A pandemia provocada pelo novo coronavírus nem acabou e já existem especulações sobre as próximas que podem surgir. A razão disso é que a forma como os seres humanos vêm interferindo no planeta Terra desencadeou uma série de consequências ambientais irreversíveis.
A BBC fez um vídeo explicando por que tem havido com tanta frequência, desde o início do século XXI, um surto de doenças globais como a Covid-19, o ebola, a Sars, a gripe suína, entre outras.
O crescimento demográfico, a invasão de áreas silvestres, o tráfico de animais selvagens e o aquecimento global são uma das causas do surgimento de tais enfermidades, pela facilidade de transmissão e novos contágios.
O vírus mais ameaçador para a humanidade tem sido o influenza, conhecido como o vírus da gripe. Uma nova cepa do vírus foi encontrada na China, mas, segundo cientistas, não se trata – ainda – de uma ameaça, mas caso ele passe por mutações pode desencadear numa nova pandemia. O próprio coronavírus, em alguns animais, pode seguir sendo ameaçador.
Esses vírus que se hospedam em animais podem adaptar-se ao organismo humano, reforçando um ciclo de pandemias.
Estudos estimam que cerca de 1,7 milhão de vírus desconhecidos vivem em animais. O esforço da ciência para identificar aqueles que podem ser mais ameaçadores para vida humana é hercúleo, ou melhor, é um trabalho de Sísifo.
A pandemia de Covid-19 deixará lastros por ainda muito tempo (sendo uma sindemia). Realmente queremos reviver uma experiência como essa? Estamos preparados para isso?
Um estudo publicado na Science Mag avaliou o custo do monitoramento e da prevenção do contágio de doenças causadas pela perda das florestas tropicais e pelo crescente comércio de animais selvagens.
A conclusão é de que se investe muito pouco na prevenção do desmatamento e na regulamentação do comércio de animais selvagens, bem como na detecção precoce dos surtos e na prevenção das doenças.
As margens das florestas tropicais são um importante fator de lançamento de novos vírus para os humanos, devido a construções próximas, estradas e atividades de exploração. As taxas de contato variam com o perímetro (o comprimento da borda da floresta) entre a floresta e a não floresta.
A relação entre o desmatamento e a emergência de vírus mostra a necessidade de manter as coberturas florestais intactas.
O estudo também alerta para a questão da pecuária. A criação de animais para abate é um reservatório de doenças emergentes e as últimas pandemias dali vieram: a influenza H5N1 veio das aves, a influenza H1N1 do porco, o vírus Nipah passou do morcego frugívoro, para o porco e depois para o homem e agora o coronavírus, que ninguém sabe exatamente qual bicho originou a doença fazendo o salto do animal ao homem.
Existem modelos de prevenção usando a biossegurança em fazendas, basta querer investir nestas tecnologias que previnem focos de doenças com potencial pandêmico.
Por fim, é preciso também valorizar os programas de detecção precoce e controle de surtos em seus estágios iniciais. Isso resultaria em economias de vida e dinheiro.
Para todas essas medidas é preciso vontade política. Esperamos que o trauma da Covid-19 sirva para essa aprendizagem.
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Categorias: Saúde e bem-estar, Viver
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