A presença generalizada de microplásticos no meio ambiente tem sido uma preocupação crescente, à medida que essas minúsculas partículas de plástico se infiltram em várias esferas de nossa vida. Agora, um estudo realizado pelo Hospital Anzhen de Pequim trouxe à tona uma descoberta alarmante: milhares de microplásticos foram identificados também no tecido do coração humano.
Os microplásticos são fragmentos minúsculos de plástico com dimensões que variam de 1 a 5 milímetros, resultantes da fragmentação de produtos plásticos maiores. Eles têm sido motivo de preocupação devido à sua presença generalizada no meio ambiente, encontrados em corpos d’água, no ar, na cadeia alimentar e até mesmo em tecidos humanos. A capacidade dessas partículas de se acumularem e persistirem em diversos ambientes tem levantado questões sobre os potenciais impactos na saúde humana.
No estudo, publicado na revista Environmental Science & Technology, pesquisadores do Hospital Anzhen examinaram amostras de tecido cardíaco de 15 pacientes submetidos a cirurgias cardíacas. Usando técnicas avançadas de imagem, eles detectaram a presença de “dezenas a milhares de fragmentos microplásticos individuais na maioria das amostras de tecido”. Surpreendentemente, alguns desses microplásticos já estavam presentes nos tecidos antes das cirurgias, enquanto outros foram introduzidos durante o próprio procedimento cirúrgico.
Essa descoberta suscita preocupações sobre como os microplásticos podem afetar a saúde humana. Embora os efeitos exatos ainda não sejam completamente compreendidos, crescem as evidências de que essas partículas podem ser muito prejudiciais à saúde. Estudos em modelos animais já indicaram que microplásticos inalados podem interferir nos hormônios sexuais, levantando preocupações sobre possíveis impactos na fertilidade e na saúde reprodutiva. Além disso, existe a possibilidade de que microplásticos possam induzir carcinogênese e danos celulares semelhantes aos causados por partículas de poluição do ar, que já são conhecidas por contribuírem para milhões de mortes prematuras a cada ano.
Os pesquisadores identificaram nove tipos diferentes de plástico nas amostras de tecido cardíaco, incluindo polímeros como o metil metacrilato, comumente usado em alternativas inquebráveis ao vidro, e o polietileno tereftalato, amplamente utilizado em embalagens de alimentos. Essa diversidade de plásticos presente no tecido cardíaco ressalta a complexidade e a urgência de compreender os possíveis impactos à saúde.
O estudo também levanta questões sobre como os microplásticos entram nos tecidos cardíacos e quais poderiam ser seus efeitos a longo prazo após cirurgias cardíacas. Embora haja muito a ser explorado e compreendido, fica claro que os microplásticos representam uma nova fronteira preocupante na interseção entre a saúde humana e a contaminação ambiental. A necessidade de mais pesquisas e estudos é evidente para avaliar plenamente os riscos e implicações dessas partículas em nosso organismo.
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Categorias: Saúde e bem-estar
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