Para as crianças, animais de fazenda não são comida!


Uma nova pesquisa diz que crianças acham que animais de fazenda merecem o mesmo tratamento que animais de estimação.

Essa pesquisa veio a mostrar que as crianças diferem dos adultos em relação à visão que têm dos animais.

Saiba mais sobre como foi esse estudo e a reflexão que podemos tirar dele, com as informações a seguir.

Como foi o estudo

Uma equipe formada por pesquisadores da Universidade Exeter em parceria com a Universidade de Oxford entrevistou 479 pessoas, todas vivendo na Inglaterra e divididas em 3 grupos diferenciados por faixas etárias:

  1. 9 – 11 anos
  2. 18 – 21 anos
  3. 29 – 59 anos

Os pesquisadores perguntaram para os grupos como estes viam, no sentido ético e moral, os animais de fazenda e os animais de estimação?

As crianças de 9-11 anos disseram que os animais de fazenda devem ser tratados da mesma forma que as pessoas e os animais de estimação, e ainda demonstraram rejeição em relação à ideia de comer animais.

Os outros dois grupos tinham visões praticamente idênticas, aceitando que animais de fazenda são criados para consumo e são diferentes dos animais de estimação.

As respostas dos grupos denotam que, em geral, a visão infantil em relação aos animais começa a mudar na adolescência, entre os 11 e os 18 anos, ou seja, as crianças crescem e começam a sofrer a influência dos adultos e da sociedade.

O estudo também apurou que, conforme as pessoas envelhecem, elas vão ficando mais propensas a classificar os animais de fazenda como “comida”, isto quer dizer que o condicionamento social adulto vai ficando mais arraigado.

O resultado desse estudo é uma indicação de que o “especismo” – visão que diferencia algumas espécies como sendo umas mais importantes que outras – é aprendido na passagem para a vida adulta.

Dr. Luke McGuire, pesquisador deste estudo, comentou o resultado dizendo:

“O relacionamento dos humanos com os animais está cheio de padrões éticos duplos.”

“Alguns animais são amados, companheiros domésticos, enquanto outros são mantidos em fazendas industriais para benefício econômico.

“Os julgamentos parecem depender em grande parte da espécie do animal em questão: os cães são nossos amigos, os porcos são comida.”

Para o Dr. Luke McGuire este estudo deixou claro que a “inteligência moral das crianças” é algo valioso.

“Se queremos que as pessoas mudem para dietas mais baseadas em vegetais por razões ambientais, temos que interromper o sistema atual em algum lugar.”

“Por exemplo, se as crianças comerem mais alimentos à base de plantas nas escolas, isso pode estar mais de acordo com seus valores morais e pode reduzir a ‘normalização’ em relação aos valores adultos que identificamos neste estudo.”

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Uma educação mais voltada para a relação com a natureza

Nesse contexto, é oportuno fazer uma ponte com o educador e filósofo Jean-Jacques Rousseau, que disse:

“O homem nasce puro e a sociedade o corrompe.”

Rousseau acreditava que a educação e a formação, precisavam ter como base, a natureza da criança e sua relação com o ambiente natural.

Ele tinha como ideia principal que o ser humano se desenvolve melhor quando está mais próximo e em consonância com a natureza.

O pensamento filosófico e pedagógico de Rousseau é exposto em sua grande obra pedagógica Emílio, ou da Educação.

Nesta obra, ele defende que o retorno à natureza significa  o resgate daquilo que se perdeu com o processo civilizatório e o uso excessivo do intelecto.

Para Rousseau, seria preciso voltar a ouvir a voz da natureza para saber ouvir a própria consciência, e assim resistir à corrupção que impera na sociedade.

No livro, Rousseau disse:

“Observai a natureza e segui o caminho que ela vos indica.

Ela exercita continuamente as crianças; ela enrijece seu temperamento mediante experiências de toda espécie; ela ensina-lhes desde cedo o que é compaixão e dor” (Rousseau, 1995, p. 22).

Criança recusa comer animal

Este vídeo compartilhado no canal Natureza em Forma mostra um exemplo de uma menina de cinco anos chorando porque não quer mais comer carne:

O exemplo deste vídeo abre uma brecha para lembrar da importância de respeitar a natureza da criança, principalmente no que concerne à questão alimentar, pois é comum acontecer da criança não querer comer carne e os pais forçarem ela a comer.

Se realmente fosse respeitada a essência da criança, provavelmente, muitos adultos não se tornariam carnívoros. E a conclusão do estudo anunciado neste conteúdo vem de encontro a isso, portanto, respeitemos a inteligência natural das crianças!

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Deise Aur

Professora, alfabetizadora, formada em História pela Universidade Santa Cecília, tem o blog A Vida nos Fala e escreve para greenMe desde 2017.


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