Pessoas assintomáticas raramente transmitem coronavírus, admitiu OMS que agora se diz “mal-entendida”


Reviravolta na pandemia. Investigação independente urgente! São muitos os pontos que não se ligam na má gestão da OMS para a contenção da disseminação mundial do novo coronavírus. Depois de muito “disse não disse” depois de muitos países terem confinado seus cidadãos, depois de economias terem colapsado, agora vem a novidade: pessoas sem sintomas ou com sintomas leves raramente podem transmitir o novo coronavírus.

Vamos aos fatos

Verdade que ouvimos especialistas, virologistas, matemáticos, estatísticos, infectologistas, biólogos, etc. Verdade também que a verdade não existe, quando se trata de um vírus novo, quase totalmente desconhecido (quase porque o SARS-CoV-2 é novo, mas a sua família, a dos coronavírus, não é nenhuma novidade).

Ninguém duvida da existência da pandemia, do vírus, da sua mortalidade, do colapso que gera no sistema sanitário, etc. Ninguém duvida tampouco que as medidas de isolamento, quarentena, teste em massa e rastreamento de infectados, foram as soluções mais eficazes para a contenção da epidemia em muitos países, principalmente quando adotadas juntas.

Mas, depois que os Estados Unidos pediram investigação independente, porque os números sobre a origem da doença com os dados fornecidos pela OMS não quadravam, muitos países concordaram com a necessidade de averiguar os fatos, não para culpar ninguém, mas para aprenderemos com erros se é que estes existiram.

Parece raro…

“A partir dos dados que temos, ainda parece raro que uma pessoa assintomática realmente transmita adiante para um indivíduo secundário”, disse Maria Van Kerkhove, líder técnica da OMS para a resposta ao coronavírus.

“Temos vários relatórios de países que estão realizando rastreamento de contatos muito detalhadamente. Eles estão seguindo casos assintomáticos, estão seguindo contatos e não encontram transmissão secundária em diante. É muito raro – e muito disso é não publicado na literatura”, afirmou Van Kerkhove.

“Estamos constantemente analisando esses dados e estamos tentando obter mais informações dos países para responder realmente a essa pergunta. Mas parece raro que um indivíduo assintomático realmente transmita o vírus adiante“.

Van Kerkhove também disse que o que parece ser caso assintomático de Covid-19, geralmente acaba virando um caso leve da doença.

Mas há distinções a serem feitas

Existem diferenças entre pré-sintomáticos, assintomáticos e paucissintomáticos

O termo pré-sintomático se refere aos estágios iniciais da doença, antes que os sintomas típicos sejam notados.

Assintomático é quando os sintomas não se apresentam durante a infecção, explica Dr. Manisha Juthani, especialista em doenças infecciosas e professor associado de medicina e epidemiologia na Escola de Medicina de Yale.

Já as infecções paucissintomáticas são as apresentam sintomas atípicos ou muito leves, explica Babak Javid, pesquisador principal da Escola de Medicina da Universidade Tsinghua, em Pequim, e consultor em infecciosos em hospitais da Universidade de Cambridge.

“O rastreamento detalhado dos contatos de Taiwan, bem como da primeira cadeia de transmissão européia na Alemanha, sugeriu que os verdadeiros assintomáticos raramente transmitem. No entanto, esses (e muitos outros) estudos descobriram que a transmissão paucissintomática pode ocorrer e, em particular, no estudo alemão, descobriu-se que a transmissão geralmente parecia ocorrer antes ou no dia em que os primeiros sintomas apareceram”, disse Javid no comunicado.

“Outros dados disponíveis, de estudos em vários continentes que confirmam a transmissão pré-sintomática, sugerem que estar bem não significa necessariamente que não se possa transmitir o SARS-CoV-2“, diz o pesquisador.

“Isso tem implicações importantes para as medidas de rastreamento e isolamento que estão sendo instituídas em muitos países”, continua.

Reviravolta

Estudos anteriores haviam sugerido que a disseminação do novo coronavírus podia começar de dois a três dias antes do aparecimento dos sintomas. Esse era o grande problema da pandemia Covid-19: a transmissão do coronavírus, ao que se supunha, poderia se dar antes mesmo de as pessoas se sentirem doentes, então, neste cenário, a melhor coisa a se fazer era manter todos em casa, mesmo sem sintomas.

Portanto, o que temos para hoje é uma reviravolta na história dessa pandemia. Não que pré-sintomáticos, assintomáticos ou paucissintomáticos não possam transmitir o vírus, mas que tais transmissões seriam raras, o que mudaria toda a nossa forma de abordar a contenção da pandemia e, o que poderá mudar medidas já estabelecidas em alguns países europeus sobre a volta às aulas, por exemplo.

Se realmente seguíssemos todos os casos sintomáticos, isolássemos esses casos, seguíssemos os seus contatos e os colocássemos em quarentena, reduziríamos drasticamente – eu adoraria poder fornecer uma proporção de quanta transmissão realmente pararíamos – mas seria uma redução drástica na transmissão”, finaliza Van Kerkhove.

Bom, agora é aguardar para ver como os governos mudarão suas condutas na contenção do vírus. É um deus nos acuda em meio à tanta confusão, incerteza e um certo sentimento de enganação. Porém, contudo, todavia e entretanto… não dá para imaginar um dolo (ou seja, um propósito) em trancafiar pessoas em casa e jogar aos ares a economia mundial… Se houvesse, qual seria a intenção de fazer tudo isso?

Que os erros, e os acertos, apenas sirvam para a aprendizagem e para evitarmos que futuras pandemias (ademais, já previstas) nos coloquem em situação similar novamente.

Mal-entendido

E o “disse não disse” do nosso primeiro parágrafo continua. Menos de 24 depois da declaração, a OMS diz ter sido “mal-entendida”.

Dr. Mike Ryan, diretor executivo do programa de emergências da OMS, diz  que o comentário de segunda-feira foi

“claramente mal interpretado, ou talvez não tenhamos usado as palavras mais elegantes”.

ele explica que

“Embora a disseminação assintomática do coronavírus ocorra, a porção de indivíduos assintomáticos que transmitem o vírus continua sendo uma “grande questão em aberto“.

A OMS foi amplamente criticada, mais uma vez, pela incrível incompetência em gerenciar a pandemia.

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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