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A frequência com que uma pessoa evacua pode variar bastante, mas qual seria a quantidade ideal para garantir uma boa saúde intestinal? Especialistas, como o gastroenterologista Martin Veysey, do Hospital de Camberra, na Austrália, e o microbiologista Sean Gibbons, do Instituto de Biologia de Sistemas, nos Estados Unidos, afirmam que o tempo de trânsito intestinal pode influenciar diretamente a nossa saúde. Ouvidos pela BBC, eles explicaram que, além da frequência, a qualidade do microbioma intestinal desempenha um papel crucial no bem-estar geral.
Pesquisas indicam que a frequência intestinal pode variar de três vezes ao dia a três vezes por semana. A maioria das pessoas evacua cerca de uma vez por dia, mas estudos realizados em 1980 pelo Dr. Ken Heaton e sua equipe mostraram que menos da metade da população segue esse padrão regular. Ou seja, o conceito de “normalidade” é mais amplo do que se imagina.
O Dr. Heaton é conhecido por criar a Escala de Bristol de Forma das Fezes, uma ferramenta útil para os médicos classificarem as fezes de seus pacientes e diagnosticarem possíveis distúrbios digestivos. A escala vai desde fezes duras, em pedaços, semelhantes a nozes (Tipo 1), até fezes totalmente líquidas e sem forma (Tipo 7). Os tipos 3 e 4, descritos como “fezes em forma de salsicha, macias e com rachaduras” ou “fezes em forma de salsicha e bem formadas”, são considerados ideais e indicam um sistema digestivo saudável.
Saiba mais:
O que as fezes dizem sobre nosso estado de saúde
Em um estudo conduzido em 2023 com mais de 14 mil adultos nos EUA, descobriu-se que evacuar menos de três vezes por semana pode estar relacionado a riscos aumentados de várias condições de saúde graves. Esse aumento de risco está relacionado ao fato de que, quando as fezes permanecem mais tempo no intestino, as bactérias intestinais fermentam as proteínas e as fibras não digeridas, produzindo toxinas prejudiciais à saúde. Essas toxinas podem entrar na corrente sanguínea, afetando órgãos vitais e favorecendo o desenvolvimento de doenças como Alzheimer, doenças cardiovasculares e até câncer colorretal.
Em relação ao Alzheimer, a teoria é que essas toxinas intestinais podem afetar o cérebro, exacerbando processos inflamatórios e até interferindo no funcionamento das células nervosas, contribuindo para o desenvolvimento da doença. Já no caso das doenças cardiovasculares, o acúmulo dessas toxinas pode contribuir para a formação de placas nas artérias, favorecendo a aterosclerose, um dos principais fatores para doenças cardíacas.
Por outro lado, evacuar mais de quatro vezes por dia também pode ser um sinal de alerta. Embora não haja um número exato de evacuações considerado “saudável”, evacuar excessivamente pode estar relacionado a condições como má absorção de nutrientes ou inflamações intestinais. Quando as evacuações acontecem com muita frequência, o corpo pode não ter tempo suficiente para absorver todos os nutrientes dos alimentos, o que pode levar a deficiências nutricionais, como a falta de vitaminas e minerais essenciais. Esse quadro também pode estar relacionado a problemas no microbioma intestinal, com uma predominância de bactérias patogênicas que causam inflamação e afetam a digestão.
Se você quer manter um trânsito intestinal saudável, os especialistas recomendam:
✔ Dieta rica em fibras: Frutas, legumes, verduras e grãos integrais ajudam na formação de fezes saudáveis.
✔ Hidratação: Beber bastante água facilita o funcionamento do intestino.
✔ Atividade física: Movimentar-se regularmente estimula o trânsito intestinal.
Se você notar mudanças repentinas na sua frequência intestinal, fezes muito endurecidas ou diarreia frequente, é importante buscar a orientação de um especialista. Além disso, fezes escuras, pretas ou vermelhas podem indicar a presença de sangue, não sempre, mas podem sinalizar a necessidade de investigação médica.
Calma, sangue nas fezes nem sempre é grave
Evacuar de uma a três vezes por dia parece ser a melhor faixa para manter um intestino saudável, segundo as pesquisas mais recentes. No entanto, o mais importante é observar o que é normal para você e estar atento a qualquer mudança nos seus hábitos intestinais.
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Fonte: BBC Brasil
Categorias: Saúde e bem-estar
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