Yoshinori Ohsumi, 71, vence o Nobel em Medicina 2016 com sua teoria da “reciclagem” das células. Entre 273 pesquisadores candidatos neste ano, seus estudos foram considerados precursores da compreensão de processos fisiológicos fundamentais à vida.
Autofagia é o nome do mecanismo descoberto pelo japonês Yoshinori Ohsumi, que lhe rendeu o prêmio máximo da ciência em sua área de atuação.
Nossas células se reciclam, ou se preferir, se renovam continuamente em um processo de jogar fora o que não presta e consertar, reutilizar, o que presta. Este fenômeno está ligado diretamente ao envelhecimento e ao desenvolvimento de doenças degenerativas.
As células praticamente alimentam-se de si mesmas (autofagia) para poderem se reciclarem. Elas são capazes de destruírem o tudo que não lhes serve, botando para fora de suas membranas tudo que lhes for inútil. Ao mesmo tempo são capazes de reaproveitarem os componentes que lhes servem, sobretudo nas fases de estresse.
O biologista celular e professor na Tokyo Institute of Technology, observou os detalhes deste mecanismo que tinha sido descoberto nos anos de 1960 e estava justamente trabalhando em seu laboratório quando recebeu, surpreendido, a notícia do prêmio:
“O corpo humano vive através deste processo de autodecomposição, que é uma forma de canibalismo. Tenta manter um equilíbrio delicato entre costrução e desconstrução. E isso é o que no fundo caracteriza a vida” comentou o cientista na TV japonesa Nhk.
Um funcionamento errado, insuficiente, deficiente deste mecanismo pode causar doenças como câncer, diabetes, Parkinson. Os estudos de Yoshinori abrem o caminho para a compreensão de muitos dos processos fisiológicos fundamentais do nosso organismo tal qual a fome e as nossas respostas imunológicas às doenças. Pode em um futuro ajudar a compreender como tratar doenças, ter uma vida mais longa e mais saudável.
“A autofagia fornece rapidamente blocos de combustível, energia e construção para a renovação dos componentes de uma célula. É, portanto, essencial em situações de falta de comida ou de outros tipos de estresse. Após uma infecção, a autofagia permite eliminar as bactérias e os vírus que invadiram o corpo. Contribui para o desenvolvimento do embrião e à diferenciação das células durante o crescimento. As células também usam a autofagia para se libertarem das proteínas e organelas danificadas, através de um mecanismo de controle de qualidade que é essencial para combater os efeitos do envelhecimento.”
Mas, enquanto para alguns microorganismos patógenos, a autofagia é eficaz em defender o organismo, em outros casos, as bactérias podem escapar desta destruição. Entender o porquê deste fato prossegue na ciência como um desafio em aberto.
Esta é a 107ª edição do prêmio e outros vencedores, física e química, serão conhecidos nesta semana.
Leia a íntegra da motivação do prêmio, em inglês, aqui no Nobelprize.org.
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Categorias: Saúde e bem-estar, Viver
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