Ginástica olímpica prejudica o crescimento?


Em todas as Olimpíadas, a ginástica olímpica encanta a todos. Nos Jogos Rio 2016, foi a vez de a ginasta dos Estados Unidos Simone Biles encantar o público com a sua técnica e graciosidade.

Ela ganhou quatro medalhas de ouro nestes Jogos, revelando-se como um fenômeno na modalidade esportiva. Mas muita gente se pergunta, principalmente os pais que, encantados com a norte-americana, pensam em colocar seus filhos na ginástica: mas e se eles ficarem baixinhos?

Para entender o mito de que a ginástica atrapalha o crescimento de crianças, uma pesquisa da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da Universidade de São Paulo (USP) foi feita com 51 ginastas de alto nível e com os seus familiares. O estudo revelou que a maioria dos atletas alcançou ou superou a sua estatura esperada.

De acordo com parâmetros genéticos, a pesquisa constatou que 70,58% alcançaram ou ultrapassaram a estatura-alvo. O objetivo da pesquisa era comprovar que a questão genética interfere mais na definição da altura final de uma pessoa. Foram usados um estadiômetro, aparelho de alta precisão para medir a estatura, a coleta de dados de familiares e a aplicação da Fórmula de Tanner (altura do pai mais altura da mãe divididas por dois, menos 6,5 cm = altura da filha) para prever a altura final. Por fim, foi comparada a medida encontrada com a medida esperada.

O professor Raul Alves Ferreira Filho, que desenvolveu a pesquisa e foi técnico de atletas, disse que o mito de que a ginástica atrapalha o crescimento é encontrado na literatura sobre o esporte, mas que é muito forte aqui no Brasil. “Em minha atuação como treinador, tive mais de um caso de pais proibindo a menina de praticar o esporte baseados nesta crença, mesmo quando ela apresentava um grande potencial para se tornar uma atleta de alto nível, que pudesse atuar em competições internacionais e ser convocada para a seleção”.

Nenhum estudo comprova a relação entre a ginástica e problemas de crescimento. O que ocorre é que o fato de as ginastas serem mais baixas favorece a execução dos movimentos típicos da modalidade. Ele menciona o caso da ex-atleta Daiane dos Santos. “Veja por exemplo o caso de Daiane dos Santos, com 1,46 m: é a única ginasta do mundo a executar o duplo twist estendido, que consiste em dois giros no ar com o corpo totalmente estendido para frente. É impossível imaginar uma atleta com 1,80 fazendo isso. Um físico de menor porte atende melhor às exigências da biomecânica para fazer alavancas e vencer a inércia”, explica Alves Ferreira. Está comprovado que atletas mais baixos apresentam melhor desempenho. É o caso de duas irmãs ginastas, uma com 1,60 m e a outra com 1,70 m, que apresentaram diferenças de rendimento, sendo que a mais baixa obteve um desempenho melhor do que a mais alta.

Outra explicação para a baixa estatura das ginastas é que elas menstruam, geralmente, após os 16 anos. “As meninas que ainda não tiveram a menarca não passaram pela fase de maior crescimento, e também possuem quadril estreito, seios ainda não desenvolvidos e pouca gordura corporal, condição que também favorece a execução dos movimentos exigidos”, diz o professor.

Para desfazer de vez o mito de que a ginástica interfere no crescimento, Alvez Ferreira conta o caso da ginasta nota 10 Nadia Comăneci. Quando ela ganhou cinco medalhas de ouro, aos treze anos, media 1,54 m, e hoje ela mede 1,64 m.

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Fonte: usp




Gisella Meneguelli

É doutora em Estudos de Linguagem, já foi professora de português e espanhol, adora ler e escrever, interessa-se pela temática ambiental e, por isso, escreve para o greenMe desde 2015.


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