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“A taxa de detecção de Aids, entre jovens de 15 a 24 anos, vem crescendo em uma velocidade bem maior que da população em geral”, disse Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância e Saúde do Ministério da Saúde. A fala do ministro foi posta em outro artigo sobre a AIDS que publicamos recentemente, demonstrando o crescimento da doença entre os jovens brasileiros, que não se preocupam mais em serem contaminados pelo HIV em suas relações sexuais.
Este dado nos faz pensar: os jovens, e até menores de idade, do mundo inteiro, estão tendo mais acesso ao sexo com diversos parceiros para se submeterem ao riscos de contaminação do HIV?
A resposta é sim! E o motivo disso tem nome; a internet.
De volta aos anos 1990, quando eu tinha 15 anos, paquerar só ao vivo e em cores, cara a cara ou, na melhor das hipóteses, por meio do “Correio Elegante” das festas juninas. E, para aqueles que não tinham muito talento para o flerte nesse período, quase todos ficavam “chupando o dedo” e, quando encontravam alguém, dificilmente trocavam seu parceiro/parceira com frequência.
Hoje, mesmo o mais tímidos dos homens e das mulheres heteros ou homossexuais, consegue se dar bem utilizando aplicativos como o Tinder, o Grindr e outros, além de salas de chats, whatsApp e redes sociais. E não com uma pessoa apenas, mas com várias. Eles conversam e, pela internet, já conseguem pular várias etapas de um encontro normal, já marcando para se encontrarem e terem relações sexuais.
Segundo dados da Organização das Nações Unidas, essa situação está levando a uma epidemia do vírus HIV no mundo, especialmente entre os jovens do continente asiático.
A pesquisa foi realizada ao longo de dois anos e mostrou aumento nas infecções entre homossexuais e transgêneros, e o pior, a maior parte dos contaminados possui entre 10 e 19 anos de idade.
Isso significa, claramente, que o sexo casual se espalha entre os mais jovens como nunca antes, graças, em grande parte, aos aplicativos de relacionamento, com jovens despreocupados com doenças sexualmente transmissíveis como a AIDS.
Para exemplificar, um dos jovens pesquisados, um garoto homossexual menor de idade, sem acesso a bares e boates, que sofria bullying na escola, afirmou que os aplicativos revolucionaram sua vida sexual e que já perdeu a conta de quantos encontros casuais teve.
Aplicativos dessa natureza também são utilizados na prática da prostituição e exploração sexual de crianças e adolescentes.
Assim sendo, mesmo com a AIDS diminuindo na maioria dos países do mundo, a meta da ONU de encerrar a crise global da AIDS até o ano de 2020, fica extremamente comprometida quando a próxima geração é o novo foco de crescimento de soropositivos.
Segundo a Unicef existem cerca de 220 mil jovens entre 10 e 19 anos soropositivos na região da Ásia-Pacífico, mas os números das Nações Unidas indicam que esse total pode ser muito maior, tendo grande parte dos infectados morando em locais fora do alcance dos estudos, e muitas vezes desconhecendo o próprio estado, sem condições de receber o tratamento adequado.
A ONU também afirma que os países que discriminam as relações homossexuais, servem como adicional aos jovens solitários que buscam conforto em encontros casuais para fugir do preconceito a que estão cercados. O acesso a exames médicos também é afetado por conta do medo de se revelar como homossexual, o que os deixa sem saber que são soropositivos e, quando descobrem, não recorrem ao tratamento pelo mesmo motivo; represálias da sociedade em que vivem.
A Unicef já deixou claro que este é um problema de saúde pública, mas quase nenhuma autoridade trata do assunto. Um porta-voz do Grindr afirmou, em nota, que a empresa toma cuidados para verificar a idade de seus membros e garantir que o aplicativo não seja usado para exploração infantil. O Tinder, porém, não falou sobre o caso.
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Fonte foto: shutterstock.com
Categorias: Saúde e bem-estar, Viver
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