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A Covid-19, só no Brasil, já matou mais de 220 mil pessoas e, no mundo, mais de 2 milhões.
Desde o início da pandemia, pesquisadores e cientistas travam uma corrida para encontrar um remédio ou uma vacina eficaz.
Atualmente, existem 44 projetos de vacina que estão na fase de testes em humanos e 9 vacinas já estão em uso – aprovadas para uso emergencial, sendo que a vacina desenvolvida pela farmacêutica norte-americana Pfizer, em parceria com o laboratório alemão BioNTech, é a que mais teve autorizações para o uso emergencial.
Ela já foi liberada em 19 países, além da União Europeia, para a imunização de grupos específicos e, na Suíça, teve seu uso aprovado de forma definitiva.
As outras vacinas aprovadas para uso emergencial são:
Nações que tiveram um desempenho brilhante no combate ao coronavírus como Nova Zelândia, Austrália e Taiwan, por exemplo, anunciaram que, como o vírus e a doença estão controlados por lá, eles irão aguardar alguns meses para iniciar a vacinação, em parte, para verificar como outras populações reagem à vacina.
Já Israel, país com o número de 4.669 mortos pela Covid-19, iniciou a campanha de vacinação nacional há cerca de um mês, aplicando a primeira dose da vacina da Pfizer/BioNTech e já registrou uma queda de 60% nas internações hospitalares de idosos.
Mas o que já sabemos sobre essas vacinas? Elas são seguras e eficazes? Elas podem garantir a imunidade das pessoas ou só evitam a doença? Todas as pessoas podem ser vacinadas, de qualquer faixa etária? Elas serão eficazes contra o vírus mutante?
Para tentar responder a essas perguntas, consultamos o plano nacional de vacinação do governo, especialistas e portais de saúde.
Até o momento, a Anvisa, órgão regulador brasileiro para a autorização de vacinas em território nacional, liberou, em 17 de janeiro, o uso emergencial da CoronaVac®, desenvolvida pelo laboratório SinoVac em parceria com o Instituto Butantan, e da vacina da Universidade de Oxford, denominada Covishield® e desenvolvida pela AstraZeneca, em parceria com a Fiocruz.
Da Índia, o Brasil comprou dois milhões de doses da vacina da Oxford, fabricada pelo instituto indiano Serun.
Significa que, a cada 100 pessoas vacinadas que tiverem contato com o vírus, 50 delas não manifestarão a doença devido à imunidade dada pela vacina. Dessas 100 pessoas vacinadas, nenhuma delas desenvolveu a forma grave ou moderada da doença, isso é, nenhuma delas precisou de hospitalização.
Em seu anúncio oficial, a Anvisa afirmou, através de seus técnicos, que vacinas com mais de 50% de eficácia nos testes são utilizadas com segurança e eficácia, inclusive atende e está dentro dos rígidos padrões internacionais.
Outros dados da CoronaVac® mostraram que a vacina reduziu em 78% a chance de ter uma doença, mesmo que leve, que precise de assistência médica.
Nos testes realizados, a vacina de Oxford foi administrada de duas formas diferentes: na primeira delas, os voluntários receberam metade de uma dose e, um mês depois, uma dose completa. Nesse grupo de voluntários, a eficácia foi de 90%.
Já no segundo grupo, que recebeu duas doses completas da vacina, a eficácia foi reduzida a 62%. Esses dois resultados permitiram obter eficácia média de 70%.
O desenvolvimento de uma vacina exige o cumprimento de várias etapas de verificação, fase exploratória, pré-clínica, desenvolvimento clínico onde ocorrem as três etapas de testes, para somente depois ser enviada para certificação pelas agências de saúde regulatórias para sua aprovação para comercialização e uso.
Todas as vacinas contra a Covid-19 aprovadas até agora para seu uso emergencial, passaram pelos testes clínicos e foram certificados pelas agências reguladoras, como qualquer outra vacina que tem o seu uso aprovado.
A diferença é que, de fato, as vacinas foram feitas com a pressa que o caso requer, e é normal que gere dúvidas e insegurança.
