Criança pode ser vegetariana? Veja prós, contras e dicas


A adoção de uma alimentação saudável deve ser uma premissa em todas as fases da vida, mas é na infância e adolescência que essa preocupação deve ser ainda maior. Muitas doenças crônicas e problemas de saúde, como distúrbios cardiovasculares e diabetes podem surgir na vida adulta, em consequência dos maus hábitos alimentares na infância. Por esse motivo, e em virtude da urgência com a preocupação ambiental e empatia com os animais, muitas pessoas estão aderindo ao vegetarianismo ou veganismo.

Segundo dados do IBOPE (2012), cerca de 8% da população brasileira não come alimentos de origem animal. Porém, muitos pais têm dúvidas se as crianças podem ser vegetarianas. Será que pode?

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e diversas outras entidades médicas, como Academia Americana de Pediatria, a resposta é sim. Criança pode seguir o vegetarianismo, mas com cautela.

No caso da SBP, existe até mesmo o Guia Prático sobre vegetarianismo na infância e adolescência para ajudar os pais que estão pensando em aderir a uma dieta mais restritiva junto com os filhos ou mesmo querem incentivar um desejo que, muitas vezes, é da própria criança.

A cautela em relação à dieta vegetariana deve-se ao fato de que crianças e adolescentes estão em uma das fases mais importantes da vida em termos de crescimento e desenvolvimento e precisam de nutrientes específicos para que fiquem saudáveis. Além disso, elas precisam de alto teor de energia e nutrientes, mas tendem a comer menos – no caso das crianças – já que seus estômagos são menores, o que significa porções menores também. Um dos maiores riscos, nesse caso, é a falta de alguns nutrientes essenciais para o organismo.

Porém, vale lembrar que deficiências nutricionais, como a da Vitamina B12, não ocorrem apenas em dietas restritivas, como a vegetariana. A população onívora – que come de tudo – também sofre baixas de nutrientes, especialmente as crianças. No caso da B12, grande parte da população brasileira tem carência desse nutriente.

De todo modo, a criança que se torna vegetariana precisa de acompanhamento médico para aderir a essa dieta, juntamente com o pediatra e um nutricionista, que vão orientar e montar um cardápio adequado, e indicar suplementações, se necessário.

Prós e contras

Os estudos a respeito das diferenças entre crianças vegetarianas e onívoras ainda são poucos, mas alguns já trazem apontamentos importantes.

Uma pesquisa publicada pelo American Journal of Clinical Nutrinion fez um levantamento comparando os efeitos da alimentação vegana, vegetariana e onívora sobre a saúde de crianças polonesas de 5 a 10 anos. Entre as vantagens das crianças veganas está o fato de que elas tinham melhores índices de risco cardiovascular, como colesterol mais baixo. Porém, eram mais baixas e tinham menos massa óssea. As crianças veganas tendiam a ter menos massa gorda e pesar menos também.

Dicas e nutrientes essenciais

Entre as principais recomendações dos especialistas para as crianças vegetarianas está o fato de que os pais devem sempre oferecer uma boa variedade de alimentos para que as necessidades nutricionais sejam supridas. Vale também ficar de olho em alguns nutrientes específicos, que podem faltar em dietas restritivas.

Por exemplo:

Proteínas

Presentes em abundância nos alimentos de origem animal, elas também podem ser obtidas em leguminosas, como o feijão. Quando misturado ao arroz, o prato é uma combinação ideal, pois fornece todos os aminoácidos essenciais;

Zinco

Essencial para a memória e linguagem, o zinco pode ser encontrado nas castanhas, cereais e grãos integrais;

Vitamina B12

Importante para a formação de células sanguíneas, ela atua sobre o sistema nervoso. Sua falta pode provocar anemia e outras doenças. O cereal matinal, geralmente, tem B12, mas esse talvez seja um nutriente que necessite de suplementação, já que essa vitamina está presente nas carnes, de modo geral;

Cálcio

Essencial para formação dos ossos, é nutriente presente em leites, iogurtes e derivados. Pode ser encontrado em folhas verdes escuras, vegetais, como quiabo, brócolis, couve, soja, nabo ou no tofu (120 gramas de tofu tem a mesma quantidade de cálcio que um copo de leite de vaca). Na dieta infantil, vale fazer suco com as folhas e misturar com frutas docinhas ou mesmo incluir o melado de cana nos alimentos, como purês, para aumentar a ingestão de ferro e cálcio;

Ferro

Essencial para saúde do cérebro, é encontrado no feijão, nas folhas verde escuras e leguminosas. Uma dica legal é combinar com vitamina C para melhor absorção do nutriente. Vale lembrar que crianças até 2 anos, mesmo as onívoras, devem receber suplementação de ferro, já que sua falta provoca deficiências sérias, que prejudicam o desenvolvimento neuropsicomotor e o sistema imunológico;

Ômega 3

Tem importante papel no sistema nervoso e pode ser encontrado nas sementes de chia e linhaça;

Gordura

Sua falta pode comprometer o crescimento e levar à deficiência de ácidos graxos essenciais para o organismo, que ajudam no desenvolvimento e crescimento da retina e cérebro. Esses ácidos podem ser encontrados nos óleos de soja e canola, nas sementes de linhaça e chia.

O ideal para os pais que buscam uma alimentação vegetariana para os filhos é sempre consultar um especialista, antes de adotar a dieta.

Além disso, caso a criança manifeste o desejo de comer alimentos de origem animal é recomendado não proibir. Com ajuda profissional, sensibilidade e paciência as crianças também podem fazer sua parte nas causas ambientais e na promoção de uma alimentação mais saudável.

Fontes:

  1. Saúde Abril
  2. Sociedade Brasileira de Pediatria
  3. BBC
  4. draandreanutrologia.com.br

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Cintia Ferreira

Paulistana formada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro, tem o blog Mamãe me Cria e escreve para greenMe desde 2017.


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