No estado de Alagoas, o número de casos da Síndrome de Guillain-Barré, doença neurológica grave caracterizada pela inflamação dos nervos e fraqueza muscular e que pode estar associada à complicações dos vírus da zika e febre chikungunya, e mortes suspeitas da enfermidade tem chamado a atenção.
Desde maio de 2015, foram registrados 70 casos da doença pela Santa Casa de Maceió, instituição credenciada para acompanhar doentes.
As autoridades vão investigar a causa da morte de uma criança de 3 anos, na semana passada, que teve febre alta e outros sintomas característicos de processos virais. Exames foram feitos para tentar identificar se o menino pode ter sido infectado pelo vírus transmitidos pelo mosquito Aedes aegypti.
O médico hematologista Wellington Galvão, que atende pacientes com com a Síndrome de Guillain-Barré na Santa Casa de Maceió, afirma que, no momento, sua equipe está acompanhando cinco doentes, mas desde o ano passado 70 já passaram pelos seus cuidados.
Segundo ele, “é cada vez mais frequente as mortes em decorrência de complicações neurológicas por arboviroses, que pode ser qualquer vírus atualmente. Idosos e pacientes com algum fator de risco são os mais vulneráveis. No entanto, em geral, o tratamento dos que aparecem com a Síndrome de Guillain-Barré tem evoluído positivamente. O que preocupa é quando algum paciente inserido no quadro de risco é atingido”.
Supõe-se que o aumento de casos da síndrome, relacionada aos vírus zika e febre chikungunya, tenham ligação com os eventos internacionais que acontecem no Brasil. “Pessoas que vêm da África trazem consigo estes males. O perigo maior é esta Olimpíada, que está prestes a acontecer. Assim como a Copa, o risco de aumento de casos virais é muito grande”, avalia o médico.
A Síndrome de Guillain-Barré (SGB) é uma doença rara e pouco conhecida que ganhou notoriedade depois que uma pesquisa mostrou que ela pode ser desencadeada pelo vírus Zika. A síndrome pode apresentar diferentes sintomas, como leve fraqueza muscular e paralisia total dos quatro membros (em casos raros).
O neurologista do Hospital Sarah, em Brasília, Eduardo Uchôa, explica que a síndrome é uma reação autoimune do corpo, já que o organismo, ao combater micro-organismos, como vírus ou bactérias, acaba atacando a si próprio. A origem da doença é controversa. “Por algum motivo, nosso corpo produz, através de suas células de defesa, anticorpos contra o nosso nervo periférico”, explica o especialista.
Dois terços dos casos da Síndrome de Guillain-Barré são precedidos por quadros de gripe ou diarreia e todos os sintomas aparecem em até quatro semanas após os primeiros sinais. “No quadro inicial, o paciente, geralmente, apresenta alterações de sensibilidade, tem formigamento, sintomas um pouco inespecíficos. Isso vai progredindo para um quadro de fraqueza, chamada de paralisia flácida ascendente, que costuma começar nas pernas e vai subindo. Isso tende a evoluir ao longo de até quatro semanas”, explica Uchôa.
A imunoglobulina é o principal tratamento durante a crise, porque faz a doença não evoluir. A fisioterapia é outro tratamento importante nos casos em que o paciente tenha perdido os movimentos. “Você tem o impacto inicial, a doença vai evoluir no máximo em quatro semanas e depois disso o paciente entra numa curva de melhora”, disse Uchôa.
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Categorias: Saúde e bem-estar, Viver
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