Porém, as agências reguladoras, através do corpo técnico de pesquisadores, analisaram todos os dados clínicos apresentados e confirmaram a segurança e eficácia da vacina.
Além disso, no Brasil, dois institutos sérios de pesquisa, Butantan e Fiocruz, fizeram parceria de uso e transferência de tecnologia com outros laboratórios de pesquisa, e obtiveram sucesso no desenvolvimento das vacinas, dando maior credibilidade ao imunizante.
Assim, pode-se afirmar que as vacinas aprovadas para uso emergencial apresentaram bons níveis de segurança e eficácia.
As duas coisas. Depende. Como assim?
Todos os tipos de vacinas (vírus inativado ou morto, adenovírus ou vetor viral não replicante ou vacinas com RNA mensageiro), provocam a mesma reação em nosso corpo, ou seja, ativa o sistema imune para que ele responda contra o vírus invasor e crie defesas e memórias de defesas.
Os testes clínicos demonstraram que a vacina foi capaz de apresentar resultado satisfatório a ponto de que um número significativo de pessoas ficou imune ao vírus, outra grande parcela foi assintomática e outra grande parcela teve apenas sintomas leves da doença.
Portanto, a vacina garante que um maior número de pessoas ou ficará imune completamente ao vírus ou desenvolverá apenas sintomas leves da doença.
Para ficar claro, as vacinas têm a capacidade de reduzir a chance de a pessoa se infectar, mas existem diferentes tipos de proteção como prevenção à infecção, impedir aparecimento de sintomas ou prevenir contra um quadro mais grave da doença, até a morte.
Até o momento, as diversas vacinas produzidas e que já estão sendo utilizadas contra a Covid-19 foram eficazes em diminuir muito (quase 90%) a proporção de casos sintomáticos da doença, ou seja, dos casos que provocam algum tipo de reação física.
Entretanto, um dos principais objetivos das vacinas é prevenir os casos mais severos da doença, para reduzir as internações, o afogamento dos hospitais, a necessidade de oxigenioterapia, admissões em unidades de terapia intensiva, sequelas da doença e óbitos causados nos pacientes mais vulneráveis.
No entanto, ainda não é possível afirmar que pessoas assintomáticas deixam de apresentar sintomas porque conseguiram imunizar o vírus, ou impedir a infeção viral completamente.
Ou seja, ainda fica a dúvida se a pessoa está infectada, porém sem sintomas, ou se está sem sintomas porque está imunizada.
A vacina é capaz de interromper a circulação do vírus de forma controlada e sustentada.
Porém, fica o alerta, para que isso ocorra, é necessário que uma parcela significativa da população seja vacinada.
É a famosa imunização de rebanho, termo aliás que surgiu em referência justamente às vacinas, com a capacidade de atingir um grande número de pessoas rapidamente, garantindo assim essa imunidade em grande escala, porém com segurança.
Ou seja, com a vacinação em massa da população, o Sars-CoV-2 não consegue circular ou encontra maior dificuldade em encontrar hospedeiros e, com isso, reduz drasticamente o número de pessoas infectadas, diminuindo a circulação e propagação do vírus.
Vacinar-se pode ajudar a controlar a pandemia do coronavírus, inclusive no mundo. Além de proteger o seu organismo contra o novo coronavírus, é sinônimo de proteção coletiva, não apenas individual.
A vacinação é um instrumento para diminuir a propagação, circulação e mutação rápida do vírus.
No caso das vacinas contra a Covid-19, a maioria delas têm sido testadas também em pessoas com comorbidades, como obesidade, câncer, hepatite, diabetes, HIV e cardiopatias. A resposta tem sido igual as dos demais grupos, não havendo, portanto, contraindicações.
Porém, a princípio, ainda não foram realizados testes clínicos em menores de 18 anos, gestantes e puérperas por nenhuma das instituições que já estão distribuindo as vacinas contra a Covid-19 no mundo.
Portanto, ainda não está prevista a vacinação para estes grupos, exceto no caso de indicação médica específica, ponderando os riscos x benefícios da vacinação.
