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A pergunta pode até chocar – homem sofre de qualquer coisa pós-parto? Como, se os homens não podem parir! Mas, ainda bem que o mundo de hoje começa a se abrir a novas ideias. Sim, os homens também sofrem de depressão, isso não é frescura. E sofrem, muito, de depressão pós-parto, como comprova um estudo neozelandês de Linda Underwood concluído em março passado.
Pouco se fala, ainda, de depressão – quer dizer, muito se fala e pouco se ouve. Mas, 2017 é o Ano da Depressão, segundo a OMS, o que dá maiores chances deste mal verdadeiro ser melhor entendido, aceito e mais bem tratado.
Há duas situações clínicas mentais, comportamentais, emocionais, que podem afetar os homens que são pais recentes – a melancolia e a depressão pós-parto.
Segundo o Babycenter, um site que dá boas orientações sobre o cuidado com bebês e seus pais, essas duas situações clínicas reais têm alguns sintomas que as podem confundir mas que no contexto, indicam diagnósticos diferenciados que merecem cuidado.
A depressão pós-parto masculina deve ser avaliada caso você, homem e pai recente, sinta pelo menos um dos sintomas abaixo concomitantemente com a situação de ter um bebê recém nascido em casa:
* Falta de vontade de se socializar
* Mudanças no apetite (geralmente falta)
* Dores sem motivo aparente
* Ansiedade e preocupação
* Queda no desempenho profissional
* Falta de interesse em sexo
* Exaustão
* Insônia
Depressão pós-parto masculina é um processo depressivo como outro qualquer – que merece ser cuidado, tratado, acompanhado – que, no entanto, ocorre como consequência do ser humano ter se tornado pai e se ressentir de algum tipo de pressão como:
* Sentir-se muito ansioso ou deprimido durante a gravidez (motivos mil, desde pressão financeira, desemprego ou medo do que virá)
* Ter um bebê que apresenta grande dificuldade para dormir (ficar sem dormir deixa qualquer um de nós doente)
* Ter um bebê que chora o tempo todo (a gente se sente super impotente, neste caso, não?)
* Ser pai de gêmeos (ufa!)
* Ter vivenciado um parto difícil junto com sua companheira (segundo os relatos na mídia este é um dos fatores que mais impressiona aos homens)
Já a melancolia pós-parto masculina é uma situação diferente, afirma o Babycenter e vincula esta outra patologia a fatores como:
* Medo da paternidade (preocupação com as novas responsabilidades ou com a perda da liberdade, por exemplo)
* Receios financeiros (estresse com as despesas extras ou com a possibilidade de se tornar o único provedor da casa)
* Ansiedade sobre seu novo papel (Será que serei um bom pai? Será que serei igualzinho ao meu pai?)
E, os sintomas da melancolia masculina pós-parto são:
* fadiga e ansiedade
* afastamento da família
* irritabilidade
* insônia ou excesso de sono
* falta ou excesso de apetite
Bom, em qualquer dos casos acima o pai que sofre precisa de apoio clínico e terapêutico pois, só dessa maneira é que se evitará que ele, pai, sofra um colapso que, esse sim, afetará também a mãe e filhote.
Um dos problemas mais difíceis de se resolver é o que advém das “obrigações sociais” criadas culturalmente – desde o aprendizado de que “homem não chora” até o encarar de que “sim, estou precisando de ajuda”, este é um percurso árduo para qualquer homem ser humano que se preze de verdade.
Não adianta você dizer – sim, você que está de fora do problema dizer que tudo isso é frescura.
Opiniões “sem boa vontade” não ajudam ninguém a sair de um processo depressivo já que “depressão é doença”, não é preguiça ou falta de vergonha na cara.
Segundo a autora do estudo sobre depressão pós-parto masculina, Lisa Underwood, o estudo em questão foi aplicado na Nova Zelândia a um grupo de homens, pela avaliação de um questionário conhecido como Escala de Depressão Pós-parto de Edimburgo (EPDS), com 10 perguntas, que é normalmente aplicado às mulheres. Este questionário “identifica sintomas de depressão, como sentimentos de culpa, distúrbios do sono, baixa energia e até pensamentos suicidas” (na reportagem da BBC).
‘Não há exame de rotina para homens depois ou antes do nascimento dos filhos. Dado o potencial da depressão paterna em afetar direta e indiretamente as crianças, é importante identificar e tratar os sintomas entre os pais o mais cedo possível’, explicou a autora do estudo que conclui que, “um em cada 25 homens apresentaram sintomas de depressão pós-natal – e um em 50 foram afetados por depressão pré-natal”.
Bom, aqui no Brasil ainda é difícil que depressão seja bem tratada apesar de até ser considerada uma situação de saúde pública. O que dificulta o apoio necessário aos que sofrem deste mal, cada vez em maior número, são os preconceitos sociais e morais de uma sociedade que não preza o ser humano como tal. Portanto, é de se supor que os casos de depressão pós-parto masculina sejam menos considerados ainda e, por isso mesmo, nós começamos a discutir o assunto em alto e bom som.
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Categorias: Saúde e bem-estar, Viver
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