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É preciso falar da chegada do novo coronavírus à África.
Sabemos que existem diferenças no tratamento de epidemias em países do norte e do sul global. As razões são, em primeiro lugar, econômicas, afinal, o circuito financeiro mundial transita entre Estados Unidos e Europa – e, mais recentemente, China.
A Organização Mundial de Saúde (OMS), desde o início da pandemia do novo coronavírus, alertava sobre o perigo da Covid-19 chegar aos países africanos, cujos sistemas de saúde precários poderiam levar à morte milhões de pessoas.
Como em todo o mundo, o vírus chegou, também, à África, onde há aproximadamente 2.000 casos em 45 países e territórios contabilizando 58 mortes, segundo o Notícias ao Minuto. Vários países já começaram a impor uma série de medidas de prevenção e contenção para evitar a propagação da pandemia e espera-se que os mais afetados sejam os que estão localizados na África Subsaariana, como Angola.
De acordo com dados da OMS, toda a África tem casos crescentes, com um número considerável de países aguardando a chegada do vírus, segundo o Africa News.
O site alemão DW destaca que os fracos sistemas de saúde pública da África, as cidades superlotadas e os níveis de pobreza criam um terreno fértil para o coronavírus causar enormes estragos. Por isso, o continente está tomando medidas como: limitar viagens, fechar lugares públicos e fronteiras para conter a disseminação.
Entretanto, parece estar sendo mais difícil impedir a disseminação de fake news. Os especialistas em saúde da África estão pedindo cautela. Na Nigéria, as redes sociais foram usadas para transmitir curas falsas para o coronavírus, como uma mistura de alho e mel, consumir urina de vaca e outras. O ativista Zaharadden Ubale diz que:
“As pessoas disseram que você pode matar o coronavírus com cloroquina. Em outros lugares, eles disseram que o coronavírus não pode suportar a temperatura que temos em nossa localidade. Isso também é uma notícia falsa”.
É preciso destacar que a África já enfrenta várias epidemias (ebola, malária, tuberculose), as quais, junto com o novo coronavírus, agravam ainda mais a situação já precária de seus países.
O historiador argentino Sergio Galiana, especialista em África na Universidade Nacional de General Sarmiento, afirmou à Sputnik Mundo que, caso não sejam tomadas as medidas necessárias, o cenário na África seria um verdadeiro desastre.
O embaixador argentino em Angola, Luis Bellando, explicou que faltam no país “água [potável], latrinas e instalações sanitárias e de higiene”, o que coloca a “maioria da população em risco de doença e morte”. O diplomata teme que a pandemia do coronavírus na África seja similar à epidemia do ebola, “porque a lógica neoliberal torna esses países não lucrativos para a indústria farmacêutica“.
De acordo com a Gaúcha ZH, Senegal, Costa do Marfim, Serra Leoa e República Democrática do Congo já decretaram estado de emergência, enquanto a África do Sul se prepara para o confinamento.
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Categorias: Saúde e bem-estar, Viver
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