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“Estou morrendo de calor!”. Quem nunca disse essa expressão para se referir ao calor excessivo do nosso verão? Pois o que antes era uma expressão hiperbólica tornou-se uma expressão literal. Afinal, em alguns lugares do Brasil e do mundo, as temperaturas superam os 40ºC na estação mais quente do ano.
Embora seja raro, é possível, sim, morrer de calor.
A morte por calor se dá por hipertermia, que é o aumento anormal da temperatura corporal, geralmente resultante de condições ambientais quentes ou atividade física intensa, que pode levar a complicações de saúde se não for tratada adequadamente.
Existem três tipos principais de hipertermia:
A hipertermia pode acontecer de várias maneiras:
Insolação e golpe de calor são termos usados frequentemente de forma intercambiável, mas há uma diferença sutil entre eles:
Insolação: Refere-se especificamente à exposição prolongada ao sol ou a temperaturas extremas, resultando em uma falha no mecanismo de regulação da temperatura corporal. Os sintomas da insolação incluem tontura, confusão, pele vermelha e quente, pulso rápido e respiração rápida. Se não for tratada adequadamente, a insolação pode progredir para um golpe de calor.
Golpe de calor: É uma forma grave de hipertermia, caracterizada por uma elevação extrema da temperatura corporal. O golpe de calor pode ser causado por exposição direta ao sol, ambientes excessivamente quentes ou atividade física intensa em condições quentes e úmidas. Os sintomas são semelhantes aos da insolação, mas mais graves, e podem incluir confusão mental, perda de consciência, convulsões e danos irreversíveis em órgãos vitais.
Ambas as condições requerem atenção médica imediata. É importante estar ciente dos sinais e sintomas e procurar ajuda médica se houver suspeita de insolação ou golpe de calor.
É uma resposta do corpo ao esforço físico em altas temperaturas. Pode ocorrer devido à desidratação, perda excessiva de eletrólitos e incapacidade do corpo de resfriar-se adequadamente. Os sintomas incluem fraqueza, fadiga, náusea, tontura e sudorese excessiva.
A falta de água no corpo pode levar a uma série de complicações graves, incluindo falência de órgãos e morte. A desidratação severa ocorre quando a perda de líquidos é maior do que a ingestão, resultando em um desequilíbrio eletrolítico e comprometimento das funções corporais.
A hipertermia ocorre quando “O organismo começa a ‘cozinhar’ por dentro, desequilibrando todo o metabolismo”, explicou ao G1 o médico Carlos Machado, clínico geral especialista em medicina preventiva:
“Uma pessoa que fica com temperaturas altas durante muito tempo sofre hemólise, que é a destruição dos glóbulos vermelhos. O corpo começa a alterar as proteínas sanguíneas, e temos que lembrar que tudo no nosso corpo é proteína. Anticorpos, células, glóbulos brancos, o plasma sanguíneo, tudo isso começa a ser desnaturado. (…) A frequência cardíaca sobe muito, rins, fígado e cérebro passam a ter dificuldade de funcionamento”.
O controle da temperatura corporal é regulado pelo sistema hormonal e pelos rins, que ajustam o volume de água e a retenção de sódio para manter a pressão adequada. À medida que a produção de suor aumenta, a produção de hormônios que elevam a temperatura do corpo diminui, nos ajudando a manter a temperatura em torno dos 36,5ºC.
A exposição prolongada ao calor é um fator importante, mas não é o único determinante para a ocorrência da morte por calor. A duração e intensidade da exposição ao calor desempenham um papel significativo na hipertermia grave, como o golpe de calor. No entanto, cada pessoa reage ao calor de maneira diferente, e vários fatores podem influenciar a rapidez com que a hipertermia se desenvolve.
Além da exposição prolongada ao calor, outros fatores que podem contribuir para a morte por calor incluem:
Segundo o professor da Faculdade de Medicina da USP Paulo Saldiva disse à BBC, “estudos mostram que durante as ondas de calor há um aumento da mortalidade, sobretudo de idosos e bebês, que têm menos capacidade de adaptação e, muitas vezes, dependem dos cuidados alheios para se proteger”.
O suor que escorre pelo nosso corpo é uma estratégia de sobrevivência. O nosso corpo sua para regular a temperatura corporal. O sangue se refresca e baixa a temperatura do organismo.
Quando o calor está demasiado, há mais vasos de regulação térmica atuando no nosso corpo para que aumentemos a produção de suor. A consequência disso é que desidratamos.
Os idosos, que por conta da idade avançada acabam perdendo mecanismos de controle corporal, podem desidratar sem sentir sede. Quando o nosso corpo perde muita água, precisamos repor o líquido perdido, pois com a desidratação podem surgir outros problemas, tal como a queda da pressão sanguínea, já que os muitos vasos ficam dilatados ao mesmo tempo. Com a pressão baixa, o corpo sente tontura e vertigem e o coração bate mais rápido para tentar subir a pressão.
Leia mais: PRESSÃO BAIXA: DEVEMOS USAR SAL OU AÇÚCAR?
O problema é que a sobrecarga no coração, junto com a menor quantidade de líquido circulando no organismo, deixa o sangue mais denso, o que aumenta o risco de uma obstrução, como uma trombose e, até mesmo, uma parada cardíaca.
A temperatura em que uma pessoa pode morrer de calor varia dependendo de diversos fatores, como a umidade do ambiente, a exposição direta ao sol, a atividade física realizada e a saúde individual de cada pessoa. No entanto, em geral, a temperatura corporal interna de uma pessoa saudável normalmente varia entre 36,5°C a 37,5°C. Quando a temperatura corporal interna atinge cerca de 40°C a 41°C, ocorre a hipertermia, que pode levar a danos graves ou até mesmo à morte.
41 °C é já uma emergência médica – Podem ocorrer desmaios, vômitos, fortes dores de cabeça, tonturas, confusão, alucinações, delírios e sonolência. Também pode haver palpitações e falta de ar.
42 °C – Pode-se entrar em coma, apresentar delírios graves, vômitos e convulsões.
43 °C – Pode levar à morte ou resultar em sérios danos cerebrais, convulsões contínuas e choque. Provavelmente ocorrerá colapso cardiorrespiratório.
44 °C ou mais – Quase certamente a morte ocorrerá; no entanto, há relatos de pessoas que sobreviveram até 46,5 ° C.
É preciso manter o corpo refrescado, sobretudo, quando há uma onda de superaquecimento, isto é, quando o calor acima dos 36ºC se prolonga por mais de três dias consecutivos. Quando isso acontece, o corpo não consegue sozinho se autorregular. Então, temos que dar uma forcinha ao nosso organismo usando ar condicionado, ventilador, banho frio e beber muita água.
Além disso, evitar a exposição prolongada ao sol em horários de pico, vestir roupas leves e frescas e buscar ambientes frescos e sombreados.
Em caso de suspeita de hipertermia ou sinais de emergência, é essencial procurar atendimento médico imediatamente.
Fontes:
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Categorias: Saúde e bem-estar
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