Transtorno Dismórfico Corporal: o que é, sintomas, tratamento e prevenção


Você sabe o que é transtorno dismórfico corporal? Sabe aquele amigo que é compulsivo em se arrumar, que se olha sempre no espelho à procura de defeitos imaginários?

Pois é! O transtorno dismórfico corporal – TDC (body dysmorphic disorder, BDD na sigla em inglês) também é conhecido como síndrome da feiura imaginária ou como síndrome do medo do espelho.

O que é

Esse transtorno é um problema de saúde mental, no qual a pessoa vê feiura em si onde esta não existe, o que pode atrapalhar a sua capacidade de viver normalmente e, nos casos mais graves, pode levar ao suicídio.

Acomete homens e mulheres em semelhante proporção mas, com o passar dos anos as mulheres tendem a manter esse distúrbio por mais tempo.

No transtorno dismórfico corporal, a pessoa acha que alguma coisa no seu corpo é tão horrível que precisa ser escondida ou modificada. O “problema” pode estar na pele, cabelo, músculo, órgãos genitais, barriga, nariz, em qualquer lugar do corpo.

O TDC, no passado não era TDC, era chamado de dismorfofobia, que significava fobia de ser ou de se tornar deformado, defeituoso. A condição foi descrita pela primeira vez na literatura médica pelo psiquiatra italiano Enrico Morselli, em 1886.

No Brasil, foi o cirurgião plástico Ivo Pitanguy (1926-2016) o primeiro a descrever esse transtorno.

Hoje a condição é reconhecida pela Associação Americana de Psiquiatria desde 1980.

Redes sociais são um terreno fértil

Acredita-se que esse distúrbio atinja 1% da população mundial, 4,1 milhões de pessoas só no Brasil. Mas os números são subjetivos assim como o transtorno, dado que em tempos de redes sociais, filtros e cirurgias plásticas íntimas, o terreno está fértil para ser semeado.

Como pequenas e grandes cirúrgias plásticas estão cada vez mais se popularizando, as pessoas buscam por uma perfeição que não existe, fazem todo tipo de tratamento disponível para consertarem a si mesmas sem nunca chegarem a um resultado satisfatório.

O mix de exposição nas redes, propaganda enganosa e facilidade de intervenção estética ou cirúrgica, abre o terreno para esse transtorno. É preciso ficar atento!

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As causas e os fatores de risco do Transtorno Dismórfico Corporal

Acredita-se que a causa do Transtorno Dismórfico Corporal seja uma combinação de fatores

  • ambientais;
  • sociais;
  • psicológicos;
  • e biológicos.

Bulismo, traumas e ou provocações na infância podem criar ou piorar o caso. Tudo o que afeta a autoestima da pessoa, pode contribuir para que ela tenha percepções distorcidas sobre a sua aparência física.

Fatores de risco para o transtorno dismórfico corporal

Ninguém sabe as causas exatas do TDC. Os sintomas geralmente começam na adolescência.

Segundo os especialistas, cerca de uma em cada 100 pessoas tem TDC.

Alguns fatores que podem contribuir para o TDC são:

  • histórico familiar de TDC ou um transtorno mental semelhante;
  • níveis anormais de substâncias químicas cerebrais;
  • tipo de personalidade;
  • experiências de vida.

Sintomas do Transtorno Dismórfico Corporal

Os sintomas do TDC incluem:

  • verificar-se constantemente no espelho;
  • evitar espelhos;
  • tentar esconder partes do corpo com roupas ou maquiagem;
  • exercitar-se ou se arrumar descontroladamente;
  • comparar-se com os outros constantemente;
  • sempre perguntar a outras pessoas se você está bem;
  • não acreditar em outras pessoas quando dizem que você está bem;
  • evitar atividades sociais;
  • não sair de casa, especialmente durante o dia;
  • ver programas sobre plásticas e mudança de aparência;
  • fazer cirurgias plásticas desnecessárias;
  • ter mania de pegar a pele com os dedos ou pinças;
  • sentir-se ansioso, deprimido e envergonhado.

Como o Transtorno Dismórfico Corporal é diagnosticado?

Somente um profissional de saúde pode diagnosticar esse transtorno. Geralmente, os primeiros sinais não são notados por psicólogos ou psiquiatras, e sim por dermatologistas e cirurgiões plásticos quando atendem pacientes que buscam resolver problemas físicos inexistentes.

Amigos, colegas de trabalho e parentes também podem ser os primeiros a notar que alguma coisa de errada está acontecendo pois, quem possui este transtorno, costuma ficar preocupado de forma exagerada com uma falha corporal mínima ou inexistente.

