O que é Alexitimia? Causas e sintomas


Será que você conhece alguém mais frio que um iceberg que parece não se emocionar com nada, absolutamente nada? Alexitimia é um termo empregado no diagnóstico clínico de pessoas com acentuada dificuldade ou incapacidade de expressar emoções. A palavra significa “sem palavras para emoções“. Entenda:

O que é Alexitimia?

Alexitimia é um termo amplo usado para descrever problemas de expressão emocional. Deriva do grego: a = não, lexis = palavra e thymos = emoção, ou seja, significa “sem palavras para emoção”.

Denota uma perturbação neurológica no processamento das emoções, que envolve conexões entre o sistema límbico e cortéx pré-frontal, responsável pela organização dos dados em “categorias”, pelo raciocínio e linguagem.

Embora a condição não seja bem conhecida, estima-se que 1 em cada 7 pessoas a tenha.

Muitas vezes, é visto como um diagnóstico secundário em problemas ou transtornos mentais preexistentes, incluindo depressão e autismo. No entanto, isso não significa que todas as pessoas nessas condições tenham problemas para expressar e identificar emoções.

Segundo este estudo, as pessoas que têm alexitimia podem descrever-se como tendo dificuldades em expressar emoções consideradas socialmente apropriadas, como a felicidade em uma ocasião alegre. Outros podem, além disso, ter problemas para identificar emoções.

Quais são as causas da Alexitimia?

  • Genético: uma pesquisa feita com gêmeos idênticos indica que existe um componente genético na alexitimia. Dessa maneira, as pessoas são mais propensas a ter alexitimia se um parente próximo também tiver;
  • Fatores ambientais: o mesmo estudo também indica que fatores ambientais desempenham um papel na condição. Alguns exemplos incluem uma história de trauma na infância, a presença de uma condição de saúde física ou mental ou fatores socioeconômicos;
  • Lesão cerebral: pesquisas relatam que pessoas com lesões em uma parte do cérebro conhecida como ínsula anterior, experimentam grandes dificuldades de expressar emoções.

Autismo

Os sintomas do transtorno do espectro do autismo são amplos, mas ainda existem alguns estereótipos associados a essa condição.

Um grande estereótipo é a falta de empatia, algo que foi amplamente desmascarado. Ao mesmo tempo, algumas pesquisas indicam que até metade das pessoas com autismo também experimenta alexitimia. Em outras palavras, é a alexitimia que causa a falta de empatia, e não o próprio autismo.

Emoções e depressão

Também é possível perceber uma relação entre alexitimia e depressão, observada em transtornos depressivos maiores, no pós-parto, bem como na esquizofrenia.

Pesquisas indicam que entre 32% e 51% das pessoas com transtornos depressivos também têm alexitimia.

Traumas

Além disso, a alexitimia também foi observada em pessoas que sofreram algum tipo de trauma, especialmente durante a primeira infância. Trauma e negligência nesta fase podem causar mudanças no cérebro que podem dificultar sentir e identificar emoções mais tarde na vida.

Outras condições associadas

A pesquisa também indica que essa condição pode estar presente em certas doenças e lesões neurológicas.

São elas:

  • doença de Alzheimer;
  • distonia;
  • epilepsia;
  • doença de Huntington;
  • esclerose múltipla;
  • mal de Parkinson;
  • derrame;
  • traumatismo craniano.

Diagnóstico e tratamento para Alexitimia

Alexitimia não é oficialmente reconhecida pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) mas, pode ser diagnosticada por um profissional de saúde mental.

Existem dois testes que costumam ser utilizados como instrumentos no diagnóstico da alexitimia:

  1. TAS-20 (Toronto Alexithymia Scale);
  2. PIEN (Programa Integrado de Exploração Neuropsicológica – Teste de Barcelona).

Ambos avaliam funções cognitivas e, no caso da alexitimia, os principais critérios analisados são:

  • dificuldade para identificar e descrever sentimentos;
  • dificuldade para distinguir os sentimentos de sensações corporais decorrentes da atividade emocional;
  • processos imaginativos limitados e estilo cognitivo utilitário, baseado no concreto e orientado para o exterior, também conhecido como pensamento operacional.

Outro teste possível é uma ressonância magnética realizada por um neurologista que fornecerá imagens da ínsula no cérebro.

