Hepatite grave e misteriosa em crianças. O que sabe até agora?


No último dia 15, a Organização Mundial de Saúde (OMS) emitiu um alerta sobre casos de hepatite em crianças menores de 10 anos.

O Centro Europeu para o Controle e Prevenção de Enfermidades (ECDC) relatou várias ocorrências da doença em diversos países da Europa, como Irlanda, Dinamarca, Holanda e Espanha. Além disso, os Estados Unidos contam com nove casos suspeitos.

Na semana passava contava-se 74 casos registrados. Hoje, tem-se até ao momento, 169 casos registrados em todo o mundo.

O que intriga os estudiosos é que esse é um tipo de hepatite de origem desconhecida. Testes realizados descartaram a ocorrência das hepatites A, B, C, D e E.

Não houve mortes entre as crianças afetadas, mas seis delas precisaram de transplante de fígado. As investigações prosseguem e, embora não se saiba exatamente a origem, os especialistas consideram que, provavelmente, trata-se de um quadro infeccioso, em virtude das características clínicas e epidemiológicas dos casos.

O que se sabe até agora

Segundo Meera Chand, que lidera o departamento de infecciologia da UK Health Security Agency, uma estirpe do adenovírus denominada F41 seria a causa mais provável por trás dos misteriosos casos de hepatite aguda em crianças, de acordo com os dados disponíveis até ao momento.

“A informação reunida pela nossa investigação sugere de forma crescente que o aumento súbito de casos de hepatite está ligado a infeção por adenovírus”, disse Chand à BBC News.

Adenovírus e confinamento

Além da provável alteração genética de uma estirpe de adenovírus, o confinamento imposto pelos governos, ou eventuais sequelas da Covid-19, também teriam desempenhado um papel no desenrolar desse fenômeno.

A hipótese vem da pergunta: por que os casos de hepatite estão acontecendo somente em crianças?

Se for comprovado que os adenovírus são, de fato, a causa dessas hepatites, parte do mistério começa a ser desvendado.

Os adenovírus podem infectar pessoas de qualquer idade, mas a maioria das infecções ocorre em crianças entre 6 meses e 2 anos com sintomas geralmente leves (febre baixa, resfriado, dor de garganta, tosse, diarreia, vômito e dor abdominal).

Infeções por adenovírus são mais frequentes no final do inverno, primavera e início do verão, mas,  como nos últimos dois anos, devido às restrições impostas para conter a pandemia Covid em muitos países, as crianças ficaram isoladas de seus amiguinhos e perderam a oportunidade de contrair doenças virais comuns, habituais e leves. A famosa vacinação natural que serve justamente para aumentar a imunidade das crianças.

A exposição “retardada” a esses vírus pode explicar a gravidade das infecções atuais. Contrair adenovírus fora de seu tempo, diminui a imunidade e deixa as crianças mais suscetíveis a formas graves de infecção. Se o raciocínio parece estranho, pensa no que acontece quando uma pessoa contrai varicela ou sarampo na idade adulta, podendo ter complicações muito mais graves do que quando crianças.

Muito médicos disseram que confinamento era inútil e prejudicial, mas a maioria pediu #fiqueemcasa em nome da ciência. Como ciência não é opinião, em breve saberemos todos os efeitos colaterais dessa pandemia, que estão apenas começando.

O que é hepatite

A hepatite causa inflamação no fígado e pode ser originada de vírus, doenças autoimunes, substâncias tóxicas, uso de medicamentos ou álcool ou mesmo ter causas hereditárias.

Entre os sintomas que vem sendo apresentados nas crianças que estão com o quadro estão a mudança na cor da pele (icterícia) e problemas gastrointestinais, como dor abdominal, diarreia e vômitos.

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Cintia Ferreira

Paulistana formada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro, tem o blog Mamãe me Cria e escreve para greenMe desde 2017.


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