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Uma substância que já foi proibida em 61 países, justamente por ser cancerígena, não deveria abrir espaço para tanta polêmica sobre sua utilização, certo? Errado! Pelo menos no Brasil, a discussão sobre o amianto ainda vai muito longe. Atualmente, o Supremo Tribunal Federal (STF) está analisando e julgando uma série de ações visando avaliar uma possível proibição do material em nível nacional.
Isso por que alguns estados brasileiros já proibiram, mas ainda há muitos que não têm uma legislação proibitiva a respeito. O resultado é que o amianto ainda é bastante utilizado em todo território nacional. Mas, você pode estar se perguntando, o que tem por trás do amianto que faz tão mal e por que toda essa polêmica?
Para começar, o amianto é um material mineral, constituído de feixes de fibras. Ele é muito utilizado para fins comerciais, principalmente na construção civil.
Sua grande durabilidade, flexibilidade e resistência à variações térmicas, químicas, elétricas e de tração o tornam uma solução bastante interessante para o mercado.
Não à toa ele é utilizado amplamente para construção de telhas de casas populares. Seu uso mais comum é justamente esse: para produção de telhas, além de caixas d’água, chapas e tubos de revestimento, freios, embreagens, e em menor número em produtos têxteis, como vestimentas de proteção à prova de fogo, gessos, isolantes térmicos, revestimentos e coberturas de edifícios, entre outros.
Seria um material excelente, não fosse o fato de que ele possui tendência a produzir bastante pó, e essa poeira é facilmente inalada, além de impregnar roupas e ser liberado no ar.
Graças ao tamanho das fibras, o corpo humano, principalmente o pulmão, não consegue expelir. O resultado é uma série de doenças, algumas das quais, fatais.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) incluiu, já há algum tempo, o amianto no grupo principal de substâncias cancerígenas, e estima que, no mundo, existam cerca de 125 milhões de pessoas expostas ao material.
Cerca de 107 mil mortes ocorrem, anualmente, em decorrência, da exposição ao amianto.
Uma das principais doenças relacionadas ao amianto é o mesotelioma, um tipo de câncer que ocorre no revestimento que cobre o pulmão, e costuma ser bastante agressivo, matando em menos de 1 ano. Os danos podem demorar entre 20 e 50 anos para acontecer. Estudo feito pelo médico da Fiocruz, Francisco Pedra, mostra que, entre 1980 e 2010, foram 3,7 mil mortes por mesotelioma no Brasil.
Além dessa doença, a exposição ao amianto pode ocasionar também uma outra enfermidade chamada asbestose, que ocorre quando o organismo produz um ácido para tentar dissolver as fibras do amianto, gerando então uma lesão pulmonar, que pode ser fatal. Nesse caso, a doença pode levar de 10 a 20 anos para se manifestar. Essa substância está ligada também a outros tipos de cânceres, como os da laringe, pulmão, ovário, rim e do trato gastrointestinal.
Evidentemente, os maiores prejudicados são aqueles que ficam expostos regularmente, como os trabalhadores da construção civil, no entanto ninguém está imune ao risco, pois qualquer quantidade de exposição ao amianto é nociva. Embora a indústria brasileira insista em difundir a ideia de que existe uso seguro e que o Brasil é referência.
O Brasil é, atualmente, o terceiro maior produtor e segundo maior exportador de amianto. No entanto, existem poucas fábricas, grande parte delas já substituiu o material por outro.
A principal jazida do Brasil e a maior da América Latina fica em Minaçu, Goiás, e tem impacto econômico local apenas, embora abasteça toda a produção nacional, as fábricas, e exporte para vários outros países, como Índia e Indonésia.
A variação de amianto usada no Brasil chama-se Crisotila. O setor assegura que essa variedade não oferece os riscos dos outros grupos. No entanto, como dito anteriormente, especialistas garantem que qualquer quantidade de amianto, por menor que seja, já pode ser bastante nociva à saúde.
Existe até mesmo um documentário a respeito que trata justamente de questionar essa “verdade” difundida pelas indústrias que trabalham com amianto: “Não respire – Contém amianto“, documentário da Repórter Brasil, exibido recentemente na 6ª Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental, ocorrido em São Paulo.
Segundo informações do setor, metade das casas brasileiras tem amianto.
Os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Mato Grosso e Santa Catarina têm leis específicas de proibição à produção e comercialização de produtos contendo a substância. O que o STF julgará agora é essa legislação em nível nacional.
Enquanto o julgamento não termina, vale ficar de olho nos cuidados necessários para evitar exposição ao material.
Vale lembrar que o produto intacto, como no caso da telha, a priori, não traz problemas. O grande dano ocorre quando há exposição à fibra solta.
Embora a indústria pregue que toma todos os cuidados, inclusive protegendo seus trabalhadores, o risco de exposição é algo muito difícil de ser controlado, tendo em vista que o manuseio de produtos com amianto, por exemplo, ao lavar a caixa d’água, ou fazer alguma reforma no telhado, podem favorecer esse contato com a substância.
Por isso, tenha especial atenção aos produtos que compra, caso tenha telhas de amianto em casa, procure retirá-las e substituir por outras, mas não faça isso sem antes tomar os devidos cuidados. Deve-se sempre usar luvas e máscaras para retirar o material.
Todo produto que você desconfiar que possa conter a substância deve ser manuseado utilizando todo esse equipamento de proteção, e, se possível, descartado.
Não existe ainda uma legislação específica para o descarte correto do amianto, o que há é uma do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) de que o produto que contenha a substância seja levado para um aterro específico, de lixo perigoso.
Com saúde não se brinca, existem tantas opções no mercado. Não perca seu tempo comprando algo que só vai fazer mal a você, seus familiares, e a sociedade em geral.
Amianto nunca mais!
Categorias: Saúde e bem-estar, Viver
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