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Não é apenas o número de casos de sífilis que vem crescendo no Brasil; o aumento do HIV também é uma realidade que está passando despercebida pelos brasileiros.
É preciso questionar por que essas duas DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis) estão se espalhando entre a população para poder enfrentar o avanço dessas doenças.
Os primeiros casos de HIV (o vírus da imunodeficiência humana) identificados no Brasil ocorreram no início da década de 1980, junto com o boom da epidemia em todo o mundo.
Os avanços científicos, desde então, foram enormes, tanto em prevenção quanto em eficácia do tratamento. O problema que persiste ainda hoje em relação à AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) é acessibilidade da informação sobre a doença e do seu tratamento, bem como pôr fim a estigmas e preconceitos.
A AIDS é a doença do sistema imunológico humano causada pela infecção do vírus HIV. Para conter o avanço deste no organismo, vários medicamentos foram testados até que, de fatal, a AIDS se tornasse uma doença crônica, ou seja, uma enfermidade com a qual o paciente pudesse conviver por toda a vida, desde que sob tratamento.
O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (Unaids) revela que houve um aumento de 21% de novos casos da doença de 2010 a 2018 no Brasil, em um momento em que a tendência mundial é a redução do número de casos.
Dados do Boletim Epidemiológico, emitido pelo Ministério da Saúde em relação ao período de 2007 a 2019, registram 300 mil novos casos de infecção no país. As regiões onde a doença mais avança são: Sudeste (45,6% dos casos), Sul (20,1%), Nordeste (18,3%), Norte (8,7%) e Centro-Oeste (7,3%).
O infectologista do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF), Rodrigo Daniel de Souza, explica a importância das políticas públicas de saúde na redução da transmissão no diagnóstico:
“Vários tratamentos e medidas podem ser feitos para diminuir a transmissão do HIV. Uma das metas de controle do HIV, é a meta 90-90-90, que pressupõe que tenhamos 90% dos pacientes diagnosticados; 90% destes diagnosticados estarem em tratamento; e 90% com carga viral indetectável”.
O método mais eficaz para prevenir a AIDS e qualquer outra DST é a relação sexual protegida, algo que tem sido descuidado por uma boa parte de jovens e adultos brasileiros.
O SUS distribui gratuitamente camisinhas para a população, além de fazer campanhas sobre as formas de contágio do vírus, logo não há desculpa para não usar camisinha durante o ato sexual.
Sobre o diagnóstico, Souza destaca o trabalho do SUS:
“O Ministério da Saúde disponibiliza um teste de avaliação genética do vírus, e assim detectamos as mutações apresentadas. A partir das mutações, é feita a relação de quais remédios não funcionarão em cada caso; dessa forma, podemos escolher o melhor tratamento possível e vamos controlando a carga viral”.
Atualmente, não se usa mais a expressão “grupo de risco” para designar as potenciais vítimas do vírus HIV, a fim de evitar o estigma sobre elas. O aumento do número de casos recai, portanto, sobre “populações-chave”, como: profissionais do sexo, usuários de drogas injetáveis, pessoas trans, pessoas privadas de liberdade e gays, de acordo com a classificação da Unaids.
O principal tratamento para controlar a carga viral é levar informação para essas pessoas, sobretudo, para evitar a exposição reiterada ao vírus.
“Alguns grupos de pacientes que se expõem de maneira repetida ao vírus podem tomar uma parte do coquetel chamado PrEP, que é a profilaxia pré-exposição. Eles tomariam esse remédio de forma indefinida, não como tratamento, mas justamente para evitar o vírus. Há, também, a profilaxia pós-exposição, a PEP, para pessoas que foram expostas de maneira desprotegida ao HIV. Nesse caso, o indivíduo pode tomar um coquetel por 28 dias, tentando reduzir a aquisição”, explica o infectologista.
O preconceito e o estigma são um dos principais dificultadores para o correto tratamento da AIDS e a prevenção do HIV. Culpa, medo, marginalização dificultam que a informação circule.
Não há como combater o vírus e a doença que ele causa sem conscientização. A informação é a melhor arma para impedi-los e, também, evitar o preconceito.
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Categorias: Saúde e bem-estar
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