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Está acontecendo que depois que Neil Young anunciou que retiraria suas músicas do Spotify, outros artistas menos conhecidos como Joni Mitchell e Nils Lofgren também anunciaram a retirada de suas músicas da plataforma que, na opinião deles, estaria divulgando fake news sobre as vacinas anti-Covid-19 através de um podcast chamado The Joe Rogan Experience.
Além dos artistas citados, príncipe Harry e Meghan Markle, que têm um contrato de 1,8 milhão de libras com o Spotify, também entraram no campo de batalha contra a plataforma. O casal disse estar preocupado com o conteúdo desinformativo divulgado por Joe Rogan.
Por que estão odiando Joe Rogan, quem é Joe Rogan? Por que seu podcast está bombando? Quais fake news ele está divulgando?
Joe Rogan é um cara que está fazendo muito sucesso, como deu para perceber. Na verdade ele é um amante dos esportes, principalmente de luta, sendo um faixa preta em Taekwondo e em Jiu-Jítsu brasileiro, é comentarista do UFC (Ultimate Fighting Championship), comediante, ator e podcaster.
Seu podcast hospedado no Spotify é gratuito e existe desde 2009. É um dos mais populares do mundo com cerca de 11 milhões de ouvintes por episódio, tendo recebido personalidades importantes como Elon Musk, Mike Tyson, Edward Snowden, Quentin Tarantino, Kanye West e muitos outros.
O sucesso de Joe Rogan como podcaster é porque ele é um cara divertido (é comediante); é inteligente (a despeito das pessoas que acham que esse pessoal da luta tenha só músculo e não tenha cérebro): e porque Joe é principalmente um bom ouvinte, sabe ficar calado e fazer as intervenções certas nas horas certas.
Talvez o sucesso de Joe Rogan seja exatamente isso, o fato de o público estar cansado de ouvir entrevistadores que falam mais que os entrevistados, coisa que não acontece no The Joe Rogan Experience pois ali, o entrevistado tem sua vez de falar sem interrupções estúpidas e desnecessárias.
Os episódios duram geralmente mais de 3 horas, então, se o povo assiste, é porque gosta mesmo.
A polêmica está em torno de dois principais episódios: um com Dr. Robert Malone e outro com o Dr. Peter McCullough.
Malone é virologista, imunologista estadunidense e um dos principais envolvidos nas pesquisas em tecnologias de mRNA. Malone tem uma visão diferente da maioria dos cientistas e por isso é chamado de divulgador de fake news, no-vax, etc.
McCullough é um cardiologista norte-americano, editor de importantes revistas científicas sobre cardiologia, é vice-chefe de medicina interna do Baylor University Medical Center e professor da Texas A&M University.
Assim como Malone, McCullough é tido como promotor de desinformação sobre a vacina e tratamentos anti Covid-19.
Joe Rogan publicou hoje em sua página Instagram um vídeo agradecendo seus lovers e haters dizendo ainda ser fã de Neil Young e de estar chateado com o “problema” que está causando ao Spotify (muitos seguidores prometeram boicote e se migraram para outras plataformas musicais).
Mas o que Joe Rogan diz é certo, ele está apenas entrevistando pessoas capacitadas e cientistas renomados, só que alguns têm visões diferentes da maioria.
Será que o público precisa ouvir somente um lado da história para se sentir confortável?
Engraçado que quando saiu o documentário The Social Dilemma, todo mundo amou. O filme inclusive tinha a recomendação de ouvir sempre duas versões de uma história para fazer a sua própria ideia da realidade, e não cair no dilema das redes. E agora as pessoas vêm reclamar um podcast que está fazendo exatamente isso: ouvindo dois lados de uma mesma história.
Joe Rogan entrevistou também cientistas renomados e super a favor das vacinas. Aliás, na entrevista com McCullough ele pergunta se o cardiologista aceitaria um confronto com outro médico (confronto aceito, claro). Aliás, Young e ou Joni também estão convidados a participarem do programa para exporem suas dúvidas e chateações.
Se isso for desinformação, informação é oferecer dados mastigados ao público acreditando que este é incapaz de fazer suas próprias considerações.
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O Spotify não pretende tirar Joe Rogan do ar e, para aliviar a controvérsia, anunciou que adicionará um “aviso de conteúdo” a qualquer episódio de podcast que inclua discussões sobre a pandemia, a doença ou as vacinas.
“Houve muito debate sobre as informações contidas no Spotify sobre a Covid. Ouvimos as críticas e estamos fazendo mudanças para combater a desinformação”, disse o CEO do Spotify, Daniel Ek.
E enquanto os reles mortais discutem quem vale mais, se a lenda do rock, do podcast, as fake news ou os fact checkers, a verdade é uma só: esta não é uma história sobre Rogan ou Young. É sobre o Spotify que não é uma empresa de música, e sim uma empresa de tecnologia, e que, como qualquer outra, busca maximizar seus lucros.
Como bem explica o Philadelphia Inquirer, à medida que o Spotify construiu seu império de podcasting, foi cada vez mais criticado pelos músicos que usam a plataforma. Para um músico ganhar US $ 1 ele precisa de 315 streams no Spotify, e de 128 no Apple Music.
Ademais, Rogan é exclusivo do Spotify enquanto os álbuns de Neil Young estão na Amazon, na Apple e em vários outros serviços.
Ou seja, o conteúdo de Rogan está apenas no Spotify. Ninguém precisa do Spotify para ouvir Young, mas precisa deste para ouvir Rogan.
O bafafá só favorece Rogan, afinal, onde tem fumaça tem fogo e, ao que parece, a polêmica está apenas começando.
Vamos aguardar para ver quem mais virá contra Joe Rogan nessa luta. Lembrando que luta é com ele mesmo!
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Categorias: Saúde e bem-estar
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