Microplástico encontrado pela 1ª vez nos pulmões de pessoas vivas


Será que essa notícia vai abalar depois de sabermos que microplástico já foi encontrado nas fezes e no sangue humano?

Estamos comendo, bebendo, respirando e vivendo as consequências do uso abusivo que fizemos desse produto que um dia foi revolucionário, e hoje é apenas uma praga ambiental. A maior de todas as pragas.

O estudo

Pela primeira vez, microplásticos foram descobertos no tecido pulmonar de humanos vivos. Até então, a substância já tinha sido encontrada em pulmões de pacientes falecidos e em outros órgãos, incluindo a placenta.

Análises de 13 amostras de tecido pulmonar encontraram 39 fragmentos de microplástico em 11 deles. A descoberta foi feita por uma equipe de pesquisadores britânicos da Hull School of Medicine juntamente com outros colaboradores.

Os 13 pacientes envolvidos na pesquisa consentiram a doação de tecidos pulmonares antes de serem submetidos a cirurgias. Os cientistas usaram a espectroscopia μFTIR, com limitação dimensional de 3 micrômetros para análise dos órgãos.

Os resultados

A pesquisa identificou 39 fragmentos microplásticos em 11 das 13 amostras analisadas.

Ao todo, foram identificados 12 tipos distintos de polímeros, entre os quais os mais abundantes foram

  • o polipropileno PP (23%),
  • o polietileno tereftalato PET (18%)
  • e a resina (15%).

Estes são polímeros usados na fabricação de embalagens, garrafas, selantes e outros produtos comuns.

Os materiais foram mormente encontrados na parte inferior dos pulmões, em locais muito mais profundas do que se poderia esperar. As dimensões também foram maiores do que o esperado.

Outro dado relevante foi que os únicos tecidos pulmonares isentos de microplásticos foram de mulheres. O motivo pode estar no tamanho dos pulmões. Homens têm pulmões e vias aéreas maiores, o que facilitaria a passagem de fragmentos plásticos.

A pesquisa “Detecção de microplásticos no tecido pulmonar humano usando espectroscopia μFTIR” foi publicada na revista científica Science of The Total Environment.

Estudo gráfico microplástico tecido pulmonar

Fonte imagem

Microplástico em todo lugar

Desesperador ainda que tenhamos em conta o pequeno número de participantes do estudo, o que significa que outros estudos serão necessário para confirmar a gravidade da questão.

Mas tá tudo dominado, pois, como sabemos, o microplástico já foi encontrado nos lugares mais remotos da Terra, em lugares considerados intocáveis.

E o pior, a sua descoberta no corpo humano está apenas começando, bem como os efeitos dessa profunda poluição para o meio ambiente e para a saúde de todos seres vivos da Terra.

Ainda tem solução?

Há pesquisadores que sustentam que a poluição por plástico no planeta já chegou ao ponto do não retorno, ou seja, não dá mais para voltar atrás.

O ruim de noticias tristes como esta é causar o efeito contrário e não abalar mais. Como notícias de violência, parece que estamos tão acostumados com atrocidades que, para abalar, é preciso uma atrocidade maior que a anterior.

Aonde mais será preciso encontrar microplástico para que os tomadores de decisão decidam   eliminar de maneira radical, urgente e o mais amplamente possível o microplástico de todos os meios de produção?

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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