Parto Cesárea: coisas importantes a saber. Leia aqui antes de decidir


Ela sempre é uma experiência transformadora: a hora do parto. No entanto, muitas grávidas ficam cheias de dúvidas – e com muitos temores – sobre qual a melhor opção na hora do nascimento do bebê: parto normal? Natural? Na água? Cesárea?

As alternativas são muitas, mas é necessário ter algo em mente: esse deve ser um momento único, inclusive na hora da escolha. O parto normal segue sendo a melhor opção, na maioria das vezes, mas existem situações que obrigam a uma cesariana. Por isso, antes de tudo, vale ficar atenta a respeito do que é exatamente esse procedimento, se é a melhor opção, e quais os riscos reais desse tipo de operação.

O que é parto cesárea?

O parto cesárea – ou cesariana – é uma técnica cirúrgica de grande porte para a retirada do bebê do útero, por meio de uma incisão feita no abdômen e útero. São abertas sete camadas de pele para que os médicos consigam retirar o bebê: pele, gordura, fáscia muscular, músculo, peritônio parietal, peritônio visceral e útero.

Após a retirada do bebê, os médicos tiram a placenta, fazem uma revisão da cavidade uterina e costuram a incisão.

Ao todo a mulher recebe cerca de 75 pontos. Ela é considerada uma cirurgia de grande porte, mas a operação é relativamente simples.

Quando a cesariana é indicada?

Há inúmeras situações em que a cesárea é a melhor opção: as mais importantes são:

* quando há sofrimento fetal, ou seja, quando o bebê é privado de oxigênio por um tempo – o que pode causar sequelas graves e até mesmo levar a óbito;

* quando a gestante tem placenta prévia – situação em que a placenta se posiciona muito embaixo no útero, impedindo a saída do bebê;

* quando há descolamento de placenta, o que coloca em risco a saúde do feto, na hora do nascimento.

* Nos casos em que o bebê está em posição sentada ou de lado, normalmente, a equipe médica opta pela cesariana, no entanto, o médico pode tentar fazer uma manobra chamada “versão externa”, que coloca o bebê de ponta cabeça, posição ideal para o nascimento.

* Quando há prolapso do cordão, o famoso “cordão enrolado no pescoço”, pode ser necessário passar por uma cesariana também.

* Se a gestante apresenta o vírus da herpes ativo durante o trabalho de parto, os médicos também costumam preferir a cesárea para evitar que o bebê se contamine com o vírus.

* As grávidas portadoras de HIV podem ser submetidas à cesárea, caso tenham baixa imunidade e uma carga viral alta. Os casos de pré-eclâmpsia também devem ser observados individualmente, pois tudo vai depender do estado de saúde da gestante na hora do parto. Apesar disso, muitos especialistas preferem recorrer à cesárea.

* Mulheres com quadro grave de diabetes ou problemas de coração, que passaram por cirurgias no útero anteriores (incluindo as cesarianas) ou que têm gestações múltiplas podem ser indicadas à cesariana também. Há ainda os casos de gestantes com problemas de coluna ou no quadril, que também podem precisar de uma intervenção cirúrgica.

O abuso no número de cesáreas

Ainda que pareça que são muitas as situações que obrigam à uma cesariana, na maioria das vezes, há certo abuso no número de cesáreas no Brasil e no mundo.

Um estudo feito por cientistas de 25 países, que analisou 2,8 mil partos de gêmeos, mostra que são poucos os casos em que a cesárea é realmente necessária e que ela não reduz o risco de morte. Porém ainda é bastante comum que médico e paciente optem pela cesariana. Esse ainda é o caso do Brasil.

Brasil, um campeão de cesarianas

Existe no mundo todo um crescimento muito grande no número de partos por cesárea. A Organização Mundial de Saúde (OMS), no entanto, aponta que só 15% das vezes esse tipo de procedimento realmente é o mais indicado.

Apesar disso, no Brasil a taxa de cesarianas é bastante alta: 43% no total, sendo que a rede particular faz cesáreas em 80% de todos os partos, e o SUS, em 29% das vezes. Esse índice brasileiro é três vezes maior do que o indicado pela OMS.

Atualmente, há um esforço por incentivar o parto normal e desmistificar a ideia de que a cesárea é mais “segura”.

Parto cesárea: prós e contras

Muitas mulheres optam pela cesárea por entenderem que assim vão sentir menos dor e correr menos riscos.

É verdade que na operação em si a gestante não tem grandes incômodos, mas ainda assim, o pós-operatório é muito mais complicado do que no parto normal, tendo em vista que a cesárea é uma cirurgia de grande porte.

Além disso, existem os riscos comuns que todo procedimento cirúrgico traz como, infecções, sangramentos excessivos, complicações pós-operatórias, formação de cicatrizes e acidentes cirúrgicos.

No caso do risco de morte materna, um estudo publicado em 2008 no American Journal of Obstetrics and Ginecology analisou 1,46 milhão de partos e descobriu que há um risco de óbito dez vezes maior em cesarianas – taxa de 2,2 a cada 100 mil, enquanto nos partos normais o índice ficou em 0,2.

Para a mulher, a cirurgia cesariana pode ser mais “confortável”, pois, muitas vezes, existe até mesmo a possibilidade de agendar o nascimento. No caso dos médicos, muitos optam pela cesárea, pois ela é mais prática, tendo em vista que um parto normal pode durar cerca de 12 horas e, no Brasil, os especialistas ganham menos nesse tipo de procedimento do que nas cesarianas.

Vale lembrar também que no parto normal há liberação de uma série de hormônios, como ocitocina e prolactina, que protegem o bebê de riscos, enchendo-o de uma carga de imunidade no momento em que ele passa pelo canal do parto. Além disso, a prolactina estimula a amamentação.

No parto normal, o bebê é quem estimula o útero avisando que está pronto para nascer, o que pode não acontecer em uma cesárea, elevando assim o risco de o bebê nascer antes do tempo ou ter mais complicações de saúde, posteriormente.

Cesarianas estão modificando a evolução humana

O crescimento de cesarianas é tão grande que pode estar – pasmem – modificando até a evolução humana.

Uma pesquisa da Universidade de Viena, na Áustria – mostra que, desde 1960, os casos de partos obstruídos (quando o bebê é grande demais para sair) aumentou em 20%. Isso pode ser explicado, em parte, por que as altas taxas de cesáreas fizeram com que a “pressão evolutiva” (por selecionar bebês menores que teriam mais chances de sobreviver) desaparecesse

Avalie bem

Frente a todas essas questões, vale lembrar que a escolha pelo tipo de parto deve ser feita avaliando todos os fatores possíveis e, principalmente, deve focar no que é mais seguro para a mãe e o bebê. As cesáreas foram um grande avanço da medicina e possibilitaram o nascimento de milhões de crianças que, do contrário, não teriam sobrevivido.

Ainda assim, é importante ressaltar que, embora seja eficiente e essencial, em alguns casos, ela deve ser utilizada apenas quando o parto normal não for possível.

Além disso, o profissional de saúde deve informar a gestante a respeito de como funciona uma cesariana.

O mais importante é dar o protagonismo da história para quem merece de fato – a mãe e o bebê – para que uma nova história comece sempre com um bom começo.

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Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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