Ontem à noite, pela primeira vez, o presidente dos Estados Unidos admitiu a gravidade do surto do novo coronavírus no país, disse que a situação não estava sob controle e se referiu ao SARS-CoV-2 como um “inimigo invisível”, informou a agência de notícias italiana ANSA nessa segunda-feira (16).
A imprensa estadunidense chamou a atenção para a demora do chefe da Casa Branca em adotar um discurso mais condizente com a situação.
“Trump, finalmente, leva a sério a emergência do coronavírus”, diz a manchete da CNN.
No Reino Unido, o primeiro-ministro Boris Johnson, que andava na contramão dos demais líderes europeus, também havia mudado o tom recentemente. Agora, no último domingo (15), o líder britânico anunciou novas medidas, “urgentes e draconianas”, para conter a epidemia de coronavírus.
No entanto, essas medidas geraram dúvidas e críticas, não só internamente, mas também em outros países da Europa.
Na semana passada, Johnson fez um pronunciamento alertando a população para a gravidade da situação, que definiu como “a pior crise sanitária de uma geração”. O primeiro-ministro exaltou os esforços locais para conter a propagação do vírus, mas destacou o agravamento da situação considerando o atual alcance global do surto.
Ontem (16), o correspondente do jornal italiano La Repubblica, Antonello Guerrera, questionou o quão “draconianas” seriam as medidas anunciadas pelo governo britânico.
Embora a Inglaterra esteja a “quatro semanas de distância de uma situação no estilo da Itália”, destacou Guerrera – o que poderia representar uma vantagem –, as ações até agora se resumem a pedir a cooperação da população, voluntariamente, sem que haja medidas efetivas de apoio do governo.
O correspondente lembrou, ainda, que “o tão célebre sistema de saúde pública britânico tem até agora apenas 6.000 leitos de terapia intensiva”, o que é muito pouco para enfrentar um pico do surto.
As escolas do Reino Unidos, por exemplo, permanecem abertas, e as pessoas com suspeita de infecção foram instadas a permanecer em casa, assim como seus familiares, além de ter sido reforçada a recomendação de que maiores de 70 anos evitem circular nas ruas.
Johnson também pediu que se evitasse a aglomeração de pessoas e sugeriu o fechamento temporário de diversos tipos de estabelecimentos – como pubs, teatros, cinemas e restaurantes – sem esclarecer quais seriam os mecanismos oficiais para amenizar o baque financeiro que isso representará.
“Aviso: tudo isso será voluntário. Não haverá nenhuma obrigação real de os cidadãos ficarem em casa, nem serão indiciados se não respeitarem os convites do primeiro-ministro, que, no entanto, diz: ‘Confio no senso comum deste país adulto e maduro’”, escreveu o correspondente italiano. “Mas, de fato, [a declaração de Johnson] desencadeia um limbo confuso: o que farão os proprietários de restaurantes, bares e cinemas agora? Como eles se comportarão? Alguns já estão em pé de guerra porque a sugestão do premier de que a população não frequente esses estabelecimentos é pior do que o fechamento drástico, pois, nesse caso, pelo menos as companhias de seguros poderiam pagar uma indenização. Agora, no entanto, não receberão nenhuma libra”, concluiu Guerrera.
Imaginem, agora, como serão as coisas por aqui.
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Categorias: Saúde e bem-estar, Viver
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