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A fórmula sexo, drogas e rock and roll acompanhou muitas gerações, desde os idos anos 1960. Diversas experiências envolvendo músicas e psicotrópicos propiciaram a onda de liberdade sexual, que se tornou simbólica com o festival de Woodstock.
É sabido cientificamente que muitas substâncias químicas são prazerosas, o que se potencializa ao som do bom e velho e rock’n roll. Mas, segundo uma pesquisa, publicada na revista Nature, as mesmas substâncias químicas que proporcionam o prazer gerado pelo sexo, pelas drogas recreativas e pela comida são ativadas no cérebro pela música.
O estudo, realizado pela Universidade McGill de Montreal (Canadá), constatou, de forma inédita, que o sistema cerebral chamado opioide interfere nas áreas do cérebro ativadas com estímulos prazerosos. Daniel Levitin, um dos autores da pesquisa, diz que “esta é a primeira prova de que os opioides próprios do cérebro estão diretamente implicados no prazer musical”.
Levitin já vinha realizando um mapeamento cerebral sobre as áreas ativadas pela música, mas ainda não havia conseguido demonstrar que os opioides eram responsáveis pelo prazer.
De acordo com o UOL, os cientistas fizeram o seguinte experimento: bloquearam seletiva e temporariamente os opioides usando naltrexona, um remédio receitado em tratamentos para a dependência de drogas. Eles mediram as reações dos 17 participantes da experiência a estímulos musicais, dentre eles suas músicas favoritas.
Através desse controle, os pesquisadores identificaram que as músicas favoritas dos participantes deixaram de gerar sensações prazerosas, confirmando a hipótese inicial da equipe de investigadores. “As conclusões responderam às nossas hipóteses. Mas as lembranças, as impressões que os participantes compartilharam conosco depois do experimento foram fascinantes”, explica Levitin.
Um dos participantes disse que percebia que conhecia a sua música favorita, mas que ela não lhe dava emoção alguma, que havia perdido completamente o significado para ele.
O fato de a música afetar o nosso estado emocional pode ser um sinal de origem evolutiva, por isso “estas novas descobertas apresentam mais provas sobre a base biológica evolutiva da música”, comenta Levitin.
Uma outra contribuição da pesquisa pode ser ajudar nos casos de dependência química, já que atividades como o sexo, jogar cartas, consumir álcool e outras substâncias podem causar dependência química e prejudicar a vida de muitas pessoas.
Por isso, os estudos sobre a origem neuroquímica do prazer são essenciais para a neurociência em geral, que esbarra em muitos problemas para realizar testes em humanos, já que existe um código de ética a ser respeitado em experimentos, além das limitações tecnológicas.
Tanto que Levitin destaca que esse foi o estudo “mais difícil e complicado em 20 anos de pesquisas”.
É preciso assegurar aos participantes de pesquisas que eles não terão um efeito secundário nocivo decorrente de uma droga que lhe é receitada sem que ele precise dela. Os 17 participantes da pesquisa realizaram exames de sangue um ano antes do experimento, para certificar que não tinham condições que poderiam ser agravadas com o uso do fármaco.
É importante que as pesquisas levem com muito rigor a ética em seus experimentos. Embora fiquemos ansiosos por descobertas que possam trazer benefícios para muitos males, tais limites são extremamente importantes para a preservação da nossa própria espécie e da nossa liberdade como indivíduos.
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Categorias: Saúde e bem-estar, Viver
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