A pessoa está sempre atrasada. O que fazer?


Várias vezes nas nossas vidas tivemos amigos ou colegas de trabalho que não conseguiam ser pontuais, certo? Isso denota que o problema é muito mais comum do que imaginamos, se é que imaginamos. Geralmente tendemos a simplificar as coisas pensando que os atrasados de plantão são folgados, egoístas, irresponsáveis e, com toda essa chatice, se afastar ou demiti-los acaba sendo a saída mais rápida para quem literalmente cansou de esperar.

Acontece que as coisas, infelizmente, não são tão simples assim. O Distúrbio do Atraso Crônico, segundo alguns especialistas, está ligado ao Transtorno do Déficit de Atenção (TDA), depressão e ansiedade, o que significa que o atrasado sem querer se perde, mesmo! nos horários, tem a cabeça tão cheia de coisas que não consegue organizar prioridades.

As coisas vão indo mais ou menos, um amigo a menos aqui e um outro ali, “mas quem se importa? são mesmo todos falsos, não compreendem a minha vida dura”, até que o atrasado começa a perceber que seus atrasos estão lhe prejudicando, principalmente quando as perdas são mais palpáveis, como quando por exemplo perdem o emprego, não um nem dois, mas vários, e pelo mesmo motivo.

Mas nesse ponto a vida de quem não consegue chegar na hora está um verdadeiro caos e mesmo assim, apesar de todas as evidências de que “é hora de mudar”, é provável que o atrasado relute em admitir suas falhas.

Sim, porque faz parte, digamos da sobrevivência do ser humano, usar mecanismos de defesa contra os próprios defeitos e a tendência é sempre colocar a culpa no outro (que neste caso pode ser o trânsito, o relógio que não despertou e por aí vai).

Por que o atrasado se atrasa?

Bom, tendo em vista que não é possível que todos os dias exista uma desculpa para os atrasos sem fim, devem existir razões profundas que só um psicólogo poderia trazer à tona.

Segundo a psicóloga Tania Theodoro, formada pela USP de Ribeirão Preto, entre as razões existentes para o atrasado crônico poderíamos destacar:

* a incapacidade de dizer “não”, razão pela qual o atrasado acaba assumindo mais compromissos do que consegue cumprir;

* a necessidade de controle, pois ao chegar atrasado, inconscientemente, a pessoa alivia o seu medo de abandono quando vê que, apesar do atraso, alguém lhe esteve esperando;

* acreditar que o mundo gira em torno do seu umbigo, o que é uma a fantasia infantil que projeta a imagem de que o outro se adaptará às nossas necessidades, tal qual quando éramos bebês.

Como resolver o problema?

Ou você está lendo isso porque conhece alguém que está sempre atrasado e isso já ultrapassou a sua paciência, ou você está lendo porque estão te dizendo que você vive atrasado.

Em qualquer um dos casos, não é fácil reconhecer em si mesmo, ou fazer com que o outro enxergue, o tamanho do problema.

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foto: freeimages.com

A tendência do nosso inconsciente é nos preservar do que poderia vir a ser uma destruição, real ou imaginária, provocada pela vergonha da exposição ou admissão dos nossos erros, defeitos, comportamentos e coisas que entram em choque com a bela imagem que temos de nós mesmos. Por isso, dizer ao amigo que ele não é tão bacana quanto pensa, é difícil, se não impossível, pois é natural que todas as culpas recaiam no exterior (trânsito, relógio, vida dura, inclusive em você, que apenas gostaria de ajudar).

A psicóloga aborda o conceito do self que esclarece muito sobre esse ponto. Existem 4 tipos de self:

1. o self público que é conhecido por mim e pelos outros;

2. o self cego que é desconhecido por mim e conhecido pelos outros;

3. o self secreto que é conhecido por mim e desconhecido pelos outros;

4. o self inconsciente que é desconhecido por mim e pelos outros.

Como os outros nos veem (atrasados, pontuais, gente fina ou gente chata) é um teste de realidade que deve ser enfrentado pelo self cego para que possamos ser melhores testemunhas do nosso seu próprio comportamento, se é que estamos realmente preocupados em agradar e respeitar os sentimentos alheios, afinal, fazer as pessoas esperarem por nós…não é legal!

Talvez seja o caso de abrir o olho interno antes que os danos atrapalhem ainda mais as nossas vidas. Todos querem ser feliz!

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Fonte foto capa: fotospublicas.com




Daia Florios

Cursou Ecologia na UNESP, formou-se em Direito pela UNIMEP. Estudante de Psicanálise. Fundadora e redatora-chefe de greenMe.


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