Conforme estabelecido pelo Plano Nacional de Imunização do Ministério da Saúde, no Brasil, as contraindicações para vacinação são para:
No caso das alergias, esta é específica a algum componente da vacina, e não está relacionada com alergias a alimentos, animais de estimação, insetos, etc.
O comitê de vacinas da Alemanha informou essa semana que a vacina contra Covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford e a AstraZeneca não será aplicada em idosos com 65 anos ou mais.
No entanto, essa vem sendo uma atitude considerada isolada. Outros países, inclusive o Reino Unido, não fez essa recomendação.
O governo britânico discordou publicamente do entendimento alemão e disse que o imunizante é eficaz para todas as faixas etárias.
De fato, ainda não se tem dados suficientes sobre a eficácia em pessoas com mais de 65 anos, porém, restou comprovada a segurança e também a resposta imune das células em todas as faixas etárias.
Segundo o jornal CNN Brasil, em relação à Coronavac, o instituto Butantan afirmou que os testes da vacina, aqui no Brasil, foram feitos apenas no grupo de faixa etária de 18 a 59 anos, e que os testes nos grupos de idade superior começarão na próxima fase de testes. Mas ressaltou que a Anvisa autorizou a vacinação de pessoas maiores de 18 anos e que tenham risco de ser contaminadas.
Butantan não confirma eficácia da Coronavac em idosos pic.twitter.com/UCUwrJysBl
— CNN Brasil (@CNNBrasil) January 29, 2021
A reportagem do jornal Estadão conversou com Mellanie Fontes-Dutra, bioquímica, doutora em Neurociências pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e coordenadora da Rede Análise Covid-19, e ela comentou sobre a diferença dos cenários entre o comitê de vacina da Alemanha com o do Brasil.
“Lá (na Alemanha) já tem autorização para as vacinas da Pfizer e Moderna, com resultados mais contundentes para pessoas acima de 65 anos. Nessa situação, eles podem usar esses dois imunizantes para aplicar nos mais velhos e utilizar a vacina da AstraZeneca nos mais jovens”.
A especialista também pondera que apesar dos poucos dados sobre idosos, isso não significa que ela seja ineficaz, muito menos insegura. Ao contrário,
“a segurança da vacina já está estabelecida e a resposta imune em idosos acima de 65 anos também é muito boa”, finaliza.
No caso das vacinas indicarem necessidade de aplicação de duas doses, é esperado que o efeito completo tenha início de 15 a 30 dias depois da aplicação da segunda dose.
Porém, no geral, 10 dias após a aplicação da primeira dose, é possível que o corpo já inicie um processo de ativação do sistema imune e fabricação de anticorpos.
Como existem variações entre as vacinas já disponíveis, siga a recomendação do profissional de saúde do seu município ou estado.
Sim, porque acredita-se que a imunidade garantida pela vacina é superior à imunidade conferida àqueles que desenvolveram anticorpos de forma natural.
Inclusive já há estudos indicando que os anticorpos produzidos por essas infectadas pelo vírus de forma natural não foram capazes de neutralizar ou reconhecer as variações mutantes do vírus.
O governo, em seu plano de imunização, não fez qualquer ressalva ou diferença na oferta da vacina em relação às pessoas que já foram infectadas pelo vírus anteriormente, portanto, ela será oferecida mesmo para as pessoas que já tiveram a Covid-19 e não será necessário fazer exames prévios.
Entretanto, qualquer pessoa atualmente infectada com Covid-19 deve esperar para ser vacinada até que sua doença tenha sido resolvida, e depois de finalizar o período recomendado de isolamento para ser vacinada.
É uma possibilidade. Os testes das vacinas focaram na capacidade de evitar que as pessoas fiquem doentes, então é perfeitamente possível que uma pessoa vacinada possa contrair o vírus e portanto, transmiti-lo.
Aliás, é exatamente o que acontece com os vacinados contra catapora, por exemplo. Eles não só podem e pegam o vírus, como transmitem para outras pessoas, a diferença está que nas pessoas vacinadas, os sintomas são bem leves se comparados às pessoas não vacinadas.