Os pensamentos do paciente sobre as falha em seu corpo são tão graves que podem interferir na capacidade de viver normalmente. A pessoa passa horas perdendo tempo se arrumando e às vezes acaba não saindo de casa.

Existem outros distúrbios de saúde mental que são comuns em pessoas com TDC, como:

Tratamentos

O tratamento para o TDC pode incluir terapia ou medicamentos. É preciso consultar um especialista no assunto.

De acordo com os médicos, a terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma terapia de conversação muito eficaz.

A terapia de reversão de hábito é utilizada para diminuir as atividades repetitivas de cutucar a pele ou arrancar os cabelos/pelos que as pessoas com transtorno dismórfico corporal podem fazer.

O tratamento com determinados antidepressivos (especificamente os inibidores seletivos de recaptação da serotonina ou a clomipramina (um antidepressivo tricíclico) também pode ser indicado.

Opte sempre por usar medicamentos em último caso, se for excepcionalmente necessário.

Procure um terapeuta.

Como prevenir o Transtorno Dismórfico Corporal?

A melhor maneira de evitar que o TDC se torne um problema sério é detectá-lo o mais rápido possível, pois ele tende a piorar com o passar do tempo.

A cirurgia plástica não é a melhor solução para corrigir uma falha corporal e não ajuda em muita coisa. O problema, na maioria dos casos, está na mente da pessoa.

Assim, a tendência de uma pessoa com TDC é corrigir um “problema” estético e encontrar outros dois em seguida. O ciclo vicioso se instaura e a pessoa nunca se contenta.

É importante seguir as recomendações do médico. O fato é que o tratamento para o TDC não é tão simples, exige resistência e pode demorar a ser solucionado.

O transtorno dismórfico corporal é um transtorno de saúde mental e a terapia, para todos, desde cedo, é um tratamento que ajuda nas situações complicadas da vida, sejam elas crises, síndromes ou distúrbios.

Se não for tratado, o TDC pode levar a depressão grave, ao autoflagelo e a pensamentos extremamente negativos e perigosos.

Aproximadamente 80% das pessoas com Transtorno Dismórfico Corporal apresentam ideação suicida em algum momento e entre 25% e 30% cometem tentativa de suicídio.

Repare nos pré-adolescentes e nos adolescentes, qual é a relação deles com seus próprios corpos? Vamos evitar esse distúrbio pois hoje, a verdadeira beleza é ter saúde mental.

Curiosidades e casos famosos

Michael Jackson é talvez o caso mais famoso e emblemático sobre transtorno dismórfico corporal. Ele simplesmente branqueou a pele, afinou o nariz e virou outra pessoa. Não que esse distúrbio tenha sido diagnosticado nele, mas tudo leva a crer que Michael, infelizmente, sofria de TDC.

E não são poucos os casos de famosos que, apesar de lindos e maravilhosos, sempre acham um pelo no ovo da beleza deles.

Alguns exemplos que são apenas hipóteses, apenas para elucidar:

Angelina Jolie: Não sabemos que se Angelina se acha gorda, se tem anorexia, TDC ou nada disso. Fato é que sua magreza é desconcertante.

O ator inglês Robert Pattison (do Crepúsculo) disse que sentir vergonha do corpo o motivou a malhar para ter coragem de tirar a blusa em Batman.

Franz Kafka: acredita-se que o autor de A Metamorfose, O Processo e outros clássicos da literatura mundial, sendo ele um dos escritores mais influentes do século XX, sofria de TDC considerando a maneira absurdamente desprezível com que se referia fisicamente a si mesmo: “tinha pavor de espelhos porque eles refletiam uma feiura inescapável”.

As Barbies e os Ken humanos: Barbies e Kens são pessoas que tanto fizeram para virarem perfeitas que acabaram, ao contrário, se deformando totalmente. O fenômeno ocorre no mundo inteiro, tem a Barbie brasileira, americana e sabe-se lá em quais outros países. Provavelmente no mundo todo, só não são famosas.

É muito importante falar sobre esse assunto porque as pessoas não percebem. Elas vão devagar encontrando defeitos que não são defeitos, corrigindo o incorrigível até ficarem doentes de mente e de corpo, afinal, quando a cabeça não pensa o corpo padece.

O melhor modo de combater o transtorno dismórfico corporal é compreender e diagnosticar o distúrbio o mais breve possível, e passar a aceitar-se como se é.

Uma curiosidade que poucos sabem: a cirurgia plástica surgiu para corrigir problemas físicos sérios causados pela guerra. A especialidade foi se aprimorando até virar o que vemos hoje: pessoas dispostas a mudar até seus órgãos íntimos porque até ali disseram que existe um modelo a ser copiado. E ainda chamam o Homo de sapiens.

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Lara Meneguelli


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