Aumenta o número de câncer em nossa sociedade?


Partimos da seguinte premissa: o número de pessoas acometidas pelo câncer em nossa sociedade está em aumento ou seria o nosso acesso ao Facebook e similares, a uma medicina avançada que nos permite diagnósticos precoces, que nos dão essa impressão?

É, porque se não fosse a internet, em geral, como você saberia que aquela amiga do ginásio que você nunca mais viu, está lutando contra essa doença?

Não vamos longe na premissa porque, o fato é que, os motivos pelos quais o câncer se desenvolve ainda são desconhecidos. Existem hipóteses: alimentação, poluição, estresse, genética…Se soubéssemos a causa, seria mais fácil tratar a doença que em linhas gerais se traduz como um crescimento desordenado das células, o que seria uma resposta errada a uma determinada doença ou distúrbio. Esta mesma “linha geral” pode ser aplicada à qualquer doença, que não seria nada mais do que uma certa defesa errada, ou exagerada, do nosso próprio sistema imunológico.

Voltando ao Facebook, a todas as redes sociais e ao acesso à internet, com tanta informação em torno, inclusive com novos instrumentos para diagnósticos precoces, o certo é que o medo de desenvolver câncer, com certeza, cresce pois, a nossa impressão é de que, sim, tem mais gente acometida por esta doença agora do que antes.

Assim, as pessoas cada vez mais buscam um estilo de vida saudável na crença, muitas vezes fundada, de que isto possa prevenir muitos males, não apenas o câncer, além de melhorar a qualidade de vida e alongar sua expectativa.

Nesse sentido, surgem livros de auto-ajuda e muitas dietas para a cura do câncer e tantas outras doenças.

Uma teoria que vem sendo muito comentada, por haver uma certa coerência, é a de que o Homo sapiens não estaria geneticamente adaptado para a dieta moderna.

Trata-se da dieta paleolítica, que consiste em uma alimentação à base de plantas selvagens e animais, habitualmente consumidos pelo homem durante o Paleolítico, período durante o qual surgiu o Homo sapiens, há cerca de 10.000 anos, e que durou 2.500 anos, terminando com o advento da agricultura e da domesticação de animais. A dieta tornou-se popular em meados da década de 1970 com o gastroenterologista Walter L. Voegtlin e fora prontamente estudada por numerosos autores e pesquisadores. Um destes é a bióloga, doutora em imunologia e bacteriologia, Jacqueline Lagacé, uma canadense autora do livro The End of Pain, entre outros. A autora discorre em termos médicos e químico-nutricionais o porquê nossa dieta influi diretamente sobre a nossa saúde.

A causa de muitos problemas modernos de saúde, seria a de que os seres humanos evoluíram com necessidades nutricionais específicas para os alimentos disponíveis na época, e que as necessidades nutricionais de hoje, permanecem adaptadas para a dieta de nossos antepassados do Paleolítico.

Não iremos tão longe mas é interessante levantar algumas questões sobre a alimentação e a modernidade:

Se nossos genes são ainda os mesmos do período paleolítico até onde evoluiu o Homo sapiens, é verdade que comer carne 3 vezes por dia é mais do que um exagero. Conseguir caçar era um evento que ocorria ocasionalmente e que requeria muita energia. Além disso, o tipo de carne e o seu método de cozedura há 10.000 anos, nada tem a ver com a nossa carne de matadouro.

O problema maior de tudo aquilo que ingerimos é: o quão distante de sua forma original os alimentos se tornaram no período pós-industrial?

Se nosso sistema digestivo não se modificou em 10 mil anos, imagina como reage depois de apenas 200 anos (a revolução industrial se deu entre 1760 e 1840, período em que a produção artesanal deu lugar à produção industrial). Tanto a própria indústria alimentícia deixou tudo pré-preparado e crocante para colocarmos em nossas mesas, como também a própria agricultura modificou os métodos de plantação e colheita para obter um melhor rendimento de tudo quanto é cultura.

Terminamos sem resposta à pergunta do título, mas com outros questionamentos sobre o nosso estilo de vida, na esperança de evoluirmos, e não retrocedermos.

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foto: livrespensadores.net

Fonte foto capa: freeimages.com




Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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