Índice
O Chile é, hoje, o país que mais vacina a sua população proporcionalmente. O presidente Sebastián Piñera usou a sua experiência empresarial para deixar o legado de melhor gestor da pandemia no mundo.
Pelo menos em relação à pandemia, Piñera mostrou que um governo liberal pode ser humanista, ao contrário do que apregoa o ministro da Economia do Brasil, Paulo Guedes, que fez “escola” no Chile.
Enquanto a maioria dos líderes do mundo investiram em alarmar a população para que fizessem isolamento social, o presidente chileno usou a sua visão empresarial para negociar antecipadamente com os laboratórios a compra de vacinas.
Desde o início da pandemia, o governo chileno estava seguro de que era preciso sacrificar o mínimo possível a economia do país. A solução (óbvia) foi investir em vacinação.
Desde março de 2020, ou seja, no início da pandemia, Piñera deu início a negociações com a indústria farmacêutica para garantir que as vacinas chegassem o quanto antes no Chile, ainda que nem houvesse comprovação de que elas dariam certo.
Com planejamento, os primeiros contatos com 11 laboratórios foram feitos em março, dos quais cinco pré-contratos foram selados a partir de maio, com pagamento antecipado, ainda que, naquela época, não houvesse certezas sobre o futuro das vacinas.
A aposta, que deu certo, fez com que elas chegassem a tempo ao país.
Para o G1, o sociólogo Patricio Navia explicou que:
“O presidente Piñera é um homem de negócios que se importa muito com a economia. Percebeu logo cedo os custos e os benefícios das medidas. Entendeu que a única forma de evitar as consequências na economia era a imunidade de rebanho através das vacinas. E decidiu investir nessa saída com a lógica de mercado. Piñera tem outras fraquezas, mas nesse ponto, ele faz as coisas muito bem”.
Isso tornou o Chile o país que vacina mais gente no mundo em relação à sua população, tendo ultrapassado Israel no início deste mês. Cerca de 24% dos chilenos já estão vacinados. As pessoas que não fazem parte de grupos de risco começarão a tomar a primeira dose da vacina a partir de 1º de abril.
A fórmula “valorização da ciência” foi o que salvou o Chile de um colapso sanitário e financeiro. A situação política do país é extremamente instável e polarizada, pois o governo de Piñera vem sendo alvo de inúmeras críticas e manifestações populares. Ainda assim, o presidente, que é um liberal na economia, está conseguindo salvá-la junto com a saúde da população.
Mesmo o Chile estando na dianteira da vacinação mundial, o país decretou lockdown total devido ao aumento do número de contágios, provocado pelo relaxamento da população que está se sentindo segura com a vacinação. Entretanto, é preciso usar a medida do isolamento social enquanto a população está sendo imunizada para que a vacinação seja efetiva.
O Chile também se preocupa com o efeito da falta de gestão da pandemia no Brasil para a América Latina. Isso porque não adianta um país estar a salvo se em outro os casos estão em descontrole.
“A situação no Brasil é um problema para o Chile. Se o Brasil continuar com problemas, os chilenos não vão poder viajar a outros continentes porque a lógica no exterior é que, se o Brasil tem problemas, toda a América do Sul tem problemas”, avalia Navia.
Preocupa ainda a variante brasileira do vírus. Tanto que o Chile vai começar a testar todos os passageiros que cheguem ao país, inclusive os cidadãos chilenos. Todos serão obrigados a fazer uma quarentena de 11 dias.
Talvez te interesse ler também:
Coronavírus: além de reinfectar, a variante brasileira é mais contagiosa
A nova variante do coronavírus pode afetar a eficácia das vacinas?
Esperança: pesquisadores da UNB criam máscara para inativar o coronavírus
Categorias: Saúde e bem-estar
ASSINE NOSSA NEWSLETTER