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Após o projeto de legalização do aborto ser aprovado pela Câmara dos Deputados da Argentina, vários protestos deram início no Brasil, a fim de que o tema seja debatido por aqui. Embora estejamos ainda atrasados nessa discussão, é importante que a população saiba que existem formas de prevenção da gravidez oferecidas gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O SUS oferece gratuitamente à população brasileira oito tipos de contraceptivos: Dispositivo Intrauterino de cobre (DIU de cobre), camisinhas masculina e feminina, anticoncepcional injetável ou em pílula, além dos procedimentos da vasectomia e da laqueadura.
A BBC fez uma reportagem exclusiva sobre o tema e identificou uma desinformação sobre o serviço. Além disso, na maior parte dos postos de saúde e maternidades, o foco preventivo está na oferta de camisinha e pílulas anticoncepcionais, por causa da falta de treinamento dos profissionais da área de saúde.
Essa realidade, segundo a reportagem, é bastante comum em alguns estados do Norte e Nordeste, onde faltam profissionais capacitados para a colocação de DIU, um procedimento simples e rápido que sequer exige anestesia.
O Ministério da Saúde se defende dizendo que, caso as unidades de atendimento não tenham disponível o método procurado pelo usuário, ele pode recorrer às secretarias e aos conselhos municipais de saúde através de suas ouvidorias.
Os ginecologistas que atendem no SUS também orientam a população a reportar quaisquer problemas ao Disque Saúde (ligando 136), serviço gratuito de atendimento do Ministério da Saúde. A ginecologista Renata Reis explica que: “Diante da reclamação, o Ministério da Saúde pode cobrar informações da Secretaria de Saúde do município onde falta o método contraceptivo”.
Além desses instrumentos, é possível o usuário recorrer, também, ao Ministério Público. A promotoria da cidade deve ser procurada para reportar o problema nos horários de atendimento ao público, caso não encontrado o método contraceptivo buscado, orienta o promotor de Justiça Márcio Ayala. Ao receber a reclamação, a procuradoria cobra uma resposta da Secretaria de Saúde e do Conselho Municipal dentro de um prazo. Ayala diz que: “Se o serviço não for disponibilizado no prazo, o Ministério Público pode entrar com uma ação civil pública para compelir município e Estado a suprirem (a demanda)”
Esse é o contraceptivo mais usado pelas brasileiras, pois é eficaz em 99,7% dos casos, quando se segue à risca as orientações de uso. Ele contém os dois hormônios que os ovários produzem: o estrogênio e a progesterona, a fim de inibir a ovulação.
A pílula pode ter alguns efeitos colaterais, como diminuição da libido, ganho de peso e risco de trombose. Já os benefícios são alívio da tensão pré-menstrual, da cólica e do fluxo de sangramento.
É um tipo de pílula anticoncepcional, com a diferença que tem somente um tipo de hormônio, a progesterona. Por isso, o risco de trombose da minipílula é menor, assim como a sua eficácia, sendo mais indicada para ser usada durante o período de amamentação.
O anticoncepcional injetável pode ter validade de um mês ou três meses. É considerado altamente eficaz porque a mulher não fica refém do esquecimento de tomar a pílula diariamente.
O injetável mensal contém dois hormônios, estrogênio e progesterona. Já o injetável trimestral possui apenas progesterona, reduzindo mais as contraindicações e os riscos, já que é o estrogênio que provoca o risco de trombose.
O Dispositivo Intrauterino (DIU) de cobre é o principal método contraceptivo de longa duração oferecido pelo SUS. Ele é tão eficaz que são constatadas apenas seis falhas a cada mil casos, além de durar 10 anos. Logo, para alguns especialistas, é um dos métodos mais eficientes para evitar a gravidez.
Entretanto, não é tão fácil encontrá-lo disponível na rede pública em algumas cidades, seja por carência de material, seja pela falta de profissionais capacitados para realizar o procedimento, apesar de ele durar cerca de 15 minutos.
O efeito colateral do DIU é o aumento do fluxo menstrual, tanto em dias quanto em quantidade de sangramento, além do aumento de cólica. Outro risco do DIU é o seu deslocamento, pois ele pode sair da cavidade uterina. Mas, ainda assim, é bastante seguro.
O cobre elimina o espermatozoide e o óvulo antes de eles se encontrarem, ou seja, antes que ocorra a fecundação.
A grande vantagem das camisinhas é que, além de serem um método contraceptivo, são as únicos capazes de prevenir contra doenças sexualmente transmissíveis.
É preciso ter cuidado: não se deve usar as camisinhas masculina e feminina ao mesmo tempo, pois o atrito entre elas pode causar rompimento.
A camisinha é um método muito eficaz, quando usada corretamente, chegando a 98% de eficácia. Em relação à camisinha feminina, segundo a ginecologista Renata Reis, as mulheres gostam bastante do método. “É só introduzir como se faz com um absorvente íntimo. Depois da relação, você torce para fechar e joga fora”, disse.
Considerado um método de barreira, assim como a camisinha, o diafragma tem uma eficácia menor. Mas pode ser usado com aquela para potencializar a sua eficácia.
Renata explica que a mulher precisa de orientação profissional para usar o diafragma, já que ele é colocado na vagina junto com espermicida. Ele precisa cobrir todo o colo do útero, logo é preciso saber o tamanho do diafragma adequado para cada mulher.
Como o próprio nome diz, trata-se de um recurso pontual, não sendo, portanto, um método contraceptivo. A pílula de emergência serve para os casos em que houve relação sexual desprotegida ou alguma falha em algum método usado.
A sua eficácia é maior quando usada em até 72 horas após o ato sexual. Embora ela possa ser tomada até cinco dias depois, a sua eficácia diminui. Como a pílula de emergência não evita uma gravidez em curso, ela não funciona como abortivo, mas sim como uma inibidora da fecundação. Caso esta já tenha ocorrido, o medicamento não terá efeito.
Os efeitos colaterais da pílula do dia seguinte são ciclo irregular, dor de cabeça e inchaço.
Esses são dois métodos de esterilização oferecidos gratuitamente pelo SUS para homens e mulheres que atendam a uma das seguintes condições: ter mais de 25 anos ou pelo menos dois filhos. Os critérios são independentes, logo não é preciso atender a ambos, mas apenas a um deles.
É preciso passar por alguns trâmites burocráticos, além de, conforme a lei, pessoas casadas precisarem da autorização do cônjuge para realizar um dos procedimentos.
A reportagem da BBC verificou que os moradores das regiões Norte e Nordeste são os que menos têm acesso aos métodos DIU, laqueadura e vasectomia. Esta não é oferecida em alguns estados, como Alagoas e Amapá, segundo os dados do Data SUS.
Essa uma decisão individual ou decidida pelo casal. Segundo os especialistas, não há método melhor ou pior. Todos têm suas vantagens e desvantagens. O que deve nortear a escolha é a necessidade de cada um e aquele que for mais benéfico para cada um.
Por isso é importante informar-se sobre todos eles e conversar com profissionais capacitados para dar uma orientação adequada.
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Categorias: Saúde e bem-estar, Viver
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