mais se revolta com a traição, mais intensos e duradouros serão a dor e o trauma. Nesse contexto, o trauma será continuamente alimentado e nunca acabará, tornando-se um bloqueio na vida do traído.
É preciso aceitar a traição (pacificar), por uma questão de sanidade mental e amor próprio.
Se tiver que romper ou continuar com a pessoa, que o faça sem remoer o ressentimento da traição.
Quando se pensa demais no traidor, aquele que foi traído se desloca de si e acaba perdendo o equilíbrio, usando sua energia vital para pensar no outro. Acaba vivendo preso ao passado, em vez de começar uma vida nova, cuidando mais de si e se abrindo para novas oportunidades que podem vir pela frente.
Outro efeito emocional da traição é o sentimento de culpa. A pessoa traída acaba achando que fez por merecer, que não deu a devida atenção, que errou, etc.
Também pode achar que foi pouco inteligente por não ter percebido a traição antes, tendo se deixado enganar por mais tempo.
Tais sentimentos só aumentam a baixo autoestima.
Uma maneira de parar de se culpar é entender que não temos o controle sobre os sentimentos, pensamentos e ações dos outros.
Focando na própria vida, depois de uma traição, a questão é perdoar ou não, pois o tempo não volta.
Aqueles que decidem perdoar, podem tentar seguir uma nova estrada onde a quebra de confiança será consertada e valorizada (como naquelas peças japonesas chamadas kintsugi).
Para os que decidem andar adiante, é preciso se desligar dos sentimentos de culpa por uma ação externa, a qual não se teve controle.
Porque uma pessoa traiu, não quer dizer que o mundo inteiro irá trair. Então, é preciso parar de generalizar e dar uma chance para novos relacionamentos. Até porque, o ser humano precisa se relacionar para ter maior qualidade de vida.
A traição pode ser usada de forma positiva como mola propulsora para cuidar mais de si e amar-se mais, pois quem não cuida de si e não se ama, está praticando traição contra si mesmo.
Se estiver difícil de enfrentar o problema sozinho, procure um psicólogo ou terapeuta para ajudar a superar o trauma decorrente da traição.
Neste vídeo do canal Nós da Questão o psicólogo Marcos Lacerda explica como superar o trauma da traição em uma relação amorosa.
As orientações que ele dá também podem se aplicadas em outros tipos de traições, adaptando a cada contexto:
Amar-se implica em superar aquilo que nos faz mal, como o trauma da traição.
Quando se passa a ver a traição com maior lucidez, é possível se libertar de seus efeitos nocivos.
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Categorias: Segredos para ser feliz
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