O jejum intermitente, amplamente promovido por suas promessas de perda de peso e melhoria na saúde, vem sendo questionado por uma nova pesquisa. Estudos recentes indicam que para se alcançar os verdadeiros benefícios do jejum, práticas curtas podem ser insuficientes.
A eficácia do jejum, especialmente na forma intermitente que ganhou popularidade, requer uma abordagem mais profunda e cientificamente embasada. Uma investigação conduzida por uma equipe de especialistas da Queen Mary’s Precision Healthcare University Research Institute (PHURI) e da Norwegian School of Sports Sciences sugere que os efeitos positivos do jejum só começam a se manifestar após três dias de restrição calórica total. Esse achado coloca em xeque as práticas de jejum intermitente mais comuns, que geralmente se limitam a períodos de 16 a 24 horas sem ingestão de alimentos.
No estudo, 12 voluntários saudáveis submeteram-se a um jejum de sete dias, durante o qual apenas consumiram água. Os pesquisadores monitoraram mudanças nos níveis de aproximadamente 3.000 proteínas no sangue dos participantes. Observou-se que apenas após dois ou três dias sem alimentos, o corpo começa a alterar sua fonte de energia de glicose para gordura armazenada.
Essa mudança, conhecida como cetose, é essencial para a eficácia do jejum, mas não é alcançada nas formas mais populares de jejum intermitente. Além disso, o estudo destacou que a perda de peso observada nos voluntários, cerca de 5,7 quilos, foi uma combinação de massa gorda e massa muscular, com a recuperação da massa magra (músculos) ocorrendo rapidamente após o término do jejum, mas não da massa gorda (gordura).
A pesquisa, publicada na revista Nature Metabolism, diferencia-se de estudos anteriores ao utilizar técnicas avançadas para medir milhares de proteínas circulantes no sangue. Isso permitiu uma compreensão mais detalhada de como o corpo humano se adapta ao jejum.
Apesar dos resultados promissores quanto ao potencial do jejum, especialistas alertam para os riscos de se praticar o jejum sem orientação médica adequada. O jejum pode ativar um mecanismo específico, a cetose, que é benéfico mas que não é induzido por jejuns curtos como os propostos pelo jejum intermitente.
Claudia Langenberg, Diretora do PHURI, explicou:
“Pela primeira vez, pudemos ver o que acontece em nível molecular em todo o corpo quando jejuamos. O jejum, quando feito com segurança, é uma intervenção eficaz para perder peso. Dietas populares que incorporam jejum – como o jejum intermitente – afirmam trazer benefícios à saúde além da perda de peso. Nossos resultados fornecem evidências dos benefícios do jejum para a saúde além da perda de peso, mas estes só foram visíveis após três dias de restrição calórica total – mais tarde do que pensávamos anteriormente.”
A prática do jejum, especialmente de forma prolongada, deve sempre ser monitorada por profissionais da saúde. Tentativas de realizar jejum por conta própria, inspiradas por modismos e sem supervisão médica, podem ser perigosas e resultar em efeitos colaterais negativos, incluindo riscos psicológicos e o desenvolvimento de distúrbios alimentares.
Em suma, enquanto o jejum pode oferecer benefícios à saúde, é crucial que seja praticado com cuidado, conhecimento científico e sob orientação profissional. A popularidade do jejum intermitente deve ser encarada com cautela, reconhecendo que os benefícios reais podem exigir abordagens mais rigorosas e prolongadas do que as práticas atuais sugerem.
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Categorias: Saúde e bem-estar
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