Desde que a pandemia passou a fazer parte de nossas vidas, fadiga, exaustão, esquecimento e uma certa inércia parecem que passaram ser parte do nosso cotidiano. Se você tem essas sensações, saiba que não está sozinho nessa e o responsável por isso tem nome: cérebro pandêmico.
Embora não seja um termo clínico, pesquisadores têm usado a expressão cérebro pandêmico para descrever o estresse crônico e longo provocado pelo confinamento imposto pela pandemia do coronavírus. Algumas áreas do nosso cérebro estão sendo atingidas e até diminuindo de tamanho por causa disso.
Segundo especialistas, o principal responsável pelas mudanças na nossa mente é a longa exposição ao estresse por tanto tempo, chamado de estresse crônico. O neurologista do Centro de Neurobiologia da Aprendizagem e Memória da Califórnia (EUA), Michael Yassa, explica que existe um estresse bom,
“Mas quando o fim não está à vista, e o estresse continua por uma sessão prolongada, se torna problemático”.
Esse longo período de espera sem o vislumbre de um fim, o distanciamento social, as restrições e medidas de proteção estão adiando um padrão que era conhecido por todos e, por isso, tido como normal. Com a prolongação dessa situação de estresse, o nosso cérebro libera cortisol, um hormônio que atinge algumas regiões cerebrais, informa a Época Negócios.
Tais mudanças podem afetar atividades cotidianas gerando depressão e ansiedade. Um sintoma comun que pode acontecer no nosso dia a dia como resultado do cérebro pandêmico é a perda de memória, como quando estacionamos um carro no shopping e esquecemos onde o deixamos.
Além de um leve comprometimento da memória e da aprendizagem, o cérebro pandêmico pode causar outros problemas, como oscilações de humor, sentimentos de medo, incapacidade de concentração, realização de tarefas e tomada de decisões sem hesitação. É como se houvesse uma nuvem no nosso cérebro impedindo que tomemos decisões que pareciam simples antes da pandemia.
Claro que nem todas as pessoas são afetadas da mesma maneira pelo cérebro pandêmico. Tudo depende da subjetividade de cada um, de um histórico de problemas de saúde mental e do nível de estresse a que cada pessoa é submetida.
Uma pessoa que apenas viveu o isolamento social tem uma carga de estresse distinta de outra que perdeu alguém para a Covid-19 ou ficou desempregado. Ao estresse crônico, soma-se o estresse pós-traumático, responsável por desencadear um quadro de saúde mental.
Não será da noite para o dia que a vida voltará ao normal, seja lá o que passaremos a considerar como “normal” após a pandemia. Para Yassa:
“As pessoas superam desastres naturais ou a perda de entes queridos, por isso também devemos superar isso. Mas primeiro a causa precisa desaparecer”.
Existem algumas estratégias cognitivas que podemos adotar até a pandemia ir embora de vez, como desafios de memória e aprender coisas novas. Estabelecer uma rotina também é fundamental neste momento, como dormir e acordar no mesmo horário, comer regularmente, praticar um exercício físico, ler e passar menos tempo diante das telas.
Entretanto, para algumas pessoas esses dribles cognitivos podem não ser suficientes, sendo necessário buscar ajuda profissional.
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Categorias: Saúde e bem-estar
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