Brasil tem benzedeira em todas as terras, pequenas e grandes. É uma tradição que vem de longe. Os indígenas benzem, os africanos benzem, os europeus benzem, e cada qual em sua ritualística, com sua religião. E o Paraná já tem duas cidades onde a lei reconhece as benzedeiras como agentes de saúde pública.
Primeiro foi a cidade de Rebouças, desde 2009 e depois, em 2011, São João do Triunfo. Nessas duas cidades paranaenses a ação das benzedeiras, rezadeiras, curandeiras e costureiras de rendiduras (dores musculares) foi reconhecida e legalizada. Na prática, a lei “legalizou o acesso e manipulação de ervas medicinais por essas “profissionais”, de modo a facilitar o atendimento delas à população” o que quer dizer que, a partir da aprovação da lei, as benzedeiras cadastradas têm livre acesso a qualquer terreno municipal de Rebouças e São João do Triunfo, mesmo que sejam terrenos privados, para coletar as ervas de que precisam para suas curas, desde que as leis ambientais sejam respeitadas. Leia mais no aqui sobre as duas aprovações citadas acima.
Mas, em muitas outras cidades brasileiras, apesar da legislação não acompanhar o uso que a população faz das benzedeiras, essas atuam inclusive com a aprovação dos médicos de família. Esse é, por exemplo, o caso do município de Maranguape (CE) onde a ação conjunta de médicos e benzedeiras obteve uma significativa vitória sobre a morte de crianças pequenas, pelo acompanhamento dessas mulheres que estão muito mais próximas da realidade da sua comunidade e conhecem ervas, e soluções alternativas, para problemas que, em não sendo atendidos à tempo, podem matar.
Abaixo você poderá conhecer o trabalho das benzedeiras em Vila Macacos, Belo Horizonte pelo documentário “Benzedeiras”, dirigido por Sílvia Batista Godinho. Veja aqui a matéria completa.
Ou então, como a verdade das benzedeiras de Rio de Contas (BA), mulheres detêm a “arte de curar, de aliviar e de consolar” nas palavras de René Penna Chaves, autor de um livro chamado “Medicina Antropológica, publicado pela editora Sarvier, São Paulo, em 1976. As benzedeiras de Rio de Contas são de origem africana mas seus ritos de cura também são fortemente marcados por elementos indígenas (pajelança) e católicos. E fazem tão bom efeito quanto as benzeduras feitas por benzedeiras portuguesas, ou espanholas, ou, enfim, de qualquer outra nacionalidade e origem. O que importa é o ato de benzer e a vontade de o fazer bem feito, as ervas usadas de forma acertada, cuja “ciência de cura” é consagrada pelos milênios de uso popular, o uso da água como veículo de essências, lavagem, banhos, escalda-pés, e a firme convicção de que vai dar certo. Leia mais aqui sobre esse trabalho.
Em 2011 as benzedeiras dos municípios de São João do Triunfo e de Rebouças conquistaram o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, do IPHAN, pelo projeto de mapeamento social das benzedeiras da região, com o apoio do MASA – Movimento Aprendizes da Sabedoria, o que é mostrado no filme “Benzedeiras – ofício tradicional”.
Ou como a história de Dona Dalila Senra Fabrini (não sei se ainda estará viva pois já lá ia pelos 94 anos, e continuava benzendo), de Belo Horizonte (MG) que se descobriu benzedeira em uma necessidade de um filho seu, como ela mesma conta no vídeo abaixo, e cujo trabalho deu à capital mineira o reconhecimento dela como um patrimônio imaterial de Belo Horizonte recebendo o prêmio da Fundação Municipal de Cultura como mestre da cultura popular da cidade em dezembro de 2014.
Talvez te interesse ler também:
BENZEDEIRAS, REZADEIRAS, CURANDEIRAS: A CURA PELA NATUREZA E PELA FÉ
PINEAL: COMO CUIDAR BEM DA GL NDULA QUE FAZ A PONTE ENTRE O CORPO E A ALMA
Fonte foto: Youtube
Categorias: Saúde e bem-estar, Viver
ASSINE NOSSA NEWSLETTER