Conheça a Declaração dos Direitos Descansistas (Descansar é indispensável)


Já faz muito tempo que as mulheres se desdobram em jornadas de trabalho insanas, que incluem carreira, serviço doméstico, ser esposa e mãe. Com isso, as mulheres acabaram ficando exaustas. Nesse contexto, foi criada a Declaração dos Direitos Descansistas, focado principalmente nas mulheres.

Saiba mais com as informações a seguir.

Como surgiu a Declaração dos Direitos Descansistas?

Surgiu em consequência das muitas evidências comprovadas de que dormir, descansar e manter o estresse sob controle é fundamental para uma vida saudável.

Foi pensando na importância do descanso para a saúde física e mental que Thais Fabris, criadora da Agência 6510, e Maira Blasi, fundadora da Consultoria Subversiva, ambas pesquisadoras do universo do trabalho, criaram a Declaração dos Direitos Descansistas.

A finalidade desse movimento é promover o autocuidado e o bem-estar femininos, a igualdade de direitos e a dignidade das mulheres.

O desafio para alcançar esses propósitos é o de transcender crenças e condicionamentos criados com base em princípios distorcidos, oriundos do machismo e do mundo capitalista.

A Declaração dos Direitos Descansistas abre espaço para o debate sobre a necessidade do descanso salutar, principalmente para as mulheres que muitas vezes não têm tempo para si mesmas.

O que inspirou a Declaração dos Direitos Descansistas

A Declaração dos Direitos Descansistas foi inspirada em um projeto norte-americano chamado The Nap Ministry (Ministério do Cochilo), criado em 2016 por Triccia Hersey, uma escritora negra norte-americana e mãe solteira.

Ela pesquisou sobre o poder libertador do cochilo e do descanso, e passou a considerá-lo uma forma de resistência ao sistema vigente, que nos impele ao trabalho excessivo e à exploração.

Mulheres, as mais atingidas pela falta de descanso

Para tornar clara a necessidade do descanso feminino, a Declaração dos Direitos Descansistas tem como base, um relatório com dados que mostram como as mulheres são as mais atingidas por excesso de trabalho e falta de tempo.

Este relatório também destaca ações para mudar essa realidade e faz reivindicações que promovam mais descanso na jornada de trabalho das mulheres, como:

  • aumento da licença paternidade (para o pai dar suporte à esposa com o recém-nascido)
  • remuneração para o trabalho do cuidado (que envolve cuidar dos outros, mesmo sendo dona de casa)
  • fim da maternidade compulsória (concepção que sustenta que a mulher tem que ser mãe)
  • paridade salarial (igualdade salarial para ambos o sexos)
  • melhoria dos direitos das trabalhadoras domésticas (valorização das empregadas domésticas)

Em suma, a proposta desta Declaração é a mudança de mentalidade, valorizando a mulher e priorizando o seu descanso, como algo fundamental para o seu trabalho.

Sai de cena a ideia do excesso de produtividade e entra em pauta a necessidade de ter tempo para hobbies, lazer e merecido descanso, até para poder ter energia e disposição para as responsabilidades relativas à profissão.

Os prejuízos da falta de descanso

Segundo dados de 2022 da consultoria McKinsey, as mulheres são mais suscetíveis a sofrer com a Síndrome de Burnout por conta do excesso de trabalho.

Em 2021, 42% das mulheres relataram ter sofrido desse transtorno, contra 32% dos homens.

Além disso, elas dedicam 73% mais tempo que os homens às tarefas do cuidado.

A múltiplas responsabilidades femininas fazem com que as mulheres vivam em uma jornada de trabalho infinita, em que as tarefas domésticas, as atividades de cuidado com os familiares e a profissão. são envoltas pela pressão psicológica de ter que dar conta de tudo.

Além das mulheres, os negros

A Declaração dos Direitos Descansistas no Brasil, também abrange a necessidade da igualdade racial, já que as pessoas negras são mais exploradas, mesmo depois da abolição da escravidão.

Para se ter uma ideia, em 1890, 2 anos após a abolição, foi instituída a Lei de Vadiagem, que previa a condenação da pessoa que não estivesse exercitando profissão, ofício ou qualquer ocupação remunerada.

Esta lei afetou principalmente os negros recém libertos, coibindo momentos de lazer, pausas e descanso, associados à vagabundagem.

Como visto, a Declaração dos Direitos Descansistas também se aprofunda na cultura do trabalho e nos diversos tipos de exploração que vemos no Brasil.

Sugestões para incorporar mais descanso ao cotidiano

Além de apontar os problemas, a Declaração dos Direitos Descansistas traz soluções através de sugestões para descansar, enquanto lutamos pelo direito ao descanso.

Cada um pode encontrar um jeito de ter pausas, para se energizar, recuperar a força e ter mais disposição:

Chegou a vez de lutar pelos Direitos Descansistas

A partir de todo esse enfoque, agora é preciso olhar para os direitos descansistas como olhamos para os direitos trabalhistas.

Trabalho é importante, mas descanso é imprescindível!

Fontes:

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Deise Aur

Professora, alfabetizadora, formada em História pela Universidade Santa Cecília, tem o blog A Vida nos Fala e escreve para greenMe desde 2017.


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