Crowdfunding é usado para desenvolver pesquisas sobre o Zika vírus


Um teste rápido para detectar a presença do Zika vírus na saliva está sendo desenvolvido por pesquisadores de Brasil, Israel e Reino Unido, os quais lançaram uma campanha de arrecadação de recursos pela internet.

O teste detectará o RNA (sigla em inglês para ácido ribonucleico) do vírus na saliva da pessoa infectada, pois o código molecular é uma espécie de identidade do vírus.

A primeira fase da pesquisa reuniu 40 mapeamentos de variedades do vírus feitos em todo o mundo e cruzou informações com o objetivo de descobrir qual parte do RNA é específico do Zika.

Depois dessa fase de isolamento de sequência genética, os cientistas pretendem usar uma tecnologia simples e barata para dar continuidade no processo de identificação do vírus na saliva. É preciso, apenas, coletar uma amostra de saliva ou de secreção nasal e colocá-la num tubo de ensaio com um reagente químico. Se houver mudança de cor, a pessoa está infectada pelo vírus. “Você pode usar isso no meio da selva, em lugares inacessíveis”, diz o Gilas Gomé, da Universidade de Tel Aviv e pesquisador-chefe do projeto.

A pesquisa buscou aliar precisão e baixo custo, dois problemas dos atuais testes, que apresentam erros de diagnóstico.

A segunda fase do projeto começará na próxima semana e será dedicada a testar o método em amostras de sangue, urina e saliva contaminadas e armazenadas no laboratório Lika, da Universidade Federal de Pernambuco.

A última fase do projeto será levar o kit de testagem para campo, de modo a ser usado em humanos e mosquitos. Futuramente, os cientistas esperam que o teste seja ampliado para identificar, também, sinais de dengue e chikungunya.

O governo federal brasileiro e organizações internacionais vêm disponibilizando muitos recursos financeiros em pesquisas sobre Zika vírus e o mosquito Aedes aegypti, mas eles são insuficientes. Por isso, a equipe de pesquisadores do projeto decidiu usar o crowdfunding para arrecadar mais recursos, através de uma plataforma online, que serão destinados à segunda fase da pesquisa.

O site aceita contribuições de qualquer valor para chegar aos U$ 6 mil necessários. Em 48 horas, o projeto já conseguiu 70% do total. O dinheiro será usado na construção dos kits de testagem.

Todos os resultados dos testes serão disponibilizados na internet gratuitamente. Essa outra parte inovadora do projeto aproxima a ciência da sociedade e cria acessos para que mais pessoas tomem conhecimento sobre ele.

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Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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