Toda família tem que enfrentar, ao longo do tempo, seja as suas normais fases “evolutivas” que situações críticas imprevistas. A capacidade de superar todas as dificuldades e fazer delas um tesouro, depende da sua modalidade de “funcionamento”, ou seja, do como as pessoas que fazem parte dela são percebidas, e atuam, dentro do núcleo familiar em relação a três dimensões: coesão, adaptabilidade e comunicação.
Um aspecto importante, naturalmente, é o vínculo emocional: o sentir-se próximo ou distante emocionalmente dos familiares, além do aspecto cognitivo que tem a ver com sentimento do “pertencer àquela família”, o que também inclui o respeito pelas fronteiras, tanto pessoais como de papeis.
Todos esses aspectos definem o nível de “coesão” familiar: quando é harmonioso e equilibrado, é possível sentir a família como um lugar seguro para se refugiar, encontrar apoio mesmo nos momentos mais difíceis, e onde cada um é respeitado em sua singularidade.
As possíveis nuances são infinitas e – de acordo com o modelo circumplexo de Olson – são colocadas ao longo de um continuum que vai desde o desimpedimento (dado por um baixo nível de coesão, ou seja, o vínculo emocional, o desejo de compartilhar emoções e afetos é baixo, as pessoas cuidam cada uma de si e, diante das dificuldades não enquadram uma estratégia comum) ao envolvimento (onde a coesão é muito alta e há uma tendência a não se respeitar as diferentes “fronteiras” internas. Este é o caso, por exemplo, de pais invasores que não deixam espaço para a autonomia dos filhos – aqui, o vínculo emocional é mais um cordão condicionante do que um espaço afetivo de liberdade e respeito).
Se a flexibilidade familiar é excessiva, a família não consegue estabelecer e reconhecer as regras internas, nem as práticas em comum que a distingue das outras famílias, e que são uma modalidade de funcionamento que a ajuda e a apoia em tempos de crise.
No extremo oposto, nas famílias com regras rígidas, intocáveis, imutáveis e indiscutíveis, a possibilidade de mudança não é sequer levada em consideração, mesmo quando situações críticas, novos eventos, tornam necessárias as mudanças.
A qualidade e o modo de comunicação familiar são condicionados pelos aspectos emocionais e de adaptabilidade que acabamos de mencionar (rigidez x flexibilidade excessiva).
As possibilidades de expressar necessidades, sentimentos, pensamentos, de maneira mais ou menos autêntica e empática, obviamente dependem sobretudo de como e de quanto o ambiente familiar é receptivo, capaz de ouvir e de acolher.
O que David R. Olson descobriu em sua pesquisa que envolveu cerca de 1200 famílias de diferentes “consistências” e ciclos de vida, talvez você possa imaginar:
Funcionam melhor e por mais tempo as famílias em que as pessoas se sentem conectadas, profundamente, mas não vinculadas. Cujos membros, juntos, sabem como fluir com a vida.
Categorias: Segredos para ser feliz, Viver
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