Até o momento, não existe um único tratamento individual para alexitimia. A abordagem exata do tratamento depende das necessidades gerais de saúde de cada um.

Terapias também podem ser extremamente úteis, como:

  • terapia cognitivo-comportamental (TCC);
  • terapia em grupo;
  • psicanálise;
  • psicoterapia (também conhecida como “terapia da conversa”).

A prática de teatro e a de utilizar cores e paisagens para assimilar sensações também são recursos importantes no tratamento e otimização da expressão de emoções das pessoas que têm essa desordem.

A leitura de romances, bons romances como os de Machado de Assis e Fiódor Dostoiévski, podem ajudar a entender as emoções (e a alma humana).

Características: Como é uma pessoa com Alexitimia?

Estudos indicam que aqueles que sofrem de alexitimia viveram os primeiros anos da infância em um núcleo familiar desajustado e frequentemente com a ausência da figura materna.

Por exemplo, nos primeiros anos de vida, ainda com um repertório limitado de vocabulário, ao expressar alguma emoção, seja de tristeza, alegria ou medo, a criança costuma receber a atenção de sua mãe com falas do tipo:

“Por que você está triste?

O que houve?

Como isto aconteceu?”

São essas experiências, aparentemente simples, as responsáveis por ampliar o repertório de memórias, possibilitando a compreensão e expressão das emoções em experiências futuras.

Na ausência desse cuidado durante seu desenvolvimento, a criança é privada de construir tais conexões, impossibilitando a identificação e expressão verbal de suas emoções.

Vale ressaltar que a alexitimia não impede a vivência das emoções, mas representa a incapacidade de reconhecer e expressar o que se sente, bem como a dificuldade de percepção do sentimento alheio.

Sintomas: Como saber se você tem Alexitimia?

Como uma condição marcada pela dificuldade de nomear sentimentos, pode ser difícil reconhecer os sintomas da alexitimia.

Como essa condição está associada à incapacidade de expressão emocional, uma pessoa afetada pode parecer fora de contato ou apática.

No entanto, pessoas com alexitimia podem experimentar os seguintes sintomas:

  • dificuldade em reconhecer e responder às emoções dos outros, incluindo tom de voz e expressões faciais;
  • falta de carinho;
  • superficialidade;
  • capacidade limitada de comunicar seus sentimentos;
  • falta de imaginação;
  • dificuldade para identificar os próprios sentimentos e emoções;
  • frieza;
  • comportamento egoísta;
  • insatisfação com a vida;
  • não conseguir lidar com o estresse;
  • irritabilidade;
  • raiva;
  • confusão
  • desconforto;
  • vazio;
  • aumento da frequência cardíaca;
  • pânico;
  • dificuldade na interpretação de mudanças corporais como respostas emocionais.

Quem tem alexitimia chora?

Sim! Apenas na presença da manifestação de lágrimas, aqueles que sofrem dessa perturbação costumam ser compreendidos por aqueles que os cercam sobre como estão se sentindo.

Qual a diferença entre alexitimia e psicopatia?

A alexitimia é muito confundida com a psicopatia, mas a diferença é que um psicopata é incapaz de sentir emoções, tais como as sentimos, enquanto que o alexitímico não consegue expressá-las.

Embora não seja inerentemente perigosa, essa condição pode levar a problemas interpessoais e de relacionamento.

Um passo possível para o reconhecimento emocional é começar a estar atento às suas próprias respostas fisiológicas, por exemplo, através da frequência cardíaca.

Observe se sua frequência cardíaca aumenta em determinadas situações e explore as possibilidades do porquê isso acontecer, pois as emoções são iminentemente físicas. Primeiramente são sentidas, depois racionalizadas.

Também é importante ter em mente que as emoções negativas são tão importantes quanto as positivas.

Aprender a identificar essas emoções e trabalhar com elas (não contra elas) pode ajudar a levar uma vida mais plena.

Saúde mental em primeiro lugar! Cuide de você e cuide dos seus.

Fonte:

  1. healthline
  2. Scielo.br
  3. Karger.com
  4. Neuropsychologia
  5. neuro.psychiatryonline.org
  6. maitehammoud.com.br
  7. vitat.com.br

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Lara Meneguelli


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