Índice
Esquisito, esquizoide, esquizofrênico, palavras parecidas com significados diversos. Em português “esquisito” está para estranho, mas em espanhol a mesma palavra significa delicioso. Uma pessoa esquisita é uma pessoa fora do padrão comum de comportamento, mas isso não significa que ela seja doente. O que caracteriza a possível doença ou transtorno mental de uma pessoa – além das classificações do Manual Diagnóstico e Estatístico de Desordens Mentais (DSM) e da Classificação Internacional de Doenças (CID) – são os prejuízos que os problemas mentais podem causar na vida de alguém. E como as relações sociais são fundamentais para a qualidade de vida de um animal social como o homem, o Transtorno da Personalidade Esquizoide pode representar um desafio considerável tanto para aqueles que o vivenciam quanto para aqueles que convivem com estes.
O Transtorno de Personalidade Esquizoide é uma condição complexa que se enquadra no grupo dos transtornos de personalidade. Para entender melhor essa condição, é importante compreender o que são os transtornos de personalidade em geral.
Todos nós temos traços de personalidade distintos, que moldam nossa maneira de interagir com o mundo e com os outros. No entanto, quando esses traços se tornam rígidos, inflexíveis e causam sofrimento significativo para a pessoa ou para aqueles ao seu redor, eles podem ser classificados como transtornos de personalidade.
O Transtorno de Personalidade Esquizoide é caracterizado principalmente por um desinteresse pela vida social e pela dificuldade em expressar sentimentos.
Pessoas com esse tipo de transtorno de personalidade têm sobremaneira duas características-chave: o Desprendimento Social Profundo e a Expressão Emocional Limitada.
Ou seja, pessoas com esse transtorno tendem a ficar sozinhas e a exibir uma gama restrita de emoções nas relações sociais. Seu afeto pode parecer superficial ou aplainado, e eles podem parecer indiferentes a elogios ou críticas dos outros. Dificilmente se casam e têm poucos (ou zero) amigos íntimos.
Mas para receber um diagnóstico de Transtorno de Personalidade Esquizoide, de acordo com o DSM-5, os pacientes devem apresentar quatro ou mais dos seguintes comportamentos:
Tais características não devem ser atribuíveis a outras condições médicas; não ocorrer no cenário de esquizofrenia, depressão maníaca, transtorno do espectro autista ou outro transtorno afetivo com características psicóticas.
O diagnóstico deve considerar diferenças culturais que podem se apresentar como características do transtorno de personalidade. O bom senso no diagnóstico, que é somente clínico, é sempre baseado nas dificuldades do paciente e ou no sofrimento que ele causa às outras pessoas.
Ocorre muitas vezes que pessoas com personalidade esquizoide nunca procurem ajuda, pois elas mais causam sofrimento aos outros que a elas mesmas. Geralmente, a busca por ajuda se dá quando há comorbidade com depressão ou quando a pessoa perde trabalho ou relações pessoais importantes.
Alguns psicanalistas e outros psicólogos alegam que o transtorno se dê ainda na fase uterina da vida, quando o bebê cresce em um ambiente duro (uma mãe preocupada ou infeliz com a gravidez). Há também a ideia de que a timidez na infância seja uma outra causa importante possível.
O fato é que existem poucos estudos sobre o Transtorno da Personalidade Esquizoide. Há pesquisas que sugerem uma hereditariedade para o distúrbio, mas causas genéticas específicas não foram identificadas. Anormalidades anatômicas específicas (lesões localizadas nos lobos cerebrais) e doenças bioquímicas ou associadas a neurotransmissores (sobretudo dopamina) são sugeridas na literatura como tendo um papel no desenvolvimento desse distúrbio; no entanto, estes estudos são ainda puramente especulativos.
Distinguir o Transtorno de Personalidade Esquizoide de outros transtornos requer uma análise criteriosa das características diagnósticas e diferenças específicas entre eles. Entre os transtornos que podem ter mais semelhanças com o Transtorno de Personalidade Esquizoide estão:
A Esquizofrenia e o Transtorno de Personalidade Esquizoide são condições de saúde mental que compartilham algumas semelhanças, como isolamento social e expressão emocional limitada. No entanto, a principal diferença é que a Esquizofrenia envolve sintomas psicóticos, como alucinações e delírios, enquanto o Transtorno de Personalidade Esquizoide não inclui esses sintomas. A Esquizofrenia pode afetar mais áreas da vida e geralmente começa na adolescência ou início da idade adulta, enquanto o Transtorno de Personalidade Esquizoide tende a se manifestar no início da idade adulta. Ambas as condições têm causas e mecanismos distintos, e uma avaliação profissional é importante para um diagnóstico preciso e tratamento adequado.
Embora os pacientes com transtornos de personalidade, em geral, tenham um risco maior de suicídio, abuso de substâncias e depressão, os pacientes com Transtorno de Personalidade Esquizoide sofrem principalmente de falta de interações sociais. Pessoas com esse transtorno de personalidade raramente são violentas. Distúrbios do humor, depressão e transtornos de ansiedade, no entanto, podem ser observados em maior frequência nestas pessoas do que na população em geral. Por isso, é importante reconhecer o problema e tratar, não para a cura, mas para melhorar a qualidade de vida.
Tratamentos medicamentosos podem ser aconselhados por psiquiatras para tratar sintomas associados, como depressão e ansiedade, mas será a psicoterapia ou a psicanálise o que poderá ajudar o paciente a melhorar sua interação social e a vida, através do aprendizado da empatia por exemplo.
Contudo, é improvável que o paciente experimente uma alegria significativa no envolvimento social. Com tratamento adequado, o paciente terá melhores condições de entender a si e a se relacionar com os outros.
Não sendo uma doença não há, a priori, o que ser tratado. Aliás, se a pessoa esquizoide se sentir bem como é (em sua solidão) e não causar danos a outros, no trabalho, na família e nas relações amorosas, tudo bem. Mas é justamente nesta última interação que os problemas poderão ocorrer. Afinal, relacionar-se com alguém, frio, distante e superficial pode ser traumatizante.
Embora pareçam uma pedra de gelo inabalável, alguns especialistas dizem que os esquizóides na verdade são frios por excesso de emoções (e não pela falta delas). Eles teriam aprendido já no útero que o mundo é hostil com eles, e que relacionar-se com os outros é algo muito perigoso.
Como são apenas conjecturas, dado que existem poucos estudos sobre o tema, no caso de estar se relacionando com alguém com características esquizóides, o conselho é não julgar, ter paciência e se perguntar se é capaz de manter uma relação fria.
Todos os vídeos abaixo foram usados como fonte para esse artigo, além dos estudos abaixo descritos. Vale a pena assisti-los pois são os melhores de uma enorme quantidade de vídeos sobre o Transtorno de Personalidade Esquizoide disponíveis no YouTube.
Fontes:
Talvez te interesse ler também:
Os 4 tipos de Transtorno de Personalidade Borderline
6 Necessidades humanas que se não satisfeitas, causam transtornos psicológicos
Personalidade Esquiva: o que é e como reconhecê-la
Categorias: Saúde e bem-estar
ASSINE NOSSA NEWSLETTER