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Você já ouviu falar em assoalho, piso ou pavimento pélvico? Pois é, hoje em dia essa parte do corpo está ficando famosa seja por causa da incontinência urinária no pós-parto, com a idade que avança ou por questões de saúde sexual. Mas o pavimento pélvico tem muitas outras funções importantes.
Vamos entender tudo sobre a fisioterapia pélvica com Clarissa Souza, especialista que em sua conta Instagram @studioclarissasouza traz informações e curiosidades sobre essa terapia fundamental para a qualidade de vida de todos.
Vamos conhecer! Fizemos algumas perguntas à Clarissa que gentilmente nos cedeu essa entrevista.
O assoalho pélvico é um conjunto de músculos, fáscias e ligamentos que fecham inferiormente a pelve (popular bacia). Esse complexo musculofascial é responsável pela sustentação dos órgãos pélvicos, como bexiga, útero, reto, além de todo conteúdo alojado na pelve e abdômen.
Realizam também a função de continência de gases, fezes e urina.
Para se exercitar esses músculos são necessários movimentos específicos, direcionados exclusivamente ao assoalho pélvico.
Exercícios globais, comumente divulgados nas redes, como apertar uma bola no meio das pernas não tem a capacidade de ativar essa região.
Sabemos que cerca de 40% das mulheres não sabe contrair corretamente a musculatura pélvica.
Você pode fazer um teste: Sente, incline seu tronco para frente. Imagine que irá segurar o xixi e tente perceber se seu períneo se afasta do assento da cadeira (ou palpe-o e sinta se foge dos dedos). Caso isso não ocorra, sua contração, possivelmente, não é efetiva e precisa ser corrigida.
A partir da contração correta traçamos treinos específicos para cada pessoa, de acordo com sua função muscular.
Como já vimos, o assoalho pélvico exerce funções importantes no corpo, e sofre sobrecargas múltiplas ao longo da vida. Por exemplo: uma simples tosse exige grande atuação dessa região para segurar os órgãos no lugar e manter a continência de urina.
Para possibilitar que continuem funcionando corretamente e prevenir disfunções deveríamos aprender a importância de exercitá-los desde a infância.
Sim, existem momentos em que a demanda dessa musculatura é maior e devemos exercitá-la com mais regularidade. Por exemplo, durante a gestação, em que todo o conteúdo uterino é suportado pelo assoalho pélvico.
Outras situações como menopausa, pré e pós- cirúrgicos, portadores de doenças respiratórias, atletas (em especial de modalidades de impacto) devem dar atenção especial à essa região.
Temos como importantes benefícios a prevenção e tratamento das incontinências urinária/fecal/gasosa, e dos prolapsos (quedas) de órgãos pélvicos.
Esses músculos também têm importante influência na função sexual, e os exercícios ajudam na melhora da libido e satisfação sexual.
Também são participantes ativos do parto vaginal e o trabalho muscular adequado favorece melhores desfechos.
É possível fazer os exercícios pélvicos em casa, desde que bem orientados e que o paciente saiba contrair corretamente.
Na realidade, o treinamento domiciliar é parte importante de todo tratamento e peça fundamental nos resultados.
Na primeira sessão de atendimento é realizada uma avaliação global do paciente. Nela escutamos suas queixas e as relacionamos com os achados físicos e comportamentais.
Os músculos do assoalho pélvico são avaliados cuidadosamente por meio de palpação vaginal ou com aparelhos que captam a atividade muscular como elemiográfos. Padrões de postura e movimento, também são observados
A partir desses dados, formulamos o plano de tratamento e iniciamos as condutas.
Levando em consideração os achados clínicos e as necessidades individuais, são prescritos exercícios de fortalecimento, resistência, coordenação e ativação do assoalho pélvico, além de orientações globais como postura evacuatória, maneira correta de sentar e levantar pesos.
Inicialmente, os exercícios são realizados na maca com o auxílio de aparelhos de bioffedbacks para melhor compreensão das pacientes, e posteriormente são incluídos em atividades funcionais da vida diária.
Os valores variam muito com as regiões do país, oscilando entre 80 a 300 reais.
