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A dengue, considerada hoje um dos maiores gargalos da saúde pública do Brasil, pode estar perto do fim. A doença que é transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti fêmea costuma causar febre, dores nas articulações e sangramentos fatais nos casos mais extremos. Segundo o Instituto Butantan, uma vacina para os 4 sorotipos comuns da dengue já está em fase final de avaliação e pode estar disponível ainda este ano para a população.
Marcelo de Franco, diretor substituto do Butantan, explica que a vacina começou a ser desenvolvida em 2008 junto com órgãos de saúde do governo americano. A ideia é que uma única dose da vacina seja capaz de prevenir todos os sorotipos da dengue (sorotipos 1, 2, 3 e 4). Isso significaria um enorme avanço na saúde pública de países tropicais ou subtropicais que precisam lidar anualmente com os problemas oriundos do mosquito.
Atualmente, já existe uma vacina francesa contra dengue disponível no mercado brasileiro, normalmente encontrada em clínicas particulares. A diferença fundamental entre a que está sendo desenvolvida pelo Butantan é a quantidade de doses e também o tempo de ação. A vacina francesa atual precisa de pelo menos 3 doses (uma a cada 6 meses) para que seus resultados sejam efetivos, já a que está sendo testada pelo Butantan necessita de uma única aplicação, garantindo pelo menos 90% de eficácia entre 15 e 20 dias.
Marcelo relata que o processo é um pouco demorado devido às exigências da ANVISA.
São necessárias 3 etapas de testes antes que a vacina possa ser disponibilizada no mercado. Primeiro, avalia-se a segurança da vacina no organismo humano. Em seguida, verifica-se qual a reação e resposta do organismo, e, por fim, verifica-se se a vacina realmente protege contra todos os sorotipos em uma única dose.
O instituto relata que a vacina já está na etapa final de avaliação e conta com 17 mil voluntários distribuídos em pelo menos 14 centros médicos diferentes pelo país. A expectativa, de acordo com Marcelo, é que os resultados sejam satisfatórios, garantindo então a liberação da ANVISA para que a vacina esteja disponível em meados de outubro ou novembro deste ano.
A vacina consiste na aglomeração do próprio vírus da dengue enfraquecido. Este, aliás, é o princípio de diversas vacinas disponíveis no mercado. A ideia é que em contato com o vírus enfraquecido o organismo humano seja capaz de controlá-lo e eliminá-lo facilmente. Assim, caso haja contato posterior com o vírus, o corpo já terá anticorpos para evitar complicações do desenvolvimento do vírus.
Nos Estados Unidos, como relata Marcelo de Franco, esta mesma vacina já tem mostrado resultados satisfatórios no combate à dengue. Isso é dito pois as agências americanas podem pedir aos voluntários que sejam propositalmente expostos aos mosquitos, a fim de verificar a verdadeira eficácia da vacina. No Brasil isso não é permitido.
As estimativas são de que ao menos 50 milhões de pessoas sejam infectadas pela dengue anualmente pelo mundo. A dengue foi identificada pela primeira vez no Brasil em 1986, causando desespero e casos de internações e até mesmo de óbito. Caso semelhante que vemos hoje em dia quanto ao Zyka vírus. Neste âmbito, Marcelo diz que seria possível a criação de uma vacina pentavalente em 4 ou 5 anos que seria capaz de também proteger contra o Zyka vírus, além da dengue.
Até então, a melhor forma de evitar a propagação do mosquito e da doença é eliminando focos que possam servir como criadouros. Isso significa eliminar qualquer recipiente ou espaço com água parada, além de não jogar lixo em terrenos, lagos, mares e etc.
Como sabemos, a multiplicação do mosquito é facilitada pela falta de cuidado do homem com relação ao lixo, mas também tem a ver com a falta de estrutura que o governo oferece à população.
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Categorias: Saúde e bem-estar, Viver
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