Setembro Amarelo: vamos falar sobre suicídio. A cada 45 minutos alguém se mata


É muito comum quando temos um problema silenciarmos sobre ele, como se ignorando-o ele fosse resolver-se sozinho, ou, quando notamos que alguém está enfrentando um momento difícil, nos afastamos para não nos envolvermos. Um grave problema que costuma ser tratado com silêncio é o suicídio.

A fim de dar visibilidade ao suicídio, um assunto que ainda é tratado como tabu, o Setembro Amarelo é uma campanha feita no mês de setembro com o objetivo de chamar a atenção para o suicídio e ajudar na sua prevenção.

Setembro é o mês dedicado à prevenção ao suicídio, sendo o 10 de setembro o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio.

No Brasil, a campanha #setembroamarelo é uma iniciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV), da Associação Brasileira de Psiquiatria e do Conselho Federal de Medicina.

Números e outros dados sobre suicídio

Os números sobre o suicidio no Brasil e no mundo impressionam: 

“No Brasil, todos os dias cerca de 32 pessoas dão fim à própria vida. O número corresponde a uma morte a cada 45 minutos“, explica o G1.

No mundo, mais de 700 000 pessoas morrem por suicídio todos os anos, ou seja, uma pessoa a cada 40 segundos, informa a OMS.

E, segundo informa o OPAS:

  • Para cada suicídio, há muito mais pessoas que tentam o suicídio a cada ano.
  • A tentativa prévia é o fator de risco mais importante para o suicídio na população em geral.
  • O suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens com idade entre 15 e 29 anos.
  • 79% dos suicídios no mundo ocorrem em países de baixa e média renda.
  • Ingestão de pesticidas, enforcamento e armas de fogo estão entre os métodos mais comuns de suicídio em nível global.

Agir salva vidas

Neste ano, o tema da campanha Setembro Amarelo é “Agir salva vidas”.

O suicídio parece ser um problema distante, mas ele é mais comum do que imaginamos. O silêncio faz com que ele aparente não estar perto.

Para prevenir, é preciso informar. Por isso, é tão importante falar do suicídio para que possamos ver e ajudar aquelas pessoas que estão em uma condição de extrema fragilidade emocional.

A tristeza e a solidão são sentimentos comuns a todos nós, mas existem algumas pessoas que têm muita dificuldade em lidar com eles. Julgá-las e culpá-las são duas atitudes que não irão ajudá-las em nada, e pior: só irá agravar a situação.

Quando alguém próximo comete suicídio, a pergunta “O que poderíamos ter feito?” acaba vindo à tona, e o senso de culpa por não ter percebido os sinais é quase que automático.

Agir pode salvar vidas, mas como e quando agir?

O presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antonio Geraldo da Silva, faz um alerta para as famílias que se sentem muito culpadas quando um familiar se suicida.

Em geral, o suicida dá sinais de que pode atentar contra a sua própria vida. Quando alguém fala “não tenho mais interesse em viver” ou “não quero mais viver” é uma forma indireta de expressar que necessita de ajuda.

A família e os amigos devem apoiar a pessoa conversando com ela, levando-a ao psiquiatra e ao psicólogo. Em um primeiro momento, a pessoa pode mostrar-se resistente, mas é fundamental fazê-la chegar a um especialista em transtornos mentais.

As possíveis e evitáveis causas do suicídio

O presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antonio Geraldo da Silva, afirma que muitas causas do suicídio são evitáveis. Por isso, sempre é possível fazer alguma coisa para ajudar alguém que está sofrendo ao ponto de cometer suicídio.

Em entrevista à EBC, Silva diz que

“essas pessoas que se suicidaram tinham algum tipo de transtorno mental. Isto é ruim, porque sabemos que essas doenças podiam ter sido tratadas e não foram. Podemos dizer que cerca de 36% dos pacientes que se suicidaram tinham algum tipo de transtorno afetivo, chamado de transtorno de humor, que é depressão, transtorno bipolar e outros quadros”.

O psiquiatra alerta que quase 100% dos casos de suicídio derivam-se de transtornos mentais. Caso fossem devidamente tratados, evitariam o suicídio.

Um outro problema levantado pelo psiquiatra é a associação do suicídio com a dependência química. O abuso de substâncias lícitas, como o álcool e cigarro, e também das ilícitas como a cocaína e o craque, é o segundo fator ligado a casos de suicídio depois da depressão.

Não há nenhuma campanha de promoção da saúde e de prevenção de doenças como formas de ação de combate ao suicídio. Grande parte dos pacientes não têm acesso a tratamentos e medicamentos que atendam as doenças psiquiátricas.

Mas às vezes nem precisaria tanto, um método aparentemente simples como a atividade física, é um grande aliado importante no tratamento e na prevenção de doenças como a depressão.

Suicídio e depressão

Falar de suicídio, na maioria das vezes, é falar de depressão mas nem sempre falar de depressão é falar de suicídio. Nem todo mundo que sofre de depressão comete suicídio mas este é um dos primeiros sinais de alerta.

A depressão é uma das doenças associadas ao suicídio. Ela é a dor da alma. É um sofrimento muito grande que pode levar uma pessoa a cometer o suicídio. Por isso, nunca ignore aquela pessoa que está próxima a você ou considere que ela esteja exagerando quando apresentar um quadro de depressão.

O presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria destaca, ainda, que o preconceito é uma das principais causas do suicídio, porque a ignorância sobre o tema leva ao seu silenciamento e à falta de discussão.

É importante saber falar sobre esse tema sem glamourizar o suicídio. Muitos famoso se suicidaram mas não por isso são heróis. Outros detalhes que não devem entrar na conversa é sobre métodos e técnicas suicidas.

Pandemia de depressão

E como não se deprimir na atual conjuntura de não-vida que estamos vivendo?

  • Relações robóticas online, reuniões no Skype e no Meeting
  • Aplicativos de relacionamento (ninguém mais paquera ao vivo e em cores) 
  • Desemprego e incertezas sobre o futuro
  • Medo de Covid-19 e perda de amigos e parentes
  • Sentimento de solidão aflorado (dado que ninguém mais se encontra)
  • Lockdown, distanciamento social, desconfiança de que tudo e todos podem te infectar

Nessas condições, de fato, não cair em depressão é quase um milagre. Por isso, é importante que, não obstante tudo, as pessoas se mantenham humanas. O homem é um animal social que precisar interagir com outros.

Também vale ressaltar que em momentos críticos como durante guerras e pandemias, o egoísmo do salve-se quem puder pode falar alto, mas é nessas horas que a solidariedade deve se fazer mais forte ainda.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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