A infecção causada pelo zika vírus pode ser a causante de graves alterações fetais que se apresentam como uma síndrome, na qual a microcefalia é só a ponta de um iceberg.
Esta é a conclusão de um estudo apresentado por dois médicos baianos do Hospital Geral Roberto Santos, em Salvador, Antônio Raimundo Pinto de Almeida, diretor clínico do HGRS e Manoel Sarno, especialista em medicina fetal e professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e publicado esta semana na revista PLOS Neglected Tropical Diseases.
No artigo científico em questão é relatado “o caso de uma mulher grávida de 20 anos de idade, que foi encaminhada ao nosso serviço (do HGRS) após um grande surto de vírus Zika, na cidade de Salvador, Brasil com um exame de ultrassom, que mostrou retardo de crescimento intrauterino do feto na 18 ª semana de gestação . Exames de ultrassom nos 2º e 3º trimestres demonstraram microcefalia severa, hidranencephalia, calcificações intracranianas e lesões destrutivas de fossa posterior, além de hidrotórax, ascite e edema subcutâneo“.
Trata-se do estudo de um caso mas, dada a gravidade e as múltiplas lesões encontradas, foi considerado pelos cientistas como suficientemente significativo para que se permita aventar a hipótese de ser uma síndrome e não somente uma que outra lesão neurológica ou física as que se supõem serem causadas pelo zika vírus em fetos em gestação.
Segundo os médicos, a mãe foi avaliada em exames para detecção de outras virosas como aids, toxoplasmose, rubéola, hepatite C e citomegalovírus e sua gravidez foi normal, aparentemente, até a 14º semana, após a qual se verificou, em ultrassom, o desvio no crescimento do feto – quer dizer, o bebê estava bem menor do que deveria ser.
No caso em questão, não se constatou erupção cutânea, febre ou qualquer outro sintoma que pudesse indicar a ocorrência de infecção por zika vírus mas, a verdade é que o bebê tinha esse vírus no líquido amniótico e na medula. Isso pode indicar que o feto foi afetado pelo vírus do ambiente apesar de a mãe não o ter sido.
Enfim, um só caso, grave, que pode indicar uma ocorrência maior de sintomas, graves também.
Será significativa a avaliação de um só caso? Não, com certeza mas, para os cientistas, pelo menos serve de indicador do que deverão pesquisar, imagino eu “leigamente”.
Sem desmerecimento desta ou de qualquer outra pesquisa científica, não entendo é porque, até o momento, os cientistas ainda não divulgam o que descobrem quando analisam dados cruzados entre a ocorrência de zika, más formações fetais, como as descritas acima, e a contaminação por agrotóxicos que sofre nossa população.
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Categorias: Saúde e bem-estar, Viver
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