O número de sessões necessárias também varia muito: gravidade e duração dos sintomas, qualidade física, empenho individual nas orientações domiciliares são alguns fatores que influenciam na duração do tratamento.
Como tudo no corpo humano, não há regra. Como já dissemos são muitos os fatores que influenciam a terapia.
Algumas mulheres notam melhora já no primeiro atendimento, outras precisam de um tempo bem maior para notar os benefícios.
Mulheres com histórico de abuso, normalmente apresentam alteração no tônus dos músculos pélvicos (são mais tensos, duros), como uma forma de proteção desenvolvida pelo corpo.
Nessas situações primeiro precisamos normalizar o tônus e mostrar para esse corpo que estímulos na região perineal não precisam ser dolorosos e não representam uma ameaça.
Após essa etapa, iniciamos a fase de fortalecimento por meio dos exercícios.
A gestação é um fator de risco para o desenvolvimento de disfunções pélvicas pelo aumento da sobrecarga dessa região.
Além do aumento de peso nessa rede muscular, alterações biomecânicas e hormonais deixam-na em desvantagem e podem, com freqüência, ocorrer sintomas como as quedas de órgão e incontinências.
Para aquelas que optam pela via de parto vaginal, temos ainda benefícios intra-parto: alivio de dor, consciência corporal, escolha de posturas favoráveis para o nascimento e proteção do períneo, redução na intensidade das lacerações, e redução no tempo de trabalho de parto.
Por isso, devemos iniciar precocemente um trabalho preventivo do assoalho pélvico, a fim de evitar queixas durante a gestação, e no pós-parto.
O pompoarismo é uma técnica milenar que nasceu na Índia e foi aperfeiçoada na Tailândia. Seu objetivo é exclusivamente melhorar o desempenho sexual, por meio de exercícios padronizados dos músculos íntimos.
A fisioterapia pélvica atua de forma individualizada na prevenção e tratamento das diversas disfunções pélvicas. Os exercícios são prescritos baseados nos achados da avaliação e nas necessidades pessoais.
Por vezes, utilizamos sim, técnicas do pompoarismo adaptadas para cada paciente. Importante ressaltar que nem todas as mulheres podem realizar essas manobras, e um exemplo importante são aquelas que possuem dor na relação sexual. Somado a isso, elas precisam saber, previamente, contrair corretamente essa musculatura.
O método Pilates é uma técnica de trabalho corporal global que utiliza diversos princípios e habilidades corporais como força, flexibilidade, equilíbrio, coordenação e correção do padrão de movimento. Ele não tem por objetivo trabalhar especificamente a região pélvica, e por esse motivo, os instrutores não devem realizar comandos de assoalho a menos que sejam qualificados para isso e tenham realizado avaliação pélvica prévia.
Como já vimos, a fisioterapia pélvica dispõem de vários recursos para trabalhar de forma adequada e especializada essa região.
Atualmente os fisioterapeutas possuem na grade universitária a cadeira destinada à região pélvica, e portanto podem atuar na área. No entanto, por ser uma especialidade complexa a maioria dos profissionais só ingressam nos atendimentos após realizarem cursos de atualização, pós-graduações, especializações.
A fisioterapia pélvica é tanto masculina que feminina. Essa disciplina começou como fisioterapia na saúde da mulher, mas o nome fisioterapia pélvica passou a ser mais usado porque inclui o público masculino.
A prática ajuda a tratar disfunções sexuais masculinas como impotência sexual e ejaculação precoce, e tem uma grande atuação no pós-operatório de prostatectomia porque os pacientes costumam ficar com muita incontinência urinária pelos efeitos pós-cirúrgico.
Na incontinência por esforço por exemplo, quando a pessoa tem perda urinária quando tosse, quando espirra, acha que isso é normal mas esse tipo de incontinência já é uma disfunção.
Também é hora de procurar ajuda em casos de gravidez (que é fator de risco) e no pós-parto, momentos em que a incontinência é bem comum. Na verdade, todas as mulheres deveriam passar uma avaliação para ver como estão os músculos dessa região.
Não hesitem em procurar um especialista. Um assoalho pélvico forte é fundamental para o bem-estar no decorrer da vida, principalmente para evitar problemas com o avanço da idade.
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Categorias: Saúde e bem-estar
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