No caso da Covid-19, até o momento, não se tem certeza se uma pessoa vacinada que seja infectada poderá transmitir o Sars-CoV-2 de forma assintomática.
Por isso a necessidade de continuar com a prevenção, usando máscaras, fazendo o distanciamento social e seguindo com as normas de segurança, enquanto um número grande de pessoas aguarda para ser imunizada, a fim de garantir menor circulação do vírus, e só então conter essa pandemia.
Então, depois de vacinada, uma pessoa ainda terá de usar máscara e manter todos os cuidados necessários atualmente, como lavar as mãos com frequência, higienizar objetos, entre outros?
Todos, mesmo que vacinados, ainda terão de continuar a usar máscara e a fazer distanciamento social por um bom tempo, até ocorrer uma redução drástica dos casos de Covid-19.
Isso se faz necessário porque, em um primeiro momento, apenas parte da população será vacinada. Além disso, não se sabe se as vacinas vão conseguir impedir a transmissão e tirar o novo coronavírus de circulação, ou se apenas impedirão que as pessoas vacinadas adoeçam com a Covid-19.
De acordo com o que Bruno Filardi, oncologista, MD-PhD do Instituto do Câncer Brasil, imunologista e físico molecular publicou em seu Twitter, os primeiros estudos com as vacinas feitas com RNA mensageiro demosntraram eficácia no combate às mutações do coranavírus.
Assim, vacinas da Pfzer/Biontech e Moderna seriam capazes de combater as variantes do vírus.
O PHD ainda afirmou que não há estudos conclusivos sobre as eficácias da Astrazaneca e da Coronavac sobre as variantes, mas afirma,
“E já sabemos que as vacinas funcionam contra ela e serão atualizadas para essas novas mutações. Isso é rápido. Mas nosso governo precisa ir atrás das vacinas e garantir que a população seja vacinada pra ontem”.
No final, ele conclui que a variante do vírus (parecida com a cepa encontrada em Manaus) “parece escapar da imunidade gerada pela infecção natural”, ou seja, apenas seriam combatidas pelos anticorpos gerados a partir da vacina.
Por isso, a importância da vacinação.
Ruim começar o dia com más notícias.
Ontem saíram os dados da Novavax. Proteção contra a variante sul-africana. Já tínhamos essa noção (está fixado no meu perfil).
Má notícia: variante de lá (parecida com a de Manaus) parece escapar a imunidade gerada pela infecção natural.
— Bruno Filardi (@mab_sp125) January 29, 2021
Em primeiro lugar, é importante compreender que toda e qualquer vacina pode causar desconforto, como vermelhidão e inchaço no local da aplicação, tontura, mal-estar, febre.
Raramente elas provocam efeitos colaterais graves, assim como qualquer medicação.
No caso das vacinas contra a Covid, pelo decurso do pouco tempo em que estão sendo aplicadas, não foi possível identificar a ocorrência de efeitos colaterais sérios ou escala que fosse considerável perigoso. Só o tempo poderá dizer como a vacina irá se comportar.
Entretanto, milhões de pessoas já foram vacinadas, inclusive aquelas milhares na fase de testes, todas passam bem e não tiveram reações fora do esperado.
Em geral, como acontece com todas as vacinas, diante de doenças ou febres moderadas ou graves, recomenda-se o adiamento da vacinação até a resolução do quadro, com o intuito de não se atribuir à vacina as manifestações da doença.
Quem está tomando antibiótico ou outra medicação de uso restrito deve consultar seu médico para obter a melhor orientação.
Para entender a vacina, recomendamos uma animação bem simples e bastante esclarecedora feita por Thomas Conti, doutor em economia, professor do INSPER e sua esposa, publicado no Twitter.
Mas a Coronavac faz diferença? Minha esposa @contosdefae cria animações 3D e nós trabalhamos juntos nessa historinha para mostrar a diferença enorme que faz a vacina contra o Covid-19. Dá uma olhadinha e se gostar compartilha! #TodosPelasVacinas pic.twitter.com/jKMYnZ0xFc
— Thomas Conti (@ThomasVConti) January 21, 2021
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Categorias: Saúde e bem-estar
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