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Doenças fúngicas invasivas e mortais, um problema pouco conhecido e pouco discutido. Falamos sempre da resistência bacteriana como uma grande ameaça à saúde global, mas doenças causadas por fungos, bem conhecidos por nós, podem ser surpreendentemente mortais.
Em vista disso, a Organização Mundial da Saúde, como resposta à crescente ameaça de doenças fúngicas invasivas, decidiu divulgar uma lista dos patógenos fúngicos mais perigosos. Não se trata de fungos venenosos, coloridos ou de cogumelos alucinógenos. São todos microscópicos e potencialmente mortais.
A lista da OMS divide os 19 patógenos fúngicos mais comuns em três níveis de prioridade (gravidade) com base em pesquisas e discussões com especialistas em micologia. O grupo mais perigoso, considerado o “grupo crítico”, contém apenas quatro patógenos fúngicos. São eles:
Causador da criptococose, doença também conhecida como Torulose, Doença de Busse-Buschke e Blastomicose Européia. O sintoma mais grave provocado por essa doença é a meningite.
Causador da doença infecciosa chamada aspergilose, cujos sintomas são tosse persistente com presença de catarro ou sangue, dificuldade ao respirar, dor no peito e febre acima de 38°C.
Causador do famoso sapinho e da candidíase
Considerado um “superfungo” por ser resistente aos medicamentos, causa infecções na corrente sanguínea, pode infectar o sistema respiratório, o sistema nervoso central, órgãos internos e a pele. O Brasil teve 3 surtos desse fungo espalhado em ambientes hospitalares.
O Candida auris já é um dos fungos mais temidos no mundo enquanto as infecções fúngicas estão crescendo e se tornando cada vez mais resistentes aos tratamentos, o que se traduz em um grande problema de saúde pública mundial.
“Os fungos são as doenças infecciosas ‘esquecidas’. Eles causam doenças devastadoras, mas foram negligenciados por tanto tempo que mal entendemos o tamanho do problema”, disse o Dr. Justin Beardsley, do Instituto de Doenças Infecciosas da Universidade de Sydney, em um comunicado.
Essa nova lista foi inspirada na Lista de Patógenos de Prioridade Bacteriana de 2017, que a OMS usou para ajudar a direcionar recursos para infecções bacterianas que eram as menos pesquisadas e representavam as maiores ameaças à saúde global.
Pertencentes a um reino todo deles, os fungos são seres interessantes. Alguns deles são comestíveis e a grande maioria dos fungos não causa danos às pessoas, ao contrário.
Mas, estima-se que das 150.000 espécies de fungos descritas, 200 delas são infecciosas e oportunistas, o que significa que vivemos ou convivemos com eles o tempo todo e sem grandes problemas, mas podem causar infecções sérias em pessoas com sistemas imunológicos debilitados.
Apesar do fato de que muitas dessas infecções fúngicas são relativamente banais, o relatório da OMS diz que a falta de dados nos impede de estimar a gravidade que essas doenças têm sobre a população global.
“Algumas das melhores estimativas dizem que pelo menos 1,5 milhão de mortes por ano são causadas por infecções fúngicas invasivas. Isso está na mesma ordem da malária. Mas as pessoas não pensam sobre doenças fúngicas da mesma maneira”, diz Michelle Momany, pesquisadora de fungos da Universidade da Geórgia.
O lançamento da lista vem a propósito de um número cada vez maior de doenças fúngicas invasivas, juntamente com o aumento da resistência fúngica.
“Emergindo das sombras da pandemia de resistência bacteriana aos antimicrobianos, as infecções fúngicas estão crescendo e são cada vez mais resistentes aos tratamentos, tornando-se um problema de saúde pública em todo o mundo”, diz Dr. Hanan Balkhy, Diretor Geral Adjunto de Resistência Antimicrobiana da OMS.
Para combater infecções fúngicas, classe de medicamentos antifúngicos chamados azólicos são os mais usados. Acontece que à medida que o uso desses medicamentos aumentou, os patógenos fúngicos invasivos se adaptaram e se tornaram resistentes a eles.
A fonte dessa resistência antifúngica pode ser parcialmente explicada pelo uso ambiental de antifúngicos.
“Um dos principais fungicidas usados para proteger as plantações de fungos é um azólico. Agora ficou bem claro que o uso agrícola está impulsionando parte da resistência clínica”, diz Michelle Momany.
Fontes:
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Categorias: Saúde e bem-estar
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