Internacionalmente conhecida como “castanha-do-Brasil” (“Brazil nut”, como é chamada em inglês), a castanha-do-pará, como é mais conhecida em nosso território tupiniquim, entrou para o ramo dos alimentos que se mostram mais importantes para o consumo. Uma pesquisa da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP revelou que o consumo diário da castanha-do-pará recupera a deficiência de selênio e tem efeitos positivos sobre as funções cognitivas de idosos com CCL, Comprometimento Cognitivo Leve, que seria o estágio intermediário entre o envelhecimento e demências como a Doença de Alzheimer.
A nutricionista Bárbara Cardoso explica que o CCL é caracterizado pela perda cognitiva (processo que envolve atenção, percepção, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento, linguagem) maior do que o esperado para a idade. “Pessoas com comprometimento cognitivo leve têm mais risco de desenvolver Alzheimer”.
Dos estudos realizados, foi revelado que a associação entre os níveis de selênio e o estresse oxidativo (radicais livres em excesso na comparação com o sistema protetor das células do organismo), nas pessoas com CCL.
O selênio é um mineral importante que possui enzimas antioxidantes que combatem a formação de radicais livres, que levam ao envelhecimento das células.
“Com o avanço da idade, os neurônios apresentam maior ineficiência no processo de produção de energia, com o aumento da geração de radicais livres. Já a capacidade do sistema antioxidante, que combate esses radicais, tende a reduzir. Esse descompasso contribui para o comprometimento cognitivo leve porque os radicais livres acabam afetando o sistema motor, sensorial, a memória e o aprendizado”, afirma Bárbara.
A pesquisa mostra que o consumo diário da castanha-do-brasil pode melhorar a resposta antioxidante e diminuir o declínio cognitivo.
Para chegar a este resultado, foram feitos estudos em 20 idosos dos sexos masculino e feminino, do Ambulatório de Memória do Idoso, do Serviço de Geriatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (FM) da USP. A maioria deles, com deficiência em selênio.
Bárbara explica que o alto número de idosos com deficiência em selênio no Sudeste era esperado, pois o solo da região é pobre deste mineral e o povo de São Paulo é propenso à esta deficiência.
Por seis meses a nutricionista acompanhou os idosos, sendo que um grupo ingeriu castanha-do-brasil todos os dias e o outro não. Ao final do período de testes, foram feitos teste que mostraram que o grupo que consumiu a castanha diariamente deixou de apresentar deficiência de selênio. Testes de avaliação neuropsicológica também foram realizados após período de consumo da castanha-do-brasil.
“Os testes analisaram domínios cognitivos, como a fluência verbal, capacidade de copiar desenhos, reconhecimento de figuras, entre outros. E o grupo que ingeriu a castanha apresentou melhora nos aspectos de fluência verbal, avaliada pelo número de animais que o entrevistado consegue mencionar durante um minuto, e praxia construtiva, avaliada pela capacidade do entrevistado em fazer cópia de quatro desenhos apresentados pelo examinador (círculo, losango, retângulos sobrepostos e cubo)”, explicou Bárbara.
O consumo de somente uma castanha forneceu 288,75 microgramas de selênio ao dia aos idosos pesquisados, superando o nível de consumo diário de selênio que é de 55 microgramas por dia e sem ultrapassar o limite tolerável que é 400 microgramas dia.
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Categorias: Saúde e bem-estar, Viver
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