Ser sincero e o mais transparente possível é fundamental para o sucesso das relações.
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“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”, diz a raposa ao Pequeno Príncipe, na obra homônima de Antoine de Saint-Exupér, em uma das passagens mais citadas do livro. Estamos falando de responsabilidade afetiva. Mas até que ponto uma pessoa pode ser responsável pelo sentimento do outro?
Ter responsabilidade afetiva é ter consciência do desprazer em causar sofrimento a alguém. É ter isso como valor moral e agir eticamente através da sinceridade e da transparência para reduzir danos.
De certo, não somos obrigados a retribuir o amor do outro se não o sentirmos. Não somos obrigados a retribuir tampouco a amizade e outros sentimentos. O controle sobre o pensamento e o sentimento do outro é algo, de fato, fora da nossa capacidade humana.
Se não podemos entrar na cabeça das pessoas para que elas tenham ou não apreço por nós, como podemos falar sobre responsabilidade afetiva?
E é aí que entra uma grande discussão filosófica que engloba conceitos de amor, moral e ética. E para elucidarmos esses conceitos, vamos citar o querido Clóvis de Barros Filho, advogado e professor de ética da USP.
O professor ensina que moral é aquilo que fazemos sem que ninguém esteja nos vendo, ou seja, a moral é um conceito individual que responde ao que é certo ou errado para si mesmo. Já a ética é um conceito aberto, vivo, que tenta resolver problemas de relação entre duas ou mais pessoas.
A ética é, nas palavras do professor Clóvis, “a vitória da convivência sobre os interesses particulares”.
Em uma relação (amorosa, de amizade ou de trabalho que seja) a tua moral pode ser diferente da ética que você, tácita ou explicitamente, acordou com os outros.
Talvez o problema da falta da responsabilidade afetiva – que sentimos por aí com queixas do tipo “a pessoa não respeitou os meus sentimentos”, enquanto o outro tem na ponta da língua um “o que você sente por mim é problema teu” – tenha a ver com a nossa falta de conhecimento sobre alguns conceitos básicos da vida, tais quais: o que é amor, o que é ética e o que é moral.
A falta de transparência, a manipulação afetiva, os joguinhos de sedução (mostrar desinteresse ou mostrar um interesse exagerado e falso, só para conquistar).
São atitudes como não deixar claro o que se espera da pessoa ou de um relacionamento que configuram a irresponsabilidade afetiva. É o famoso “brincar com o sentimento alheio”.
Saiba mais:
O amor é um conceito vago que precisaria ser aprofundado para que não se sofra por ideias que se tenha sobre ele. Ocorre muitas vezes que não amamos o objeto do amor em si, mas a ideia que fizemos do objeto amado.
E a ideia que fizemos do outro tem muito a ver com a transparência, ou o cinismo, com o qual o outro se apresenta para nós.
É aí que mora a responsabilidade afetiva. Se é verdade que não somos responsáveis pelo o que os outros sentem por nós, é também verdade que muito do que os outros sentem, vem da ideia que passamos sobre nós a eles.
Dado que não é possível que alguém entre em nosso ser para sentir o que sentimos, e saber o que de fato somos, o que nos resta é ser o mais transparente possível nas relações, porque as pessoas se relacionam conosco através da ideia daquilo que elas fizeram de nós.
Apesar de não podermos controlar a ideia que fazem da gente, é preciso ter consciência de que o nosso comportamento é a matéria-prima que fornece a ideia do que somos às pessoas.
Portanto, bastaria ser sincero, transparente, para diminuir os danos nas relações. Diminuir, não evitar, porque relações humanas são complexas e exatamente por isso a transparência é fundamental para tentar reduzir os danos causados pelos disse-não-disse.
Contudo, muita gente não quer ser sincera, muita gente é ambígua propositadamente. Muita gente sente prazer em se vender de um jeito que não é para ganhar aplauso, confete e serpentina.
Ter responsabilidade afetiva é ter consciência do desprazer em causar sofrimento a alguém. É ter isso como valor moral e agir eticamente através da sinceridade para reduzir danos:
“A ética é a vitória da convivência sobre a canalhice”, ensina o professor Clóvis, “uma sociedade eticamente preparada deve estar preparada para enfrentar o canalha”.
E para finalizar, deixamos um trecho de uma palestra do professor para se aprofundar sobre os temas do amor, da ética e da moral, pois estas reflexões valem muito a pena para enfrentarmos esse momento de irresponsabilidade afetiva que, ao que parece, vem arruinando a humanidade.
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Categorias: Segredos para ser feliz
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